TEORIA POSITIVA DA ABSTRAÇÃO
ABS =
Para Fora ( Prefixo )
TRAHO, axi, actum, ere = Puxar,
Arrastar, Sacar com força. (Verbo Latino )
I) INTRODUÇÃO:
1) Considerações gerais Sobre
o Aspecto Relativo e subjetivo das Noções positivas
Ao estudar-se a Teoria Científica da Abstração, uma ideia
fundamental precisa estar sempre presente ao leitor, pois sem ela, o conteúdo positivista ou científico não será tão bem assimilado.
Esta ideia fundamental, é a da plena relatividade e subjetividade que o Positivismo estabelece para expressões tais como:
objeto, corpo, coisa, ser, entidade, elemento, substância, estrutura, fenômeno,
acontecimento, processo, evento, fato, propriedade, atributo, componente,
essência, peculiaridade, característica, idiossincrasia, etc.
Mas o que quer dizer exatamente a plena relatividade e subjetividade
destas expressões ?
Em primeiro lugar queremos dizer
que consideramos cada uma destas diversas expressões, acima relacionadas, como
plenamente conversíveis ; ou
seja, podemos tanto considerar um
Ser como um conjunto de fenômenos, quanto considerar vários fenômenos como
representando as manifestações de um dado Ser .
Em segundo lugar, queremos dizer
que a escolha de uma ou de outra destas duas formas de considerar a
realidade, varia em relação a cada questão que temos em vista
solucionar, com os mesmos dados que dispomos.
Enfim, queremos dizer que a incidência específica de cada
escolha particular, em detrimento da outra alternativa, provém do aspecto humano,
que entra em jogo na resolução positiva ou científica do problema, onde estas expressões
figurarem.
Tomemos um exemplo: Nós Somos
Seres diferentes e separados do Planeta Terra?
Respondendo, diremos: se
levarmos em conta que podemos nos mover livremente em Sua superfície; se,
para a natureza do nosso problema específico, torna-se relevante a
circunstância da nossa evolução pessoal poder dar-se com certa independência,
das transformações que se passam em
pontos longínquos do Planeta; se
considerarmos ainda o fato do homem poder sobrevoar em Sua camada gasosa e de
inclusive, já ter visitado outro astro; então, para esta questão,
podemos postular que os homens
sejam Seres diferentes e separados do
Planeta Terra.
Mas tal perspectiva, não é
positivamente desejável para a totalidade dos problemas que a vida nos
apresenta. Com efeito, existem questões cuja
solução positiva é encontrável com mais facilidade ( ou mesmo só pode
ser encontrada), se adotarmos a ideia de
que o homem é uno com seu Planeta; e que os destinos humanos estão
indissoluvelmente ligados aos destinos do Globo.
Aliás, diga-se de passagem, a própria palavra Humano,
veio, em última analise, representar esta forma de considerar a realidade, citada no parágrafo anterior;
visto como HUMUS, não é outra coisa senão TERRA.
Para não falarmos das duas
bombas atômicas; se outro astro, por exemplo, estiver na rota de colisão
com nosso Planeta, de nada adiantará
considerar-se que o homem pode saltar ou
voar. Ele será atingido, em virtude do planeta ter sido atingido.
Compreenda bem: não se trata de uma destas perspectivas
ser, em si mesma, mais
ou ser menos verdadeira; nem retratar mais ou retratar menos
fielmente a realidade exterior que a outra; apenas cada qual está mais
especialmente adaptada a esta ou `aquela questão, segundo nossas exigências
subjetivas de análise ou de síntese*.Mas as duas são igualmente
verdadeiras ao seu modo, e desde que não
consideremos mais a pretendida
forma com que cada uma poderia descrever melhor, e de modo absoluto a realidade.
A única diferença que nos cabe
licitamente considerar, é a do grau de eficiência com que o problema proposto
pode ser resolvido positivamente, isto é, cientificamente com o uso de uma ou de outra destas
duas perspectivas; como nossa
subjetividade precisa optar por uma
das duas; uma será considerada preferencialmente para todos os fins, Afetivos,
Intelectuais e Práticos da Humanidade, mais desejável que a outra, em relação `aquela questão particular; eis como o Positivismo estabelece a posição
geral de uma questão qualquer.
Muitos outros exemplos análogos
poderiam ainda ilustrar o que entendemos como a plena relatividade e
subjetividade dos conceitos enumerados no primeiro parágrafo deste texto, mas o caso que oferecemos, bem
meditado, conduzirá facilmente a reconhecer a plena conversibilidade de
todos estes conceitos.
Um aspecto desta plena
conversibilidade dos conceitos acima enumerados, é a substituição da mentalidade de Causa-e-Efeito
pela mentalidade relacional, no que
concerne à Ciência propriamente dita.
Tudo quanto a inteligência pode obter como resultado de suas operações
interiores é a constatação repetida de
relações de sucessão e de semelhança cuja consideração de que são constantes, nos levam à formulação abstrata das Leis
Naturais que, por sua vez, correspondem a uma descrição generalizada dos
diversos modos de manifestação do Mundo e do Homem.
Em outras palavras o que a Inteligência obtém por mais
que haja, é sempre o “COMO ?” e nunca o
pretendido “POR QUE ?” dos
acontecimentos. Tal modificação na forma geral de compreender o Mundo e o Homem é normalmente
lenta, e só é obtida convenientemente, por intermédio de associações
progressivas com as ideais que mais fácil e espontaneamente o indivíduo já
conseguiu positivar, ao menos no que
concerne ao seu relativismo fundamental.
Exemplo : Não cabe perguntar por que
um corpo cai; constatamos que ele cai; e a verificação repetida deste fato,
dá-nos uma segurança íntima tal, que nos
sentimos confiantes ao afirmar que no
futuro os corpos continuarão apresentando esta mesma característica. Desde os
mais arrojados e inéditos empreendimentos até aos mais simples e cotidianos dos
nosso atos, repousam sempre sobre a crença na existência de uma fixidez
elementar dos acontecimentos. Esta fixidez é o que no Positivismo se chama a
Fatalidade Suprema acrescido das Sete Ciências Básicas formando o Destino.
Nós não devemos afirmar que os
corpos caem por causa da
gravidade; por causa da lei da gravidade; ou por causa da força da gravidade: as ideais de gravidade, de lei da
gravidade e de força da gravidade,
consistem na descrição generalizada da própria queda dos corpos. Dizer que
um corpo cai por causa da força
da gravidade etc., é a mesma coisa que dizer que um corpo cai por causa de
que cai; isto não chega a estar “errado”, pelo menos não no sentido
usual em que se considera que algo seja
logicamente contraditório; tais afirmações apenas não acrescentam
nada à inteligência sobre o comportamento dos corpos em questão:
não é a queda que faz o
corpo cair. O corpo não cai porque tem peso ou massa, não é o peso ou massa que
fazem os corpos caírem. É devido às observações seguidas dos corpos em queda, que nós formulamos
subjetivamente as ideais de Lei da
Gravidade, Força da Gravidade, Energia Cinética, Massa , Peso etc.; se forem
usados para descrever o Mundo, são conceitos positivos, mas tornam-se
metafísicos se forem usados para explicar por que o Mundo manifesta tais atributos.
A ilusão do espírito metafísico
reside, pelo contrário, na suposição de que estaríamos conhecendo algo de novo, ao
recebermos a “informação” de que “o corpo cai por causa da força da
gravidade”.
Os conceitos sobre o Mundo e
sobre o Homem, não são metafísicos em si
mesmos ; é nosso modo de raciocinar sobre eles que os poderá tornar
não só metafísicos, como teológicos ou positivos.
(*) Vale dizer (como adiante
veremos), segundo a preponderância da atividade do órgão cerebral da
contemplação abstrata ou do órgão cerebral da
contemplação concreta.
Um único e mesmo dado novo, que fosse simultaneamente apresentado à três indivíduos, cada um dos quais raciocinando segundo um destes três modos de compreensão do Mundo e do Homem, seria convertido, por um, numa concepção Fictícia (Teológica ou Fetichista); por outro, numa concepção metafísica, e pelo terceiro, numa concepção positiva ou científica; em outras palavras, o primeiro explicaria tal fato como o efeito da vontade do próprio ser e da vontade Divina isto é, de Deus, respectivamente; o segundo , consideraria este mesmo fato, como um efeito de forças, fluidos, energias etc.; enfim, o terceiro consideraria somente o fato e apenas o fato; num esforço único de conhecer a Lei Natural que lhe é peculiar, e, onde tal fato poderia ser melhor enquadrado na Escala Enciclopédica (Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia, Sociologia Positiva e a Moral Positiva) .
Um único e mesmo dado novo, que fosse simultaneamente apresentado à três indivíduos, cada um dos quais raciocinando segundo um destes três modos de compreensão do Mundo e do Homem, seria convertido, por um, numa concepção Fictícia (Teológica ou Fetichista); por outro, numa concepção metafísica, e pelo terceiro, numa concepção positiva ou científica; em outras palavras, o primeiro explicaria tal fato como o efeito da vontade do próprio ser e da vontade Divina isto é, de Deus, respectivamente; o segundo , consideraria este mesmo fato, como um efeito de forças, fluidos, energias etc.; enfim, o terceiro consideraria somente o fato e apenas o fato; num esforço único de conhecer a Lei Natural que lhe é peculiar, e, onde tal fato poderia ser melhor enquadrado na Escala Enciclopédica (Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia, Sociologia Positiva e a Moral Positiva) .
O Positivismo não se propõe a explicar os fatos
: sabemos que o que a inteligência faz, e as conclusões a que ela chega são apenas o elaborado reflexo subjetivo destes mesmos
fatos; dizer que as concepções que formulamos
sobre os fatos, serviriam para os explicar, é mais ou menos, como dizer que a imagem que
o espelho reflete serviria para explicar o fenômeno que a sua superfície
reflete.
Não se trata como muitos mal
curados metafísicos (Stuart Mill, Littré, Wirouboff, etc.) disseram: que esta
causa, ou esta essência tenham sido por Augusto Comte descartadas de suas considerações filosóficas por estarem além
da nossa compreensão e acima de nossas forças; raciocinar assim seria ainda
raciocinar em termos de causa , efeito e
essência.
A questão não é que nós não saibamos, propriamente o que as coisas são, e quais são as suas causas; trata-se a positividade de um modo de raciocinar no qual simplesmente não se precisa servir de tais conceitos, senão de um modo que lhe é todo peculiar, e comum outro objetivo , que não é o de explicar o Mundo e o Homem. A sensação que se obtém ao nos libertarmos da metafísica e entrarmos em plena posse do estado Positivo não é a sensação de ignorância, como se tivéssemos que renunciar a um conhecimento novo, porém inacessível; o que percebemos é que no modo de raciocinar absoluto, quer Fictício ( fetichista e teológico) quer metafísico, as questões apresentadas em termos de causa, efeito e essência não nos acrescentam nada à nossa inteligência em matéria de novos conhecimentos, sobre o Mundo ou sobre o Homem.
É com esta percepção que se pode abandonar verdadeiramente a metafísica,
e não, continuando a raciocinar em
termos de causa, efeito e essência,
apenas suspirando de resignação
por se imaginar que um
suposto conhecimento estaria eternamente
além do nosso alcance.
Não se pode compreender bem este
arrazoado senão na medida em que nós já o houvermos vivido
em um mínimo grau; e todos nós já passamos por esta experiência, pela simples
razão de que antes de termos recebido a
metafísica, e o fetichismo e a teologia dos adultos,
nós já raciocinávamos sobre o mundo e sobre o homem, segundo uma perspectiva
que é, no fundo, a mais próxima do estado final do entendimento.
Assim, é de grande auxílio em
nosso trabalho contínuo e progressivo de positivação, evocarmos
as recordações desta época de nossas vidas,
onde inauguramos nossas primeiras tentativas de compreensão da realidade, tentativas estas aliás, realizadas
de um modo incomparável com qualquer outra fase de nossa
evolução individual.
Não há dúvida de que estas evocações da infância não devem absorver o conjunto da nossa atividade prática: a Filosofia Positiva nos convida a viver para outrem, não para ontem. Tais exercícios só devem fazer
parte de nossa vida na qualidade de um
meio com o qual nós nos haveremos de
aperfeiçoar mais e mais; e não podemos
esquecer nunca que o grau de aperfeiçoamento é aquilatado precisamente
pela maior disponibilidade de
vivermos para outrem. Não é dar seu patrimônio para os outros.
Outro fato digno de nota que
verificamos quando passamos do estado metafísico ao positivo, é a imensa compreensão e admiração pelos esforços, que nos foram legados pelos demais filósofos. Por menos que
possamos comungar intelectualmente com
as suas opiniões, a comunhão afetiva com seus esforços torna
mais intima a nossa ligação com
eles, do que se deles nos tornássemos seus
mais ortodoxos adeptos .
Uma
vez que se tenha compreendido profundamente que as respostas causais (os
porquês ) não acrescentam nada em
matéria de novos conhecimentos dos
corpos, sendo apenas uma forma de caracterizar seu próprio modo de ser espontâneo
tal como a observação já nos havia diretamente
revelado. O espírito geral de nossa filosofia contudo, é o de sempre
conservar melhorando; assim, esta
transformação nos hábitos de raciocinar
não deve corresponder `a universal excomunhão da palavra porque do nosso vocabulário; uma vez que isto constitua nosso
modo habitual de raciocinar, tornamo-nos
então, e só então, aptos para iniciar o reaproveitamento doravante
subjetivo do porque; aplicando-o fetichicamente
como representando a vontade peculiares aos corpos quaisquer: com
efeito, um modo mais elegante, mais
maduro de dizer que “o corpo cai, por
causa de que cai”, é dizer que o corpo cai,
porque quer cair.
Esta modificação do entendimento humano não se limita a exemplos de natureza física; ela é extensiva a todos os degraus da escada enciclopédica - desde a Matemática até a Moral Positiva.
Quando
dizemos “que tudo é relativo,
e que este é o único princípio absoluto”, não estamos com isto querendo dizer
que tudo possa ser indistintamente certo ou errado; relativismo não é sinônimo
de ambiguidade ou de indefinição; dizer que tudo é relativo, também não é dizer que tudo é possível.
Tudo quanto queremos dizer com isto, é que os acontecimentos estão relacionados uns com
os outros e todos conosco. Em outras palavras, dizemos que como tudo está relacionado com tudo, esta
proposição torna-se a única que não esta relacionada a nada; pois se
estivesse relacionada com algo; o
“ tudo” de que ela trata, já não seria tudo, mas apenas parte de um
todo. Relativo é, portanto, sinônimo
de relacional .
O processo de relativizar quaisquer
dos nossos conceitos recebeu extraordinário desenvolvimento primeiramente com Copérnico,
astrônomo polonês; e depois, com Galileu, astrônomo italiano, fundador da
física e continuador das ideais de Copérnico contra as de Ptolomeu; estas
ultimas usadas pelos doutores da Igreja, que faziam da Terra o centro do Universo.
Com efeito, a compreensão de que, na questão do
movimento, tudo consiste em estabelecer
um referencial considerado fixo, e manter este referencial, ao longo de
toda a descrição do movimento correspondente, foi o que marcou nitidamente a
separação, que em breve se tornou
progressiva do espirito
teológico, em relação ao espirito positivo, então emergente.
É muito comum ouvir-se que
Galileu disse: “ Não é a Terra mas sim
o Sol o centro do sistema
planetário”; decorrendo desta sua
proposição toda a antipatia
do Clero Católico de sua época. Mas,
a questão foi além disto, na realidade bem mais profunda: não se
tratou tanto de um novo fato que viesse chocar
algum item do Dogma Católico,
muito embora o tivesse feito; o que Galileu realmente induziu, instituindo
desta forma um novo modo de raciocinar, abrindo uma nova dimensão para o
entendimento humano foi que, tanto faz
tomar o Sol, a Terra , ou qualquer outro ponto do Universo, como
constituindo um referencial de fixidez, os resultados da descrição dos
movimentos destes corpos, serão
sempre equivalentes, uns aos outros,
contanto que não se mude, para cada caso
considerado, o referencial que inicialmente se adotou.
A escolha propriamente dita, do referencial, é puramente
subjetiva, visto que como qualquer uma
destas escolhas é capas de descrever a realidade do movimento dos astros com o
mesmo grau de coerência interna, regidas pelas mesmas leis da astronomia. O que
o Clero percebeu com profunda e lúcida clarividência, foram as mais remotas consequências
deste novo modo de raciocínio, aplicado diretamente sobre a Divindade, visto
como a relativização do movimento, conduz
necessariamente a substituição da noção de causa e efeito
pela noção de relação ( Lei Natural), em tudo quanto esta primeira noção dependa do movimento.
Se Deus, que é a própria personificação do absoluto fosse
considerado relativo, tornar-se-ia ipso facto contraditório em si
mesmo, e, deste modo, o dogma teológico se ruiria, a começar por sua própria base,
desmoronando todo o seu edifício sem excetuar seus próprios
princípios morais, que , mais longínquos e mais frágeis ficariam mais diretamente expostos aos sofismas de um egoísmo cada
vez mais refratário à qualquer disciplina. Isto aconteceu, e cada vez
mais vem acontecendo na pratica. A
teologia esfarelando-se com o tempo, vem provocando desta forma, mais e mais
destes farelos, que são as diversas seitas protestantes.
Uma outra característica do
espirito positivo, é a compreensão de que
toda definição é no fundo tautológica (uma repetição em outros
termos daquilo mesmo que queríamos definir), de modo que tudo quanto
conhecemos são as nossas experiências subjetivas e que nenhuma palavra é
efetivamente capaz de substituir;
conquanto sirva-nos para evocá-las a nós
mesmos e no ato da comunicação. A demonstração deste princípio é na realidade
bem simples: Basta-nos considerar um Dicionári
: uma palavra é sempre definida (quando não diretamente pela experiência
sensível ) por meio de outras palavras; ora, o número de palavras com que a
Humanidade se serve para se comunicar embora seja crescente, é necessariamente finito; como de
resto todas as suas produções. Assim o resultado final de uma definição
qualquer, será sempre uma proposição na forma de um derradeiro dualismo,
expresso como o que se segue : a é b .
Sendo o a representado pela
palavra que queríamos definir, e o b, representado por todas as demais palavras do
conjunto de todos os dicionários, de todos os tempos e lugares
Como não há nada
além de a
e b, tanto faz
definir a como
b e b
como a
estaremos sempre dizendo apenas que a é a e b
é b.
E
como definir é dizer o que uma coisa é; e dizer o que uma coisa é, para os
metafísicos, pelo menos, significa supostamente conhecer a essência de que o
Ser é constituído; segue-se que todas as
tentativas de estabelecer um conhecimento essencial, não é capaz de nos informar
sobre nada de novo, a respeito dos
corpos; por mais que façamos, só podemos nos "informar", que um Ser é
o que é, isto é, ele mesmo; como alias,
já "sabíamos".
Pelo reconhecimento geral da
validade deste raciocínio, fica então estabelecido no domínio das nossas
quaisquer definições, um profundo espírito de relativismo, transformando o
caráter geral das definições, de Objetivas em Subjetivas, tornando-as de
essenciais em relacionais.
As nossa definições, por mais
bem elaboradas que possam ser, apenas
nos serão capazes de dar o
conhecimento das relações que unem o Homem ao Mundo e o Mundo ao Homem; elas
não explicam os acontecimentos, apenas o descrevem tal como são para nós.
Vejamos agora, como se dá
operação da conversão de um a outro destes dois modos de raciocinar:
Em primeiro lugar, esta conversão é tudo menos
instantânea: certas noções tornam-se, conforme a natureza de cada indivíduo, mais ou menos
facilmente transformáveis; havendo necessidade vital, sobretudo para nós que
fomos educados no absoluto, de um contínuo exercício de aplicação dos
princípios acima descritos às nossa noções quaisquer, com um particular esmero
principalmente quanto àquelas que mais diretamente se ligam ao nosso egoísmo, que são, não só as mais
difíceis de relativizar, como ainda as que mais
oferecem obstáculos à relativização das nossas outras noções.
Em segundo lugar, o pleno advento da não-causalidade e da não-essencialidade é, por assim dizer, preparado
por uma consideração de caráter
transitório. Tal consideração transitória possui a característica
de, ao mesmo tempo em que não chega a
eliminar a noção de causa, efeito e essência, prepara o conjunto da nossa subjetividade
(Sentimento, Inteligência e Caráter),
para esta mutação evolutiva, através da vida prática. Trata-se agora pois, de
uma consideração de ordem essencialmente prática, assim como as considerações
ilustradas pelos exemplos anteriores de Galileu e do Dicionário, foram de
um caráter mais diretamente intelectual. O espirito
prático encontra-se em permanente necessidade de deter suas especulações,
mesmo quando justas, sempre que este acréscimo ameaça tornar-se ocioso, não
correspondendo de fato a nenhum incremento
sensível de eficiência em suas operações. Assim, as ideais de
causalidade e de essencialidade são, pelo espírito prático, detidas, contidas
espontaneamente, para que a resposta de um por
que não implique na prática,
em restabelecer-se a questão
mediante um novo por que, acarretando Dúvidas em cima de dúvidas. O mesmo tipo de
raciocínio aplica-se à pergunta - O que
é ? - correspondente à essencialidade. Estas considerações de ordem
prática não chegam, bem entendido,
a transformar plenamente a forma de raciocinar teológica e
metafísica, na forma de raciocinar positiva, mas são como que a antecâmara da
positividade; elas possuem a
vantagem de oferecer um esboço de consciência e de disciplina, aplicáveis desde já mesmo para
aqueles cuja a inteligência ainda se encontra mergulhada no absoluto. Esta consciência e esta disciplina são oriundas da aceitação da finitude
necessária das nossas concepções e sua meditação continua impõe em breve uma
grande questão teórica, cuja plena
resolução nós sentimos que, vai sendo
gradativamente adquirida, somente na medida em que algumas de nossas noções já começaram a mobilizar-se rumo a sua
transmutação final.
Em terceiro lugar, vem as considerações de
caráter diretamente afetivo,
revelando-nos agora a ligação que existe
entre as noções absolutas de causa, efeito
e essência, aos instintos
egoístas; bem como a ligação íntima
das noções relativas de não-causalidade e de não-essencialidade com os instintos
altruístas.
Até o advento do Positivismo
Sistemático, tais questões vinham sendo abordadas sob a influência direta da mentalidade e da sentimentalidade absoluta
( teológico-metafísica), que fazia-nos
crer na possibilidade de um conhecimento do mundo exterior independente
das peculiaridades afetivas , intelectuais e práticas da nossa própria
natureza; ou ainda mesmo, na crença de que tais
peculiaridades seriam os instrumentos por excelência de revelação da realidade. Buscava-se assim um
conhecimento da realidade tal como
ela é ; ao invés de um conhecimento da realidade tal como ela
é para nós .Mas também é preciso não esquecer que este relativismo
embrionário sempre foi mais ou menos
pressentido, faltando apenas a
coordenação explícita e generalizada destas sábias intuições espontâneas.
As filosofias anteriores ao
Positivismo, tendiam, por assim dizer, a isolar os conceitos que enumeramos no
primeiro parágrafo, e cuja
conversibilidade só Augusto Comte instituiu de modo completo ; não é pois
errado dizer que os únicos livros onde pode ser encontrada a ciência em seu estado plenamente
Positivo, são as suas obras; em todas as demais
haveremos de nos deparar, aqui e ali, com componentes metafísicos mais ou menos presentes e intensos.
Embora à primeira vista estas considerações pareçam tornar mais nebulosos os nossos
dilemas morais, as nossas questões teóricas, e as nossas resoluções práticas;
uma análise mais minuciosa percebe logo suas imensas vantagens de todo gênero :
Em primeiro lugar, este pleno
relativismo evidência diretamente o papel necessário que as emoções humanas desempenham não só na
resolução de nossos problemas quaisquer,
como na sua própria formulação; minimizando assim os graves riscos a que, de
outra forma, ficaríamos expostos na medida em que passássemos a imaginar que a
inteligência, sozinha, sem a influência afetiva, pudesse dar conta de todos os seus problemas.
Uma vez que
se torna cabal esta participação
afetiva, o próximo passo, que logo se segue, sob pena de um profundo desarranjo
do conjunto de nossa subjetividade, é a descoberta da natureza das afeições que, uma vez
preponderadas, melhor prestam-se `a clarificação e resolução das nossas
questões. Vemos então, que o Amor é sempre a chave mestra para a obtenção
destas respostas; e que a própria ideia
de que a inteligência funciona isolada não foi nunca senão no
fundo, um sofisma inspirado, sustentado e desenvolvido diretamente pelos
sentimentos egoístas.
Exemplo : “ Amigos, amigos;
negócios à parte” ; “Eu sou um profissionallllll !, deixei o
sentimento em casa” . Deixou provavelmente o Altruísmo em casa, mas trouxe um
grau elevado de egoísmo, para efetuar o trabalho.
Em segundo lugar, a inteligência mesma, torna-se diretamente estimulada, pois abrindo mão do conhecimento absoluto, ela reconhece o seu próprio modo de operação, devotando coincidentemente todas as suas forças à resolução do que corresponde de fato à missão subjetiva de seu trabalho espontâneo .
Enfim, o Caráter, que talvez pudesse ressentir-se dessa interposição filosófica
tão questionante da realidade, solicitando desta forma uma sobre excitação da prudência, ( com
consequente implemento de perplexidade)
recebe, pelo contrario, do relativismo e
do subjetivismo positivo, um poderoso impulso; graças à profunda comunhão que o homem passa a
adquirir com tudo que o cerca: se o
conhecimento não é senão a relação recíproca estabelecida entre o mundo e eu ; então, quanto
mais intensa e vasta puder
tornar-se esta relação, maiores
serão as possibilidades efetivas de
conhecê-lo e consequentemente mais fácil e
sistemática poderá tornar-se a minha Ação.
Eis como Augusto Comte sintetiza
tudo quanto viemos expondo nesta
introdução :
“ Subordinar o Progresso à Ordem, a
Análise à Síntese, e o Egoísmo ao Altruísmo; tais são os três enunciados,
prático, teórico e moral, do problema humano, cuja solução deve constituir uma
unidade completa e estável, respectivamente própria aos três elementos de nossa
natureza. Estes três modos distintos de pôr uma mesma questão, não são somente
conexos, mas equivalentes, visto a dependência mútua entre a atividade, a
inteligência e o sentimento. Apesar de sua coincidência necessária, o último
enunciado sobre passa os dois outros, como sendo o único relativo à fonte
direta da comum solução. Pois, a Ordem pressupõe o Amor, e a
Síntese não pode resultar senão da
Simpatia: a unidade teórica e a unidade
prática são, pois, impossíveis sem a unidade moral; assim, a religião é tão
superior à filosofia quanto à política. O problema humano pode finalmente
se reduzir a constituir a harmonia afetiva, desenvolvendo o altruísmo e
comprimindo o egoísmo: desde então, o
aperfeiçoamento se subordina à Conservação ( Ordem) e o Espírito de Detalhe (
Analítico) ao Gênio de Conjunto
(Sintético) ” . Augusto Comte - Síntese Subjetiva – pag. 1.
2) Conceitos Fundamentais.
O SER CONCRETO OU CORPO CONCRETO É O RESULTADO DE UM
ARTIFICIO LÓGICO, POR MEIO DO QUAL
SIMPLIFICAM-SE AS OPERAÇÕES INTELECTUAIS, INCLUINDO AS OPERAÇÕES DE LINGUAGENS
(CÓDIGO) DAS COMUNICAÇÕES TRANSMITIDAS, DECORRENTES DAS RESULTANTES DESTAS OPERAÇÕES INTELECTUAIS.
Primeiramente
deparamo-nos com as Sensações;
tudo quanto a inteligência (entendimento) precisar considerar, por qualquer
razão, como além destas sensações; este incremento necessitará ser compreendido
pela inteligência, como uma elaboração de nossa subjetividade; considerando a
existência Objetiva de uma Realidade Exterior, como um postulado teórico
(fundamento teórico), plenamente válido e certo, mas ainda assim, um simples
postulado teórico; que se destina a auxiliar
as nossas elaborações Afetivas, Intelectuais e Práticas.
Do
contrário, recairemos ou no Materialismo (1), isto é, no excesso
de Objetivismo ;ou, então, caímos no
excesso de Subjetividade quer seja no Solipsismo do Tipo Górgias (2)
, quer ainda nas Filosofias do Bispo George Berkeley e de seus discípulos (3).
(1) O Materialismo - É uma pretendida Síntese Objetiva, que tomando por
ponto de partida a noção de Ser, ao Invés da de
Sensações, tende a substancializar de modo absoluto
os Atributos, considerando-os, sob forma
Concreta, como Seres ou Corpos Concretos.
- O
pensamento é uma coisa que está dentro do cérebro
- A
vida é uma coisa
que esta dentro do Organismo
- A
energia é uma coisa que esta dentro dos
Corpos
Em síntese, podemos
dizer que o Materialismo é uma das expressões filosóficas do coisismo , isto é, da tendência de
considerar preferencialmente os atributos
como Seres
Concretos , supondo que esta tendência
corresponda de fato a uma apreciação mais correta, mais
autêntica, mais genuína e mais
verdadeira da realidade exterior.
Fato digno de nota é que o Espiritualismo é um tipo refinado de Materialismo, haja visto como a alma , como entidade espiritual , queiram ou não os que nela creem , é sempre vista como um tipo de corpo; pelo simples fato de ser concebida como um Ser.
(2) O
Solipsismo do Tipo GÓRGIAS : Górgias, viveu a
aproximadamente ? 6 Séculos aC , na Grécia
,tomou por ponto de partida as
Sensações; ele não efetuou contudo, a inferência necessária, por meio da qual, passamos a representar as Sensações, como provenientes de um Ser Hipotético, sempre quando isto nos for positivamente
mais conveniente; assim sendo, Górgias considerava que todo o Mundo era uma imensa alucinação dele - a
Alucinação de Górgias. Pois tudo que é
dado saber com segurança existir de fato, são as Sensações.
(3) Filosofia
do Bispo George Berkeley e seus Discípulos ; Segundo o Bispo Berkeley,
que viveu no Século XVIII, a
Matéria é um dos conceitos mais
danosos ao Homem, pois afasta-o de
Deus; com tal pensamento, procurou
construir uma filosofia, na qual a noção de Matéria fosse
dispensável à existência Humana e
à compreensão dos acontecimentos.
Postulou que a matéria não existe, sendo o que chamamos de Mundo Exterior é apenas
uma ilusão, produzida diretamente
por Deus, em cada alma, de modo que os
únicos Seres de fato existentes, são Deus , as Almas dos Homens e
os Anjos (bons e maus)
Estas duas
Filosofias (2 e 3) estão, num certo sentido , mais próximas da perspectiva
Positiva, pois partem como nós positivistas da Noção de Sensação, como elemento
fundamental da Construção Filosófica . Considerados do ponto de vista da coerência interna, cada uma destas duas
Filosofias (2 e 3) oferece respostas
plausíveis e não contraditórias consigo mesmas.
A escolha da
Síntese Positiva (Síntese Subjetiva ou
Subjetivismo Positivo) em lugar destas duas últimas (2 e 3), é uma prova muito importante e elucidativa
de como o AMOR é um elemento de caráter decisório, para a
resolução de uma questão aparentemente tão
desvinculada de qualquer implicação emocional.
Com efeito, se os inconvenientes intelectuais
tornam-se facilmente superáveis em cada um destes dois casos (2 e 3), os
inconvenientes morais positivos que tais doutrinas encerram, foram de tal modo
flagrantes, que jamais estas filosofias obtiveram um número expressivo de
adeptos, tendo sempre que contar com uma ferrenha Oposição Universal.
Com relação à Górgias, os inconvenientes Morais de
seus pensamentos residem sobretudo no fato de que , se
só EU Existo, e tudo o que me cerca
não passa de minha alucinação pessoal, ficará sempre ao critério dos meus caprichos, modificar tais alucinações , ao meu bel prazer, com a
certeza, de que não estarei de fato destruindo nada. ( Lógica Intelectual
OK , mas Lógica Moral Negativa) - Isto está bem de perto do que
conhecemos hoje, como o “brain-storming Neo-Liberalista”.
Com relação ao Bispo Berkeley, os
inconvenientes acima citados, no caso de
Górgias, valem também para sua filosofia; acrescidos ainda de que Deus , que é
considerado por todos os teólogos
a Verdade Suprema, apareceria ai, como o Supremo Mentiroso, uma vez
que levou todas as pessoas, a
crer na existência objetiva
de um Mundo Exterior Ilusório.
Quanto ao Materialismo, em suas diversas modalidades ( do materialismo Matemático
até o materialismo Sociológico *) -
Verificamos um inconveniente seríssimo, que é a presunção de que um
elemento absoluto da realidade exterior, independentemente das
relações que esta realidade estabeleça
para com o sujeito possa servir como
meio geral de explicação do mundo e do homem; um outro inconveniente
estritamente relacionado a este, é a noção de que a unidade Humana, se
estabeleceria por intermédio de um conceito Objetivo ou seja relativo ao mundo exterior: A Matéria. A consequência disto ,é
que o Homem se torna, além dos justos
limites, subordinado `a Matéria**. A Unidade Humana, pelo contrário, é obtida
por intermédio do predomínio da Ideia de Humanidade que, uma vez estabelecida, permite formar, no devido grau, o laço que une cada pessoa
humana `a Terra e ao Espaço***
Embora o
Materialismo não seja
necessariamente concebido com esta finalidade egoística, torna-se ele
muitas vezes a Doutrina que fornece o respaldo para que estes instintos Egoístas, sobretudo de posse , realizem um verdadeiro Culto Egoístico
`a Matéria - como
o Culto
Egoístico, por exemplo ao Dinheiro e aos bens materiais ( Capitalismo ).
Cumpre lembrar que o
Culto `a Matéria persiste na Síntese Subjetiva, mas com enfoque Altruísta, sob a noção de Culto ao Gran Fetiche - a Terra - que é a
base da qual emana o Império Biocrático e também do
Culto aos astros, animais e plantas. Haeckel ao ler as obras de Augusto Comte ,
criou a palavra Ecologia, tão em moda
hoje em dia. Faltando-nos apenas hoje,
procurar atingir o que se poderia chamar
de Ecolatria
(Culto) e de Ecocracia (Regímen)
,componentes implícitos da Sociolatria
e da Sociocracia, respectivamente.
(*) por exemplo o Marxismo é um Materialismo Sociológico; (**) o pensamento
dos economistas constitui, via de regra, a expressão desta tendência, mesmo quando chegam a
entrever o aspecto afetivo das sociedades. (***) Vide na pagina 31, explicação
para este termo.
Pelo que vimos, devemos considerar plenamente lícita e
desejável sob todos os aspectos, a inferência por meio da qual passa-se a considerar
as Sensações, como manifestações de um Ser Hipotético, sempre que pressentirmos
que esta consideração nos traga maior
facilidade em resolver
positivamente nossas questões ; e nunca nos esquecendo da natureza subjetiva
desta Operação. Só quando se tenha estabelecido firmemente em nosso interior,
tal relativismo e subjetivismo, é que
podemos passar a compreender o Mundo e o Homem, sob o
ponto de vista Positivo.
Esta
é uma das razões pelas quais
a Doutrina Positivista é denominada
Síntese Subjetiva
Ser
Concreto ou Ser Real ou Corpo
Concreto ou Corpo Real, é uma Suposição, ( o que se acredita ser uma realidade objetiva)
ou Inferência (raciocínio, ou operação Cerebral elementar e espontânea), que o
Encéfalo formula através das Sensações, baseadas nos oitos Sentidos ( Paladar,
Olfato, Tato, Audição, Visão, Musculação, Calorição e Eletrição), interferindo
na Inteligência, que vai frequentemente elaborando conforme a sua experiência ou vivência ; e ao mesmo tempo
vai coordenando as Sensações e Grupos de
Sensações , progressivamente registradas, formando a Ideia ou Concepção, oriundas
das Imagens ou Informações Objetivas do
Exterior.
Os
Seres ou Corpos Concretos ou Reais e seus conjuntos de Acontecimentos
ou Atributos
( ou propriedades, ou características
, ou especificações e os fenômenos etc.), que os caracterizam,
nos levam naturalmente, num estudo sistemático a separá-los.
Este
estudo das Propriedades dos Seres Concretos ou Corpos Concretos, no
Aspecto Estático ou no Aspecto Dinâmico, nas condições especificas ou
generalizadas, é que nos leva a formar o que se denomina Abstração. Assim a coordenação destes Acontecimentos ou Atributos, independente dos Seres, isto é, já
separados das suas sedes respectivas, constitui o Funcionamento Operacional
da Abstração .
O
Conjunto dos Seres Concretos ou Corpos Concretos, formam o Mundo . O Conjunto
das 18 funções do Cérebro -(Psíquico ou Moral ) forma a Alma do Homem, que em conjunto com o Soma (corpo) ,
forma o Homem.
Generalizando a Instituição Mecânica onde a Estática representa
o equilíbrio - a existência - e a
Dinâmica representa o movimento; podemos conceber a mesma idéia
de equilíbrio e de movimento extensiva a todo o domínio enciclopédico. Estático quer dizer
, na concepção Positiva, o arranjo, a estrutura, a sistematização de elementos coexistentes,
independente de qualquer ideia de
movimento. Na apreciação Estática de uma classe qualquer de atributo,
conhecemos apenas a ordem , a maneira
pela qual o atributo é observado, independente
do seu deslocamento espaço-temporal.
O Estudo
Sistemático da Abstração,
compreende Duas Partes, como pode ser visto no quadro II - Estudo Sistemático da Abstração.
A Primeira Parte(A)
é a da Anatomia e Estrutura, ou Aspecto Estático da Abstração, onde
estudamos a localização dos Órgãos ou
Funções e suas interligações - Órgãos dos Sentidos, Nervos, Gânglios Cerebrais,
Cérebro, Cerebelo e o Soma. Como a localização destes Órgãos não é
perfeitamente visível, dependemos de estudos mais profundos de natureza
subjetiva para a elaboração da Teoria Cerebral.
O Positivismo utilizou-se de
Métodos Subjetivos ,
baseados na lógica e nas informações
colhidas principalmente da sociologia, associadas às informações da anatomia. Hoje
em dia os cientistas estão muito
preocupados e dando somente muita atenção, à constantes fatos
soltos, colecionados pelas observações empíricas. Embora estas
observações estejam de fato progressivamente submetidas à condições precisas de investigação laboratorial e mesmo
tendam já a um certo grau de coordenação
lógica, carecem ainda de uma suficiente interpretação filosófica, capaz de
as ligar ao conjunto do edifício
enciclopédico.
A Segunda Parte(B) é a
Parte Fisiológica ou Aspecto Dinâmico da Abstração, isto é; o Estudo do Funcionamento Subjetivo
dos Órgãos por intermédio da
manifestação de suas correspondentes
Funções.
Esta Segunda Parte está dividida em duas Secções :
A Primeira Secção (A), indica o
Funcionamento Operacional da Abstração, isto
é, a Dinâmica Operacional da
Abstração.
A Segunda
Secção (B), apresenta o
Funcionamento do Desenvolvimento,
isto é, o Aspecto Dinâmico Evolutivo da Abstração
Humana.
Vamos nos deter
em maiores detalhes na Segunda Parte(B); e vamos deixar para o final a
Primeira Parte (A).
# Segunda Parte(B) - Primeira Secção(A) - Dinâmica Operacional da Abstração
A Dinâmica Operacional da Abstração se processa diretamente em três Órgãos Distintos: - Na Inteligência (1) (Contemplação, Meditação e Expressão), onde se registra a Imagem ; onde surgem as Ideias, que redundam no Pensamento; que influenciado pelos Sentimentos (2) ( Egoístas e Altruístas) e regulado pelo Caráter (3) ( Coragem, Prudência e Firmeza), define a resultante da Ação ou Execução, que é, codificado pelo Órgão da Inteligência chamado Expressão, que transmite ao exterior o seu estado Interior de Sentimento, Pensamento e Projetos.
Abstrair é efetuar uma Operação Cerebral de
separação das propriedades de cada Ser Concreto ou Corpo Concreto; e de reunião destas propriedades às propriedades semelhantes de outros Seres, ou
Corpos Concretos fazendo de cada uma destas propriedades, um novo Ser ou Corpo
à parte, que chamamos de Corpos ou Seres Fictícios ou Abstratos ou ainda de
Fantasmas (alguns filósofos chamam de
Existência), e que isoladamente se estuda. A palavra fictícia, significa
aqui, algo útil, que teve origem em uma
fonte de trabalho do cérebro. Devendo ser Real ou Utópica e não quimérica.
Esta
Operação de Abstrair é a condição
fundamental para que possamos efetuar qualquer estudo teórico ou prático de
Procura ou Busca ou Pesquisa, para podermos descobrir as Leis Naturais que
colecionadas pelas sucessões e semelhanças
dos atributos tratados, vão, passo a passo, construindo o edifício científico
correspondente. Eis como entendemos as Ciências .
Quando se estuda a Política
Positiva de Augusto Comte - a palavra doutrina, não expressa só a Doutrina
Positiva ( Culto, Dogma e Regime), mas
também um elemento do binômio, que ela
forma com a palavra Método. Nesta última significação a palavra doutrina corresponde `as Leis
Naturais que compõem as Ciências. O Método é a
modalidade de raciocínio, pela qual se pode chegar `a conclusão
destas Leis Naturais. A Aplicação do Método a um Atributo cuja Lei se
deseja conhecer, é dito Pesquisa ,ou Busca, ou
Procura.
Estas Propriedades ou atributos, podem ser consideradas como as
diversas manifestações dos Seres ou Corpos Concretos ; e, nesta
significação, são os Seres ou Corpos Concretos em ação, também conhecido
como Fenômeno, isto é , provocados
nestes Seres ou Corpos Concretos, devido aos seus atributos.
Neste
trabalho tivemos o cuidado de adaptar nossas expressões `a linguagem corrente, de modo a não oferecer palavras com uma significação diferente das usuais que
o leitor está espontaneamente acostumado a usar . É assim que
preferimos não utilizar as expressões
fenômeno e atributo, como sinônimos, muito embora o aspecto relativo da Filosofia Positiva permita-nos faze-lo sempre que desejável,
como ficou demonstrado logo, no inicio deste trabalho. Nos textos escritos por Augusto Comte encontramos esta identificação.
Estas
Sensações Abstraídas podem ser generalizadas e expressas na linguagem por :
Adjetivos : que dão qualidades ao Ser --
quente, bruto, amoroso, redondo etc.
Substantivos : palavra usada para determinar
cada Ser- livro, computador etc.
Adjetivos Circunloquiais : que associam o adjetivo ao substantivo -
Piriforme- de forma de pêra etc.
·
Tudo que é relativo ao Mundo Interior do Homem, isto é, ao
Sujeito que percebe o Mundo, chama-se Subjetivo.
·
Tudo que é relativo ao Mundo Exterior do Homem, isto é, ao Objeto
que é perceptível pelo Homem, chama-se Objetivo.
A Abstração, de um modo geral, começa espontaneamente; mas só muito mais tarde, é que se torna sistemática .
A primeira
indução da espécie humana, consiste em representar no cérebro, em caracteres gerais, de uma só
vez, todo o espetáculo exterior, naquele instante.
A Operação de Abstração é instituída como uma necessidade de nossa inteligência,
para poder estabelecer as relações de semelhança entre os atributos de vários
Seres Concretos e a relação de sucessão destes atributos
que se ligam entre si
pelas Leis Naturais.
Assim :
Especulações Concretas se referem aos Seres ou
Corpos (Concretos).
Especulações Abstratas, se referem aos
Atributos, ou propriedades ou características destes Seres que se supõe como artificio lógico, existindo
exteriormente.
Desta
distinção resulta a instituição dos domínios da Filosofia Primeira, que trata
das Leis Naturais, comuns a todas as Classes de atributos, da Filosofia segunda
ou Ciência Positiva, que compreende as Leis Abstratas a cada categoria de
Atributo; e a Filosofia Terceira, que abrange as aplicações práticas , isto é ,
Aplicações Tecnológicas.
Uma ciência concreta ( isto é, uma ciência
correspondente à coleção das Leis Naturais referentes a cada objeto particular)
é impossível. Vemos que a complexidade e as formas especiais das relações
correspondentes existentes em cada Corpo Concreto, revela-nos Atributos que os distinguem de todos os demais Corpos
do Universo. A propósito, uma Ideia qualquer não é dita abstrata ou concreta em
si mesma, mas, em comparação com
uma outra Ideia implícita ou explícita,
que tenha sido tomada como uma espécie de critério subjetivo de aferição, para
o problema específico que a inteligência
está tentando resolver; também, analogamente, temos que, na Música, uma nota
só é designada bemol ou sustenido de acordo com as circunstâncias peculiares de cada partitura
em particular.
É
impossível a sistematização completa, na realização de quaisquer dos nossos atos mesmo
nos domínios mais simples.
Só
a ciência abstrata é plenamente sistematizável, pois que , enquanto a
apreciação concreta é sempre especial ou
específica, a apreciação abstrata,
permite inteira generalização.
Todos
os elementos que colaboram para nos
revelar um Ser Concreto; todos os atributos que uma existência nos
apresenta, estão sempre sujeitos às
Leis Naturais, que são comuns
a todos os Seres Concretos , em que se encontram esse
acontecimento ou propriedade ou atributo.
O
conjunto das Leis Naturais destes
acontecimentos ou atributos ou propriedades,
que nos são conhecidas , constitui a Ordem Natural.
A
generalidade das Leis Abstratas nos permite as previsões seguras, o que não
se verifica nos estudos concretos.
As Leis Concretas, puramente empíricas, que por ventura pudessem
ser obtidas, tomando como base as
considerações diretas de assuntos
concretos, só seriam
verificáveis, para cada caso examinado e mesmo assim, com sérias limitações,
visto como, a cada instante, o Ser
Concreto se altera.
Por
maiores esforços que fizesse nossa
Inteligência, a procurar as diversidades dos casos concretos, não só na existência considerada como também nas circunstâncias
externas com elas correlacionadas, obrigaria, em cada caso, a várias ou
diversas deduções, o que tornaria totalmente impossível qualquer previsão.
Sendo
a inteligência a função cerebral de nosso esclarecimento, para permitir a ação,
ela deve necessariamente realizar previsões, o que exige como fundamento
especial, o estabelecimento de
relações gerais. Essa
generalização obriga sempre a abstração dos Seres Concretos, nos seus
diversos atributos, para que estes sejam
coordenados sistematicamente, a fim de constituírem os elementos necessários ao estabelecimento Indutivo
ou Dedutivo das Leis Naturais.
Devemos
considerar como relativa a própria
sistematização abstrata, em vista de afastar outros atributos, que influem diretamente nos casos concretos, sobre o atributo estudado.
Primeiramente
as Sensações, e em seguida as Imagens
dos Seres Concretos é que constituem
sempre a fonte originária
onde vamos buscar todos os elementos para as nossas
construções abstratas. Na realização destas
construções, temos de abstrair, desprezando
muitas vezes elementos de
influência real, na propriedade ou atributo considerado .
Quando estudamos, por exemplo, as
leis físicas da queda dos corpos, da dilatação; as leis químicas,
da composição e da composição, etc. desprezamos sempre atributos cujas
restrições se tornam indispensáveis na apreciação do caso concreto que se está
investigando.
Eis
como a plena generalização nos afasta da realidade. O domínio da Filosofia
Terceira consiste no conjunto de
conhecimentos concretos, em restituir àquela realidade, por meio de regras
empíricas ou coeficientes práticos
destinados à conciliação entre
Abstrato e o Concreto, de acordo com o principio positivo da Síntese Subjetiva
de Augusto Comte: “ Para completar as
Leis são necessárias as Vontades”.
As Leis artificiais instituídas pelo Homem para
coordenar as relações de sua vida individual e social, devem
sempre, e tanto quanto possível, refletir
as Leis Naturais do domínio biológico, sociológico e moral.
Os Economistas
encontram nos Sistemas Sociais
Adoentados pelo predomínio do Egoísmo, a manifestação da pretendida
“Lei da Oferta e da Procura”, que mostra ou descreve um aspecto do
Estado Patológico correspondente. Embora este aspecto do estado patológico
possa ser plasmado em termos abstratos,
inclusive utilizando-se de recursos matemáticos, não é considerada tal
expressão geral uma Lei Natural Positiva; inerente à natureza própria
deste Sistema Social, e inextirpável deste; aplicável à pratica da
tecnologia Sociológica Positiva, pois não expressa as condições do
Estado Normal. Mas, a Sociologia Positiva
pode servir-se destas “ leis da Economia” ou, como seria mais acertado
dizer, destes subprodutos de manifestações patológicas como indicações Sintomáticas
do grau de perturbação Egoística,
presente no Agrupamento Social
considerado. A mesma lei pode se tornar Positiva, na medida em que o
comportamento humano se torne mais Altruísta, alterando desta forma as suas
variáveis, para que o resultado da utilização desta lei traga benefícios morais
à sociedade, no seu todo, e possa representar doravante a indicação de um estado de convalescença do Sistema Social.
A
conhecida lei da Oferta e da Procura, não é uma Lei Natural; não
expressa uma fatalidade inerente ao Modo de ser dos Sistemas Sociais; mas ela é
uma ferramenta criada pelo homem, e que pode ser Positivamente utilizada como
um indicador de sintomas de desequilíbrio social. Se existisse a preponderância
do Altruísmo no grau em que a Filosofia Positiva propõe e estimula, esta lei, bem como os seus
fenômenos correspondentes, desapareceriam.
Do mesmo
modo, embora a diferença fundamental entre o estado geral de saúde e de doença
seja uma diferença de grau, valendo tanto para um, como para outro destes
casos, as mesmas Leis da Vitalidade,
notam-se alguns fenômenos acessórios
cuja a presença só é encontrável na doença; de modo que uma vez esta
extinta, extingue o fenômeno à ela
associado.
As
Leis Naturais ou Relações Abstratas,
quer sejam Indutivas ou de Semelhança, quer sejam Dedutivas ou de Sucessão, constituem,
as bases de todas as nossas previsões, e
são as únicas que comportam a nossa Organização Intelectual. As limitações de
nossa Inteligência, não nos permitem resolver diretamente os casos concretos e,
por meio destes casos concretos, realizar previsões, que possam facilitar
nossa Ação .
Temos
por isso, que nos limitar a previsões gerais, baseadas no conhecimento abstrato, e depois procurar a
conciliação, em cada caso concreto, com
as circunstâncias especiais que o envolvem.
A
construção das teorias, a determinação da constância ou frequência no meio da
variedade, para a indução e a dedução
das Leis respectivas, exige como
base ou fundamento, o trabalho intelectual de coordenação dos atributos independentes dos Seres Concretos,
isto é, a Operação ou Trabalho de
Abstração.
Aspectos Dinâmico Operacional e
Evolutivo da Abstração.
Verificada a
necessidade da Abstração, passemos ao exame direto da maneira pela qual é
realizada essa Operação Intelectual, bem como a sua Evolução, no que tange ao
Desenvolvimento Humano.
A Dinâmica tanto Operacional (Moral ou Individual, efetuada no Cérebro do Homem), quanto
a Dinâmica Evolutiva ( Sociologia efetuada no
Cérebro da Humanidade), devem ser consideradas como uma sucessão gradual de
Aspectos estáticos.
O Progresso das condições anatômicas e estruturais, do Aspecto
Estático dos órgãos dos sentidos, dos nervos, dos
gânglios, do Encéfalo e do Soma,
repercutiu sobre a capacidade { QA,
QI e QC ( Quociente de Afetividade ; Quociente de Inteligência; Quociente de Caráter)} e a
competência em seus diversos graus de intensidade.
No caso do Funcionamento
da Dinâmica Operacional de Abstração,
o Aspecto Estático representa a unidade de Estrutura de Acontecimentos (
ou atributos, ou propriedades , ou características...) quaisquer ; e o aspecto
Dinâmico Operacional, nos fornece o desenvolvimento desta Estrutura, isto é,
uma pluralidade de estados sucessivamente modificados.
No caso da apreciação da Dinâmica Operacional da Abstração, esta nos mostra a inteligência
preparando os materiais necessários para
o trabalho abstrato, decompondo os Seres Concretos, combinando e coordenando os
acontecimentos ou atributos ou propriedades semelhantes, sempre sobre o mesmo
aspecto estrutural.
A Apreciação Dinâmica da
Operação de Abstração nos apresenta as diversas etapas sucessivas que
adquire o trabalho intelectual de Abstração, variando com as alterações que
sofre o Conjunto Geral das ideias ou
Concepções Humanas, individuais ou coletivas que tem as suas origens no Órgão da Contemplação Concreta ; com o
maior grau de desenvolvimento da capacidade de abstrair, que vai aos poucos,
sendo alcançado pela nossa Inteligência.
Para realizar, por exemplo, um raciocínio
indutivo, o mais simples da geometria, necessitamos proceder a um trabalho de Abstração, a fim de
separar, por exemplo a forma,
tornando-a independente de todos os outros acontecimentos ou atributos
que acompanham o Ser Concreto. Na Realidade Exterior não encontramos Esferas e
sim Corpos Esféricos. Para
estudarmos as Leis Naturais Gerais da forma
geométrica em questão,
precisamos abstrair, separando, nos Seres Concretos considerados, a forma
esférica, e supondo
inexistentes a cor, o peso, e as demais propriedades
físicas, químicas ou de qualquer outra
natureza, existentes nos Seres Concretos Observados.
Do mesmo modo, o Funcionamento da Dinâmica Evolutiva
da Sociedade Humana se
processa por um caminho análogo.
A passagem
da Inteligência Humana pelos diversos estados sucessivos de Fetichismo Espontâneo,
Fetichismo Astrolátrico, Teologia Politeísta, Teologia Monoteísta, Metafísica
Teológica, Metafísica Científica e Ciência Positiva, deveu-se também a evolução
que ocorreu no Aspecto
Estático , de cada órgão , moral (
Cérebro, etc.) e o Soma , durante estes milhões de anos que a
nossa espécie vive aqui no Gran Fetiche,
transmitidos hereditariamente; à cada nova geração.
II) TEORIA DINÂMICA OPERACIONAL DA ABSTRAÇÃO
1) A
Classificação Subjetiva dos Seres - Em
Ser Concreto e Ser Abstrato
O
trabalho Intelectual de Abstração ou
Operação de Abstração, como já foi dito, se baseia na Operação de separação dos Seres Concretos, dos atributos que se deseja estudar, para
coordena-los com os atributos
semelhantes, retirados de outros Seres Concretos.
Devemos,
pois, para Abstrair, tomar previamente conhecimento dos Seres Concretos. E é
por meio dos atributos ou propriedades que apresentam estes Seres Concretos,
(cuja percepção está ao nosso
alcance), que deles temos uma Imagem,
reproduzindo-os no nosso encéfalo.
As concepções ou ideais, interiores do nosso
cérebro, que, com base nas Imagens dos
Seres Exteriores ou Concretos, forma
parte da nossa inteligência, no órgão da Contemplação Concreta e da Contemplação Abstrata,
constituem os elementos fundamentais de toda a nossa Abstração. O Complemento
da Inteligência, será feito pelos os Órgãos da Meditação (Indutiva e Dedutiva)
e da Expressão. (Mímica, Oral e Escrita).
2) O Trabalho de Abstração ou
Operação de Abstração
É
a Operação ou Trabalho de Abstração puramente Subjetiva, realizada com a
utilização dos Seres Concretos, reconstituídos no Cérebro, de acordo com as Sensações ( ou
dados sensoriais), que nos são fornecidas pelos
oitos Sentidos.
Para
compreendermos corretamente o
funcionamento do Cérebro, ao realizarmos
a Operação de Abstração, devemos em primeiro lugar, distinguir 3
Grupos de Funções : do Coração
ou do Sentimento ; Intelectual
ou da Inteligência ; e do Caráter
, isto é, da Ação ou Atividade. .
As funções Intelectuais ou da Inteligência, dividem-se
em funções de :
Concepção
(Ideia) e de Expressão
As Funções de Concepção são de
duas Naturezas: Contemplativas e Meditativas
Contemplativas, que realizam as
operações passivas ou preparatórias em toda
a construção intelectual e as
Meditativas, que constituem a parte ativa da realização da Inteligência
A Contemplação, tem por destino preparar
convenientemente as Concepções
ou Ideias, a fim de que a Meditação possa utiliza-las.
De
duas espécies é a Contemplação : Concreta e Abstrata
A Contemplação Concreta, está ligada
diretamente ao Exterior, por
intermédio do Aparelho Sensorial. Os nossos sentidos são analíticos. Cada um transmite do
exterior, para o nosso Encéfalo, uma
das diversas qualidades ou
acontecimentos , que o Ser Concreto apresenta e,
com esses elementos , a Contemplação Concreta reconstitui subjetivamente a Imagem de tal Ser Concreto ,
da forma como nós o percebemos no Exterior.
A Contemplação
Abstrata, está ligada diretamente à Contemplação Concreta, pois é ela que capta a Imagem e retira dela os atributos, formando
a Ideia; sistematiza este atributo, para que sirva de alimento à Operação de
Meditação; que pode ser Indutiva e
Dedutiva.
3) Colaboração da Inteligência ( Principalmente da Contemplação Abstrata), na Operação de Abstrair.
Este
exame sintético que acabamos de fazer do
Trabalho ou Operação Intelectual da Abstração, mostra-nos que toda a
inteligência, colabora para a sua realização, cabendo, entretanto, ao Aparelho
Contemplativo ( Órgão da Contemplação Concreta e da Abstrata), a parte mais
importante ou principal, quer no preparo das Imagens e das ideias ou Concepções
Concretas dos Seres, quer na Coordenação Abstrata dos seus Atributos na Contemplação Abstrata.
A
Inteligência é caracterizada por essa coordenação Contemplativa, inicialmente
sintética e depois essencialmente analítica, onde se formam as ideais de cada
atributo. Tais ideias servem de alimento ou de base para o Aparelho da Meditação, inicialmente indutiva e finalmente
dedutiva; Aparelho este onde
se formam os diversos pensamentos
(Aparelho é a reunião de dois ou mais órgãos, cujas funções gerais sejam
análogas). Assim percebemos claramente que na Contemplação Abstrata está
especialmente concentrado o trabalho da abstração, mas a nossa Inteligência não
pode abstrair sem preparar as Imagens
dos seres concretos isto é, sem
os estímulos das necessidades de Meditação.
A
Contemplação Concreta colabora para a Abstração, preparando as Imagens em que
tal Operação se baseia. O Apoio da Meditação e da Expressão faz-se necessário
como estímulo, pois nossa inteligência
não iria abstrair, se tal trabalho não consistisse, por sua vez, no fundamento da Meditação.
O desenvolvimento da Meditação,
tanto a Indutiva como a Dedutiva, necessita sucessivamente de novas ideias
ou novas Concepções, principalmente Abstratas, que são solicitadas `a contemplação. A Meditação amplia e complementa
o Trabalho ou a Operação de
Abstração.
A
Meditação perturbada, como por exemplo, em um caso patológico, permanente ou
transitório, reagiria imediatamente sobre
o trabalho da Contemplação, que sofreria, por sua vez, uma perturbação da mesma natureza.
O Órgão
Cerebral da Expressão é aquele que fornece
aos animais o meio deles transmitirem ao exterior
o seu estado interior : de
sentimento, pensamento e projetos.
Este meio deles transmitirem, ao exterior
o seu estado interior, depende também da abstração e consequentemente reage sobre ela, estimulando-a. O objetivo da
Expressão é traduzir
o resultado de nossas construções
intelectuais e , portanto, depende
normalmente de todas as Operações da
Inteligência; (excetuados apenas os casos anormais de pura coordenação de
palavras).
Constituindo a
Abstração, uma das Operações Fundamentais da Inteligência, é evidente a correlação que existe entre ela e
a Expressão. Está, pois , a Abstração,
iniciada ,quando ocorre a
Contemplação Abstrata, ligada a todo o conjunto
da Inteligência, e desse conjunto,
vai depender sua realização operacional.
A Inteligência
forma um Sistema onde
seus diversos Órgãos colaboram em conjunto, para uma mesma
finalidade.
Assim não se pode
separar uma função do conjunto das outras; há sempre entre elas uma plena interdependência.
4) O Sentimento e a Ação, na Operação
de Abstração .
Da
mesma forma que os
componentes do Aparelho da Inteligência
ou Aparelho Intelectual, constituem
um Sistema, podemos afirmar que entre
os Órgãos da Inteligência, os do
Sentimento e os da Atividade ou Ação
existe completa correlação.
Em
todo trabalho ou operação Encefálica é sempre o Sentimento que propõe
as questões que, estudadas e
esclarecidas pela inteligência, passam a ser,
quando aprovadas por esta última, executadas pela
Ação ou Caráter ou
Atividade .
A
Operação Intelectual não pode, pois em caso algum, ser realizada
independentemente do Coração ou
Sentimento. O Sentimento, Egoísta ou
Altruísta, exerce permanente influência, para provocar e manter o trabalho intelectual,
das funções Afetivas e Intelectuais: que visam sempre a prática de
determinado ato, uma vez que as Ações constituem o destino de toda nossa
Operação ou Trabalho Encefálico.
Além
da Influência do Sentimento, é
necessário ainda considerar-se a
influência das 3 funções Práticas ou do Caráter, que são: a Coragem,
a Prudência e a Firmeza, que em toda
e qualquer espécie de Trabalho ou
Operação Intelectual, entram para impulsionar, conter e manter. Desta forma
podemos dizer, em resumo, que o Trabalho ou Operação de Abstração, realizado
por nossa Inteligência, preparado pela Contemplação Abstrata, necessita da
colaboração Geral da Inteligência e das
contribuições Afetivas ou de Sentimentos e do Caráter, que reage sobre o
restante do aparelho Encefálico. (Não podemos esquecer ainda do Soma, como
elemento facilitador ou dificultador indireto da Operação da Abstração).
5) ATRIBUTOS OU PROPRIEDADES ; IDÉIAS
OU CONCEPÇÕES
LEIS ABSTRATAS.
O Trabalho ou Operação Intelectual de Abstração
apresenta Três Resultantes; os
Atributos, as ideias e as Leis Abstratas. O Principal Destino de toda Operação
Intelectual é o estabelecimento das Leis Teóricas, que disciplinam nossa Inteligência e regulamentam nossas Atividade ou Ações.
Para
chegar ao conhecimento da Lei Abstrata,
temos necessariamente que passar
por uma
série de etapas preparatórias. A maior parte da preparação desta
Operação Intelectual, se deve a Contemplação, ao passo que a Coordenação
definitiva dos acontecimentos é
realizada pela Meditação.
A
primeira fase da Abstração é aquela em que
a Contemplação Abstrata, utilizando a Imagem do Ser Concreto,
preparada pela Contemplação Concreta, decompõe esta Imagem, separando os
diversos atributos ou propriedades abstratas. Sobre este atributos assim
obtidos, a Meditação exerce agora a sua
atividade, coordenando-os para estabelecer as Leis Naturais ou Relações
Abstratas. Como resultado intermediário do primeiro trabalho ou operação de
coordenação, combina os atributos, formando as IDÉIAS ou as Concepções e os TIPOS ABSTRATOS ( ou IMAGENS SUBJETIVAS
CRIADAS PELO ENCÉFALO ), sobre os quais
melhor se desenvolve nosso Raciocínio.
Assim , observamos por consequência, três fases, bem definidas no Trabalho de Abstração :
1)
A primeira, quando a Contemplação Abstrata separa os atributos ;
2)
A Segunda, quando institui as ideais e
os Tipos Abstratos.
3)
A Terceira, quando a Meditação Coordena
e estabelece as Leis Naturais.
5.1) O
Atributo ou Propriedade Abstrata
Durante toda a fase de alimentação cerebral, isto é, no período em que
são transmitidas ao nosso cérebro as informações objetivas, por meio sensorial,
informações estas que geram as Imagens, que vão servir de base `a nossa
concepção ou ideia intelectual, durante
a recomposição interior dos Seres
Concretos para a Construção de ideais (pela Contemplação Abstrata); toda a combinação de
Imagens se faz de modo puramente concreto, inteiramente ligado
e subordinado `a realidade objetiva, tal
como a percebemos. Formam-se assim as Imagens Concretas dos Seres.
A Contemplação Abstrata realiza a seguir o primeiro trabalho ou operação
de abstração, quando separa , na Imagem do Ser Concreto, seus diversos
acontecimentos ou atributos ou propriedades, pondo em evidência aquele atributo ou propriedade em que mais
nós estamos interessados .
Exemplo: Se desejarmos estudar a forma geométrica de uma figura, para
tomar conhecimento de determinada relação ou lei, o nosso trabalho preparatório de abstração
consiste em separar, nas Imagens dos
Seres fornecidos pela Contemplação Concreta, esta Imagem que nós desejamos nos atentar, isto é, neste caso com a forma, afastando subjetivamente todos
os outros atributos, por meio dos quais conhecemos o Ser Concreto.
Abstrairmos, portanto o peso, a cor
e todas as propriedades ou atributos físicos e químicos, etc. , que o
Ser Concreto possa apresentar, para examinarmos apenas
a sua Forma . A Forma, assim separada do Ser Concreto ,
constitui a propriedade ou atributo Abstrato.
Os atributos ou Propriedades Abstratas são construções Subjetivas, retiradas
portanto, da existência Objetiva, por meio de nossa Inteligência. Quando por
exemplo, concebemos o peso dos corpos, estamos realizando um trabalho de
abstração, separando dos corpos ou Seres Concretos; essa propriedade
peso, que isolada, não existe na realidade exterior; o que observamos
objetivamente são corpos pesados,
podendo entretanto, a nossa inteligência conceber o peso
em separado das outras propriedades que
o Ser Concreto possui.
5.2) IDÉIAS ABSTRATAS e
TIPOS ABSTRATOS.
Da comparação das propriedades ou
atributos abstratos, originários de vários Seres ou Corpos concretos,
resulta a Concepção
Subjetiva da Ideia, que formamos sobre este atributo; é a Ideia Abstrata ou Concepção
Abstrata, a qual por sua vez ,
conduz a Inteligência à construção
dos TIPOS ABSTRATOS, pois a Concepção Concreta, ou
Concepção Objetiva da Ideia ou da Imagem
é aquela fase onde os atributos ainda estão unidos aos Seres Concretos
correspondentes.
A Operação de decomposição dos Seres Concretos, para exame de suas
propriedades ou atributos abstratos, é
exercido normalmente com muita intensidade pelo Encéfalo Humano, que obtém uma
série de propriedades ou atributos semelhantes , retirados de outros Seres Concretos diversos, para
coordenar e induzir ou deduzir as relações
existentes entre estas propriedades.
Por exemplo: A forma
esférica abstraída de um Ser Concreto,
depois de outro e de muitos outros
Seres Concretos esféricos, nos conduz
à Concepção de uma Ideia mais Geral: a esfera, independente de novo exame de corpos
esféricos. Formamos deste modo em nossa inteligência, uma nova espécie de Imagem Abstrata, em grau mais adiantado
que a anterior, mas sem que tenhamos
ainda induzido ou deduzido as Leis deste
Atributo ou desta Propriedade. É a Ideia Abstrata.
A nossa inteligência armazena, então,
uma nova Série de Imagens, de maior grau de abstração e mais complexas,
isto é, as ideias Abstratas, como o
peso, o calor, o triângulo, a esfera, a vida, etc., que não estão ligadas
diretamente a nenhum ser exterior, mas que resultam da observação de muitos Seres Concretos, onde predominava, constantemente, um determinado
Atributo.
A Ideia Abstrata constitui
uma fase intermediária entre a simples decomposição dos Seres Concretos, pela
Contemplação, e a consideração dos atributos abstratos, para se obter as
Relações ou Leis Naturais, pela
Meditação .
Esta fase intermediária
apresenta uma nova modalidade,
mais adiantada, mais complexa e mais
subjetiva , que é representada pelo Tipo Abstrato.
Por meio das Ideias Abstratas
que formamos sobre os atributos que
constituem os Seres Concretos,
podemos agora, combinando estas ideias Abstratas, reconstituir
abstratamente o SER, obtendo assim o TIPO
ABSTRATO .
Com
todas as Ideias Abstratas que
criamos sobre os diversos atributos ou propriedades e com o conhecimento, que
percebemos, por exemplo, do Homem,
reconstruímos, em nossa inteligência , a
imagem do homem, formando assim o correspondente Tipo Abstrato. Temos assim no
nosso encéfalo a Ideia do que seja um Homem; ideia que apresenta todos os caracteres gerais, geométricos, físicos, biológicos,
morais, etc. do Homem , e que no entanto
não está ligada a nenhuma existência real e particular de determinado Homem, nem
apresenta as características
simples das ideias Abstratas. É uma Ideia Composta, na qual são abstratamente reunidos
todos os atributos ou propriedades
que caracterizam o ser Humano. Do mesmo modo, as ideias que formamos dos animais, das árvores, etc. , nos levam `a
construção dos tipos abstratos.
O cavalo, o cão, a árvore, que
imaginamos, e que permitem reconhecer esses seres quando se nos apresentam, na realidade
objetiva, são Tipos Abstratos, que não
estão ligados diretamente a nenhum
cavalo, cão ou árvore de existência
concreta.
Tendo sido os Atributos, as ideias Abstratas e os Tipos Abstratos, adquiridos pela
Inteligência, esta pode agora realizar a coordenação definitiva das
propriedades ou atributos, induzindo e deduzindo as Leis Naturais, pela
Meditação.
5.3) A
Expressão Científica de uma Relação
Abstrata ou Lei Natural.
A comparação de atributos, semelhantes retirados por abstração ( pela
contemplação concreta e abstrata) de grande número de seres concretos, conduz
nossa Meditação Indutiva a verificar o que existe de comum no meio da variedade
observada. Ao aproximarmos desta maneira os
atributos, é estabelecida, como preliminar, a Relação Abstrata. Esta, uma vez reconhecida, serve diretamente
para a instituição da Lei Natural, que é a constância no meio da variedade ou a
expressão científica da relação abstrata.
As Leis Naturais são obtidas por duas modalidades de raciocínio :
Indutivo e Dedutivo.
A Meditação Indutiva,
primeiramente compara as diversas
Imagens Abstratas, aproximando-as entre si e procurando o que é de mais comum
na variedade, para estabelecer as relações
abstratas, e por meio destas as Leis
Indutivas ou de Semelhança. ( ou Leis Básicas Indutivas ).
Em seguida, a Meditação Dedutiva
sistematiza as Leis Indutivas,
coordenando-as, isto é, extraindo as consequências das Leis de Semelhança, que
são as Leis Dedutivas ou de Sucessão.
Da combinação das Leis Básicas
Indutivas e de suas Consequentes Leis Dedutivas, resulta a construção e Expressão final das Teorias
Abstratas, referentes `as varias Classes de Atributos, desde os mais simples,
da Matemática, até os mais complexos da
Moral Positiva.
5.3.1) Duplo destino das Leis
Abstratas ou Leis Naturais.
As
Leis Abstratas ou Leis Naturais são
destinadas a disciplinar nossa inteligência e a regular a nossa Ação ou Atividade. As Teorias Abstratas, construídas pela nossa Inteligência , preenchem , pois, dupla necessidade da Espécie Humana : Uma de Ordem Moral Positiva
e outra de Natureza Prática.
A
de Ordem
Moral Positiva emana da Unidade ( Integridade e Comunhão) , que
deve ser instituída , para realizar a Harmonia Interior das funções encefálicas e a convergência
exterior de todos os Seres Humanos. A
disciplina de nossa inteligência, pela
subordinação da Análise à Síntese, resulta diretamente da Instituição Abstrata
da escala de acontecimentos e da Convergência das diversas categorias de
Atributos, para o conhecimento e o aperfeiçoamento da existência Humana,
coletiva e individual.
A
de Natureza Prática é a consequência da
instituição das Leis Abstratas,
é a que regula as nossas Ações ou nossas
Atividades. Os conhecimentos abstratos são sob esse aspecto, encarados
como os
esclarecimentos de que necessita nossa
inteligência, para guiar nossas Atividades, na Modificação do Mundo e do
Homem, e na submissão ao que os atributos apresentam de imodificável.
Realiza-se
este duplo destino das Leis Abstratas instituindo-se a Filosofia Primeira, a
Filosofia Segunda e a Filosofia
Terceira, que serão vistas a seguir.
III) TEORIA DINÂMICA EVOLUTIVA DA ABSTRAÇÃO
1) O Desenvolvimento Intelectual em relação `a
Capacidade de Abstrair.
A
Operação ou Trabalho Encefálico da Abstração é variável, em grau e em
intensidade, conforme o maior ou
menor desenvolvimento intelectual, do indivíduo ou da coletividade
social.
Ao
percorrermos as várias fases da evolução
coletiva da espécie humana veremos que a capacidade de abstrair, se
apresenta cada vez mais desenvolvida. Também verificaremos que, nas diversas
idades dos indivíduos, há um gradual
aumento da intensidade com que pode executar a abstração.
No
homem primitivo e na criança, o raciocínio concreto é preponderante
observador, somente começando a esboçar-se
a operação de abstração da
inteligência, depois de grande preparo, e de um acúmulo de Imagens, em quantidade suficiente, para permitir um exercício mais
completo das funções intelectuais ( Contemplação, Meditação e Expressão)
Para
bem apreciarmos o desenvolvimento da Abstração, na civilização humana, vamos
acompanhá-la, resumidamente, nas suas principais fases de evolução.
Durante
a fase fetichista da Evolução Humana, verifica-se o desenvolvimento da
observação e, portanto, da função intelectual da contemplação concreta.
Inaugura-se nesta fase a Lógica dos
Sentimentos.
O
Surto Gradual da Inteligência Humana, ligado naturalmente às outras duas partes
de nossa Alma ( Sentimento e
Atividade), teve necessariamente de se
processar segundo a ordem
em que as funções intelectuais
se apresentam normalmente. Assim
começou a predominar o desenvolvimento, em primeiro lugar o da contemplação,
para em seguida acompanhar este processo ocorrendo a Meditação. Não poderia a
Meditação prosseguir sem que,
preliminarmente, se adiantassem
as funções preparatórias de seu trabalho
ou operação, isto é, as de Contemplação.
Recebendo as impressões concretas fornecidas pelo mundo exterior, o homem
primitivo, sem possuir ainda as reservas interiores de Imagens e ideias
abstratas, para realizar comparações, teve forçosamente que raciocinar baseado
nessas Imagens Concretas. Raciocínio este, ainda muito rudimentar e ligado às
necessidades imediatas exigindo, entretanto, um aprimoramento sensorial, e consequente
desenvolvimento do tino de observação, a fim de ir, aos poucos, constituindo reservas de Imagens e ideias.
A fase fetichista da evolução humana,
caracteriza-se pela instituição de
uma síntese, de uma unidade completa
religiosa, baseada na atribuição do realizar-se todos os atributos, como a
expressão das vontades próprias dos
Seres respectivos, concebidos estes,
como dotados dos mesmos atributos Morais, Intelectuais e Práticos que nós Seres
Humanos.
Assim,
o Fetichismo é a Doutrina da Lógica
dos Sentimentos, que inaugura e
acompanha a evolução humana, não só durante a fase primitiva do fetichismo espontâneo, mais ainda durante
toda a fase astrolátrica, quando começa a esboçar-se mais intensamente o
trabalho de abstração. Retirar a vontade dos seres para
atribui-las a outros seres mais
afastados; os astros, exigindo um grande progresso intelectual e um começo acentuado de
sistematização abstrata
A
Lógica dos Sentimentos, é o recurso operacional por meio do qual o Conjunto das
18 funções cerebrais ( Sentimento,
Inteligência e Ação) procura coordenar os fatos, tendo em vista o
estabelecimento de uma síntese
harmoniosa, sob o ponto de vista da preponderância de tais ou quais
sentimentos; de maneira a fazer perceber em nossos pensamentos as implicações
quaisquer de ordem moral, que eles implicitamente encerram.
2) A
Abstração no Politeísmo e a Lógica das
Imagens.
O Politeísmo desenvolve especialmente, em nossa
Inteligência, a Contemplação Abstrata e funda
a Lógica das Imagens .
Lógica das Imagens, sendo o
recurso operacional, por meio do qual o conjunto das 18 funções cerebrais (
Sentimento ; Inteligência e Ação) busca auxilio nas imagens subjetivas,
aplicando tais imagens a conceitos que de outro modo careceriam de
representação, como um recurso para
clarificar a resolução de um problema pendente.
A
passagem da Astrolatria para o Politeísmo traz modificação radical para as
concepções humanas, começando-se a síntese a basear-se em vontades exteriores
cada vez mais abstratas. A instituição dos Deuses, como centro da unidade
Moral, Intelectual e Prática da espécie humana, exige o desenvolvimento da
contemplação abstrata que passa a preponderar sobre as contemplações concretas, modificando completamente
todo o aspecto geral do trabalho intelectual. Essa transição da síntese,
de objetiva para subjetiva, somente se poderia realizar com o trabalho ou
operação da Contemplação; agora muito mais aprimorado ou adiantado,
onde as Imagens não só se formam pela contemplação concreta e abstrata ,
como também são coordenadas pela
meditação indutiva e dedutiva, com vista a
constituição dos múltiplos
tutores fictícios, que guiaram a evolução humana durante as antigas teocracias
e nas brilhantes civilizações grega e
romana, fases estas extensas e de grande
esplendor.
Como
consequência do surto que adquire a contemplação abstrata e da transformação do sistema de raciocinar , apreciamos nesta fase a
instituição da Lógica das Imagens.
Com este segundo meio lógico, que vem se reunir
ao primeiro, da fase
fetichista, a Inteligência
Humana adquire pelo desenvolvimento, o
esboço da Lógica dos Sinais, que se
completa na fase monoteísta, dando à inteligência todos os recursos, para que a
evolução grega possa preencher seu papel
histórico, de preparar nossas forças
mentais, sob os três aspectos - Estético ou da Arte, Filosófico e
Cientifico.
A
Lógica dos Sinais é o recurso Operacional, por meio do qual o conjunto das 18
funções cerebrais ( Sentimento ;
Inteligência e Ação) facilita a resolução de suas questões, com a
formulação e o emprego de
símbolos, que possam evocar os seres ou as situações nelas envolvidas, sem no entanto confundir-se
com a representação direta dos mesmos.
A
confusão recíproca da Imagem com o Sinal
é uma característica Marcante do Espírito Metafísico . Um exemplo deste tipo de
mal entendido são as chamadas “ondas
cerebrais” ; tal concepção proveio
de se considerar como uma Imagem os
registros gráficos fornecidos pelo
eletroencefalógrafo.
3) O Monoteísmo e a Meditação.
Com
o Monoteísmo, há o surto da Meditação, principalmente Dedutiva, que
complementa a Lógica, com a
instituição do terceiro recurso lógico constituído pelos Sinais.
A
Contemplação devidamente preparada em seus dois aspectos, concreto e abstrato,
permite, na fase monoteica, o progresso especial da meditação indutiva e
dedutiva, bem como a formação definitiva
da lógica dos Sinais. É nesta fase que
a Inteligência Humana adquire
pleno desenvolvimento lógico, de
modo a poder na civilização moderna, construir todo o edifício enciclopédico.
Se
observarmos a maneira pela qual se constitui a Síntese em cada uma
das fases preparatórias da evolução humana, vemos a coerência
intelectual, formar-se em torno de entes cada vez mais abstratos, `a medida
que percorremos a série constituída, primeiro pelos fetiches terrestres, depois, sucessivamente pelos astros, pelos deuses do politeísmo,
pelos deuses das várias formas monoteístas, e finalmente pelas entidades metafísicas, primeiro ligadas a um aspecto
teológico e, depois, cada vez mais abstratas e finalmente ligadas ao aspecto
científico.
4) A
Abstração na Doutrina Positivista
A
Abstração somente se torna completa
no Estado de Positividade dos
nossos sentimentos, pensamentos e ações ,isto é; quando os Três
Elementos Lógicos, o Sentimento, a Imagem e os Sinais, se combinam.
Durante
a Evolução Preparatória, o grau crescente de Abstração que adquire a entidade
coordenadora da unidade religiosa,
atinge o seu máximo de intensidade ao passar a espécie
humana, do estado teológico para o
metafísico.
No
estado metafísico, a explicação de todos
os fenômenos é feita atribuindo-se sua realização
à entidades puramente abstratas,
criadas pelo cérebro humano, para provisoriamente suprirem a falta de conhecimentos das Leis Naturais,
ainda não descobertas. À medida que as
relações cientificas são instituídas, vão desaparecendo as correspondentes
entidades Abstratas. A Abstração, na
idade metafísica, não é sistematizada,
apesar do grau de intensidade que
ela atinge. Ao contrario, se torna mais confusa que nas épocas anteriores.
Mais
negativo que qualquer outro, mais demolidor das instituições do passado, do
que construtor de novas estruturas, a
Doutrina Metafísica é, por isso mesmo,
transitória, devendo ser logo
substituída pela Doutrina
Positiva.
O
Estado Positivo, combinando melhor os três meios lógicos, Sentimentos, Imagens e
Sinais, vem estabelecer
as Leis Abstratas, que regem os Seres pelos acontecimentos.
A
Abstração é no estado Positivo, não só plenamente desenvolvida como diretamente utilizada para
a Indução das Ciências. Ocorre coordenação harmônica entre as funções
da Contemplação Concreta e a Contemplação Abstrata e o
entrelace com a Meditação indutiva e dedutiva, donde resulta
a gradual instituição dos princípios
científicos, que regem as
existências do Exterior e as existências
do Homem.
5) A Lógica Positiva.
“A Lógica Positiva é definida
como colaboração normal dos sentimentos, das imagens e dos sinais,
para nos inspirar concepções que convém `as nossas necessidades
morais, intelectuais e físicas”. Essa definição normal de lógica é
dada por Augusto Comte na Introdução da
Síntese Subjetiva.- pag. 25
É a Lógica Positiva a
única completa, pois além de
reunir os três elementos lógicos, Sentimentos, Imagem e Sinais,
combina e coordena esses elementos ,
para aplicar ao raciocínio de forma
conveniente às nossas necessidades , não
só intelectuais, mas também morais e práticas. Inaugura, portanto, a Doutrina
Positiva, a plenitude de nossas disponibilidades intelectuais, reunindo e
congregando, os diversos meios,
separadamente preparados, pelo conjunto do passado humano.
A inteira madureza de nossas concepções intelectuais é atingida no estado positivo, depois de passar
pela longa Série preparatória de Sistemas Intelectuais, mais ou menos
incompletas, das diversas formas fetichistas,
teológicas e metafísicas.
A
Lógica Positiva é sistematizada para
regular o conjunto da existência humana.
As
concepções são elaboradas pela Inteligência, sob o impulso do Sentimento e
assistido pelo Caráter.
O método afetivo prevalece assim
sobre os outros dois , em virtude
dos sentimentos constituírem ao mesmo
tempo a fonte e o destino dos pensamentos e dos atos.
Queiram ou não os Cientistas ou os Reis
Os
três meios Lógicos - Sentimento,
Imagem e Sinal - correspondem, pois, aos três elementos fundamentais de
nossa constituição cerebral- o Coração ou Sentimento, a Inteligência ou Espirito
e o Caráter
ou Atividade ou Ação. De
acordo com o Trabalho Cerebral, as
Imagens Lógicas( Ideia) e os Sinais
devem ser apreciados como
auxiliares dos Sentimentos na
elaboração dos Pensamentos. A Harmonia Lógica inaugurada pelo Doutrina Positiva, faz colaborar a força dos
Sentimentos com a nitidez
das Imagens e a Precisão dos Sinais. Adquirem na Doutrina Positiva,
os três meios lógicos, completo
desenvolvimento e sistematização, de
modo que o trabalho intelectual é realizado em toda a sua plenitude e dignidade.
Sob a influência e a preponderância sistemática do coração ( Sentimento), a
Lógica Positiva adquire não só um grau elevado de dignidade, como também,
uma constituição verdadeiramente
Poética.
A Sistematização filosófica
vem, aliar-se à melhor disposição Estética ou Artística, isto é, a união
de todos os Aspectos da Subjetividade Humana, que até então vinham
sendo considerados como opostos.
IV) SEDE
DA ABSTRAÇÃO
1)
A Instituição Religiosa do Espaço .
A
noção de Espaço é obtida como um
subproduto das nossas Sensações, não
sendo diretamente revelado por
nenhuma delas, em outras palavras, o Espaço é uma
criação subjetiva destinada a facilitar
a Coordenação e a Expressão
das Nossas ideias e Pensamentos. Todas
as questões que a nossa Alma se
depara, e que envolvem o conceito de Espaço, podem ser transformadas, em questões onde são apenas consideradas as Variações, das
diferentes Sensações, sem a necessidade de se recorrer a este conceito
de Espaço; apenas a linguagem torna-se desnecessariamente
mais complexa, prolixa e antipática.
Assim,
vemos pela comparação de um e de outro modo de considerar a questão, o quanto o
Espaço Simplifica a forma de se estabelecer as questões, onde sejam
necessárias as Sucessões das Sensações.
O Espaço que nos
referimos é um Espaço Subjetivo dentro de cada cérebro.
O Espaço mais uma
vez é uma construção Subjetiva que o Ser Humano formula; que pode hoje
em dia comparar do com o s softwares do tipo DOS ou em linhas gerais, como o
conjunto de programas, que podem ser ou não ativados, pelo cérebro.
Para
dar sede aos resultados do trabalho Subjetivo de Abstração, em qualquer grau ,
concebemos, também Subjetivamente, o ESPAÇO.
A fundação da geometria na antiguidade exigiu
como uma necessidade da Inteligência
Humana, a Instituição do Espaço.
As formas geométricas, apreciadas independentemente dos Seres Concretos, onde
se apresentam, deviam ser colocadas em meios apropriados, por um trabalho
subjetivo. Então, por este motivo teve a espécie humana, necessidade de
realizar um meio subjetivo , onde as ideias das formas estudadas fossem armazenadas ou colocadas ou
arquivadas.
A
apreciação Positiva do Espaço, dá a este meio por extensão, utilizada de como sede das abstrações referentes
aos atributos e fenômenos
físico e químicos. Aplicado também
aos estudos dos fenômenos vitais , é o Espaço
suscetível de comportar , todas
as Idéias da Biologia,
colaborando para a apreciação das Leis
Anatômicas (referentes `as formas e
disposições dos diversos órgãos) e Taxonômicas (Referentes `a Classificação
das várias formas de organismos vivos).
A
antiga instituição matemática do Espaço estende-se,
portanto, pela Doutrina Positiva, `a
todas as concepções da Escala Abstrata até
Biologia Estática ( Anatomia e Taxonomia), tornando-se Inútil apenas
às concepções Dinâmicas da
Biologia ( Fisiologia) e aos Estudos de Sociologia Positiva e Moral
Positiva, onde há necessidade de
dar aos atributos uma
Sede Real . “ Aplicada
dinamicamente, esta instituição torna-se estéril e viciosa. Pois funções
vitais, tanto vegetativas quanto de animais, exigem sedes Reais, sem que seu
estudo, possa utilizar os fantasmas emanados do meio Subjetivo” ( Augusto
Comte-Síntese Subjetiva, pag 22).
2) As Hipóteses
Provisórias.
Antes da Instituição Positiva
do Espaço, desde a antiguidade, várias tentativas teológicas e metafísicas foram feitas para localizar os atributos ou propriedades sem sede.
Utilizado
durante a longa fase de elaboração
preparatória da Humanidade, o Espaço adquire sistematização definitiva na
Doutrina Positiva.
Esboçado
na mais alta antiguidade, foi consagrado no Oriente, onde influências especiais
conduziram a civilização chinesa à institui-lo, embora com um caráter concreto,
algo fora do cérebro. O culto do Céu pelos Chineses, representa
a primeira forma de instituição do Espaço.
A
hipótese vaga do éter universal,
instituído pela metafísica, é também no Ocidente, um preambulo ao Espaço.
O
Oriente e o Ocidente, com criações
provisórias, de natureza abstrata `as quais eram porem, atribuídas existências objetivas, colaboraram para a
formação do Espaço, esse elemento essencial à sistematização
positiva de todos os Atributos
Abstratos.
8) O Espaço, a Terra e a
Humanidade.
Todas
as concepções humanas, tudo o que a
nossa inteligência pode compreender e assimilar, apreciando sob o Aspecto
Relativo, Subjetivo e Positivo, está resumido nas Três Existências - O Espaço , A
Terra e a Humanidade.
O
Espaço
- é o meio onde localizamos
os acontecimentos Abstratos,
é a Sede Universal dos Seres Abstratos
sem sede; é a construção fundamental de nossa inteligência, para realização de
seu trabalho abstrato. A existência puramente
Subjetiva do Espaço, evidencia bem o seu
destino lógico e sua origem, ao mesmo
tempo estética ou artística e científica.
A
Terra compreende o conjunto
do meio objetivo em que vivemos,
a sede de nossas ações. Compõe-se com
seu duplo envoltório líquido e gasoso,
como centro subjetivo que é do Sistema Solar, e os Astros que
sobre ela influem diretamente.
A
Humanidade, é finalmente,
formada pelo conjunto de Seres Humanos
passados, futuros e presentes . Nesse
conjunto estão compreendidos apenas os seres
verdadeiramente convergentes .
Esta
trindade formada pela Humanidade, a Terra
e o Espaço, sintetizando tudo o que é
positivamente apreciável pela
inteligência humana, constitui o verdadeiro guia de nossas
concepções morais ,intelectuais e práticas.
Compreendendo
a Teoria
da Natureza Humana, esses
três elementos representam,
respectivamente o Sentimento , a Inteligência e a Atividade.
O Primeiro Ser, a Humanidade,
é o mais próprio para representar o sentimento,
porque o coração é o elemento preponderante,
pelo impulso que dá a todos Pensamentos, como também a todas as Ações. Assim podemos dizer que a Humanidade,
melhor representa o Sentimento, por que no Ser Humano, convergem os
Sentimentos, pensamentos e atos, podendo assim o primeiro adquirir plena eficácia e representação.
O
Segundo, a Terra, corresponde em
nossa natureza, à atividade,
que representa o meio
Objetivo, onde se realizam as
nossas Ações; além de constituir o
reservatório universal de todas as nossas provisões materiais.
O
Terceiro Ser, o Espaço, é o elemento que melhor corresponde ao sentimento, como sede
Subjetiva de todas as Abstrações.
9) A Concepção ou Ideia do Espaço.
O
Espaço deve ser idealizado e concebido, como privado de inteligência e de
atividade, porém dotado de sentimento, que é
laço Universal de todos os Seres
Objetivos e Subjetivos; além disso, o Espaço deve
ser concebido com a cor branca, sinal universal da Paz.
A Humanidade é dos três elementos
fundamentais de que estamos tratando, aquele que sintetiza a existência, isto é, o único
dotado simultaneamente dos três atributos da Alma Humana - Sentimento,
Inteligência e Ação .
A Terra é dotada
de dois atributos somente - Sentimento e Ação, faltando a Inteligência.
Quanto ao Espaço, de existência
puramente Subjetiva, criação
interior de nossa inteligência, tem que ser concebido sem atividade, nem
inteligência, pois quaisquer destes dois
elementos, que viéssemos
atribuir-lhe viria perturbar complemente nossas concepções Abstratas,
pelas modificações que espontaneamente
tenderia a introduzir nessas concepções. Nenhum inconveniente,
entretanto, resulta de lhe atribuirmos o Sentimento.
Idealizado
o Espaço, como elemento também dotado de sentimento, o
laço afetivo torna-se a União Simpática
e Natural de todos os Seres, tanto Objetivos como Subjetivos, apreciados ou concebidos pelo Cérebro do Homem.
Este
estudo da Abstração é de importância crucial para a compreensão da Doutrina Positiva, ele
representa a antecâmara
da Filosofia Primeira , que corresponde
às 15 Leis Naturais Universais ou Fatalidade Suprema;
representada sinteticamente
também pelo Espaço ou Gran Meio. Somente
a Filosofia que trata das Leis Naturais
dos Atributos, é que forma a Ciência
Positiva.
A Filosofia que estuda a finalidades praticas;
leis dos seres concretos ( gráfico de
uma perda de carga de cada bomba , por
exemplo) , está excluído do campo
teórico - subjetivo ou científico, e faz parte do domínio técnico ou aplicação
tecnológica.
Vide Quadro Sistemático da Abstração da Alma e
Físico-Químico do Encéfalo –
ÓRGÃOS
DA ABSTRAÇÃO
A palavra Alma representa no sentido em que a empregaremos
aqui, o conjunto das 18 funções do cérebro, ou melhor, do encéfalo. Alma ou
Psique ou Mente. E se existem funções com certeza existe Orgãos.
Livre
de qualquer misticismo esta preciosa expressão
Alma, corresponde aos fenômenos mais eminentes da natureza
Encefálica. Se a vida, como se afirma desde Hipócrates é constituída por
um consensus,
já que no organismo tudo colabora, tudo contribui e tudo consente, esta harmonia interior deve residir, principalmente, no aparelho encefálico, que é o seu regulador
supremo.
O estudo Positivo das funções do
encéfalo, derivou diretamente de uma série de trabalhos anatômicos relativos ao
encéfalo, instituídos desde a Escola de
Alexandria, por Hierófilo e Erasístrato e, desde o XVI século, por Andreas Vesálius, um
sábio-anatomista-biologo, e seus continuadores, Bartholomeu Eustáquio,
Fallópio, etc ; em segundo lugar, a atenção dos filósofos e dos naturalistas, para o problema
concernente às faculdades morais, intelectuais e práticas do Homem e dos outros
Animais.
Destacam-se nesta linha de
meditações os filósofos da escola de
David Hume ( Século XVIII), cujas concepções lançaram as primeiras
suspeitas da Inateidade dos Instintos
Simpáticos, isto é, de seu aspecto inerente à nossa natureza
animal, sob o fato que o Homem e os
outros Animais, nascem com o
instinto que os levam à viver para
outros.
O Naturalista,
Jorge Leroy ( Século XVIII)
refutando o que ainda existia
de automatismo nas concepções de
Descartes , relativas aos animais, afirmou
mediante uma série de engenhosas
observações que nestes existia não só
inteligência como também sentimentos
desinteressados.
Firmado nesta dupla
preparação e não esquecendo os apanhados empíricos que a sabedoria
popular acumulou a respeito; um pensador germânico, Franz Joseph Gall (1825)
abordou de um modo positivo, o
problema das faculdades encefálicas, criticando vigorosamente o
espírito metafísico, senhor até então , de um tal domínio especulativo. OS
trabalhos fisiológicos até então
elaborados, definiam o Encéfalo como um órgão único, cujas funções
se ligavam diretamente à sensibilidade e à motricidade.
A
Inteligência que sucede às Sensações,
era por completo entregue à metafísica
reinante como faculdade humana por excelência.
Quanto
as funções afetivas estas eram em grande
parte localizadas nas vísceras, segundo
uma velha tradição; e espíritos, já bem
avançados, como de Pierre Jean Georges Cabanis
e mesmo Xavier Bichat,(cuja morte
prematura não o permitiu meditar
sobre tal assunto), ainda assim acreditavam; O Fígado era a sede da Ira - o que
na verdade era o encéfalo que no estado emocional de Ira, afetava o fígado e
por conseguinte a própria digestão: no
entanto, hoje sabemos, que há uma intima ligação entre os nossos estados
emocionais e a operacionalidade das
Vísceras, cuja a interface é feita pelos nervos e conhecida como Sistema
Nervoso Autônomo, que é afetado pelos Sentimentos
Quanto
ao método, este se baseava
na observação interna a qual estreitava, por demais, o campo das especulações, por isso que só se
podia aplicar ao estudo do homem adulto, sem eficácia, como diz o Médico
Broussais, com relação às idades, nem aos estados patológicos e ainda menos,
como observa Augusto Comte,
poderia estender-se aos outros animais, os
quais, como as crianças e os
loucos, nunca nos dariam conta
do resultado destas observações.
Gall
baseou sua construção em dois princípios filosóficos: 1) que são inatas as
diversas disposições fundamentais, afetivas, intelectuais e práticas; 2) Que
são múltiplas as faculdades
essencialmente distintas, radicalmente independentes, umas das outras,
embora a concretização dos atos
correspondentes exija
ordinariamente, a sua colaboração
mais ou menos complexa.
Considerada
Anatomicamente esta concepção fisiológica do Encéfalo, corresponde à sua repartição num número de órgãos parciais,
simétricos , como os órgãos da vida do Soma,
os quais, embora contíguos, e mais semelhantes uns com os outros, do que os
órgãos de qualquer outro sistema; sendo
por conseguinte, mais simpáticos, e
mesmo mais sinérgicos,
são porém essencialmente distintos e independentes uns dos outros, assim como,
com relação aos gânglios,
respectivamente relacionados aos diferentes sentidos externos.
O
Encéfalo é, pois um aparelho em vez de um órgão único; Gall, portanto reconheceu
a menos de 172 anos, o direito de cidadania na fisiologia ao Sentimento
ao lado da Inteligência.
Em
oposição a uma unidade absoluta do “Eu”
metafísico, ele verificou a
multiplicidade da natureza humana e
animal, a qual é assim solicitada em diferentes sentidos, por afeições distintas, cujo equilíbrio se
torna penoso quando qualquer delas não
prepondera o suficiente.
Gall,
foi o inspirador de todos os trabalhos científicos sobre o Encéfalo, que se
sucederam aos seus, e embora esquecido
na melhor de suas produções ( pois foi, e é tido apenas por um
cranioscopista) , toda a doutrina
das localizações Encefálicas, se
inspirou em seus geniais trabalhos.
Embora
Gall , muito se adiantasse como profundo
pesquisador e conhecedor da anatomia do
Encéfalo ( Flourens um grande anatomista da época, admirava-se ao vê-lo
dissecar este órgão) , foi Gall
principalmente um fisiologista.
Instituindo
ao seu modo o Encéfalo, como sede das faculdades, não há dúvida que ele
já estabelecia hipóteses positivas, verificáveis;
eram relações entre órgãos e funções que ele estabelecia, independentemente de
quaisquer considerações sobre a
existência de um ser imaterial - Alma- que fosse o responsável direto e último, da
manifestação destas funções psíquicas,
como supunham e supõem os Espiritualistas.
Os
fisiologistas contemporâneos de Gall tentaram determinar a sede da
inteligência, pelo método objetivo, experimental, mas este, não é o processo
lógico que mais convém a tal domínio especulativo.
Muito restrito é o seu uso,
no que diz respeito aos
fenômenos mais eminentes da vida , como
são os acontecimentos Encefálicos.
Instituíam-se
experimentos em que se mutilavam
Encéfalos de animais superiores, aves por exemplo, subtraindo-lhes porções, e deste modo, procuravam ligar os
sintomas decorrente de tão graves
lesões, como a inaptidão para a marcha, para o vôo, à função
da parte que havia sido removida.
Diante,
destes experimentos em que se tratava, com fragrante menosprezo à integridade
orgânica, precisamente no mais
harmonioso dos aparelhos, dizia
Gall (Século XVIII -XIX): “ Quando se leem as experiência dos nossos
fisiologistas, sobre o cérebro,
parece que todo o sistema nervoso,
mormente o Cérebro e o Cerebelo,
são concebidos por eles, como
formados de fragmentos de cera aplicados uns contra os
outros” . E, após sensata crítica, estabelecia Gall os seguintes princípios : “ É efetivamente impossível impedir a influência recíproca das diversas partes do
sistema nervoso, e isolar as irritações, as mutilações, obtendo resultados distintos e específicos. É uma
pretensão absurda, querer aplicar às faculdades Morais e Intelectuais do Homem,
os resultados vagos arbitrários e inconstantes,
tanto quanto estão mal
observados nos galos , nas galinhas, nos pombos, nos coelhos
etc” .
A
pesar da justa autoridade de Gall, e de suas vistas de tão elevado alcance
filosófico, prosseguiram os fisiologistas, em tentar determinar as
sedes das faculdades mentais e demais
funções Encefálicas, por meio de
experiências objetivas . Aos cortes e mutilações sucederam as aplicações de correntes
elétricas , mormente com os trabalhos
de Fritche e de Hirtzig na Alemanha e Ferrer na Inglaterra.(Século
XIX)
As
discordância e as contradições entre os operadores-anatomistas não cessaram de proclamar a veracidade das conclusões de Gall.
Referindo-se às vivissecções
efetuadas no Encéfalo, chegou o médico Positivista D. Bridges a
proclamá-las tão inúteis, como a inspeção das entranhas das vítimas, pelos
Augúrios romanos - ou Sacerdotes
Adivinhos; As Pitonisas - feiticeiras que previnham o futuro ; na Grécia, os Oráculos, que adivinhavam o futuro.
A Sede da Inteligência no Lobo Frontal, como
concebeu Gall e corroborado por Augusto Comte emancipa assim, de
qualquer entidade ontológica - a Alma
- bem como a faculdade da Expressão; esta também localizada no Lobo Frontal, como uma função encefálica única - a
exceção da discordância, quanto
à sua localização- constitui um legado de Gall .
Devemos
porem assinalar que em face das
decepções do método experimental, uma
reação se despertou em prol da observação patológica como fonte de
esclarecimentos para a fisiologia encefálica . Existem, com efeito,
vantagens em semelhante processo
nos estudos biológicos, uma vez que as moléstias são
verdadeiras experiências espontâneas, no entanto hoje temos
modernas técnicas de neuro imagens;
tomografia computadorizada por ressonância nuclear magnética e tomografia
computadorizada , por emissão de
pósitrons.
Lançando
as Bases Positivas do problema Moral do
Homem e dos outros Animais, não lhe deu todavia, o pensador germânico, a solução completa.
O
Filósofo que por lhe haver apanhado o alcance dos trabalhos, salvo-o do
esquecimento, recomendando-o à mais
remota posteridade, foi Augusto Comte ; Broussais, por este
estimulado, terminou a sua gloriosa carreira acolhendo a Frenologia ou doutrina
de Gall.
Cumpre-nos
agora mostrar os aperfeiçoamentos que o fundador do Positivismo imprimiu na Obra de Gall ;
exporemos num apanhado sucinto a Teoria das Localizações dos Órgãos Encefálicos segundo Augusto Comte.
Como
já vimos, Gall inaugurou a Doutrina
Encefálica Positiva, mediante a distinção entre o Sentimento e a Inteligência, proclamando
ainda a seu modo a preponderância do Sentimento sobre a Inteligência.
Sobrepujando assim as diversas
aberrações teóricas que neutralizavam a
sabedoria popular.
Apesar
disto foi defeituosa a sua distribuição,
dessas faculdades elementares; e, classificando-as, ele as
multiplicou arbitrariamente. Mas as faltas
mais notáveis de Gall, referente as
funções da inteligência, onde sua análise se
tornou empírica e incoerente.
Reagindo
contra as concepções metafísicas de Condillac, quanto à preponderância dos
sentidos, Gall transportou aos órgãos cerebrais, atribuição dos gânglios, da
visão e do orgão auditivo, como, por
exemplo, o talento especial para a pintura,
a musica etc.
Gall
isolou o Encéfalo do Soma, esquecendo as
suas mutuas interdependências, a pesar do trabalho de Cabanis, que
melhor compreendeu a verdadeira integridade vital.
A
existência individual, em seus acanhados limites, não podia oferecer espaço suficiente, para uma completa
meditação sobre o problema moral e
intelectual. Foi preciso portanto, que o
construtor da doutrina cerebral, tivesse concebido em suas
meditações, o espetáculo histórico,
contemplando, deste modo, em seus grandes resultados coletivos, os
atributos mais nobres do Homem. Assim, não se pode obter da observação pessoal,
mais do que a verificação de leis
descobertas através da evolução social. Mas uma tão preciosa confirmação, só poderia ser bem estabelecida
em relação aos animais, nos quais as disposições inatas estão bastante
isoladas das modificações adquiridas.
Dotados das mesmas faculdades que o homem, quaisquer
que sejam as diferenças de grau, servem os demais animais de ponto de partida,
pois se a apreciação humana complicada pelas influências sociológicas, nos dá
funções elementares, que não se encontram nos animais ditos superiores. Devemos
por isto, crer que se tornaram como irredutíveis, funções verdadeiramente
compostas. Combinam-se deste modo em
Augusto Comte os dois aspectos, o
Biológico e o Sociológico, para formar o Moral.
Quanto
a parte Biológica, o princípio da construção da Teoria Cerebral de Augusto
Comte, consiste em sua instituição
subjetiva, isto é, na subordinação sistemática da anatomia à fisiologia.
Já
os fisiologistas conhecem o valor deste processo; é assim que se distinguem os
nervos sensitivos ( ou aferentes) dos nervos motores ( ou eferentes) ,
bem como os diversos modos de perceber a
sensação, contidos no feixe nervoso
da tactilidade. Anatomicamente falando, estes diferentes nervos são de uma natureza homogênea. As determinações dos
órgãos cerebrais devem constituir, portanto, um complemento e resultado das práticas de observações fisiológicas.
Determinar
semelhantes órgãos pelo método experimental, órgãos morais e intelectuais é inexequível.
Poder-se-ia fazê-lo mediante o Método Patológico, fundando deste modo uma Teoria Cerebral ou
Encefálica, que possivelmente poderão
ser reforçadas por
práticas hipnóticas .
O
Método Patológico ordinariamente utilizado referindo-se às diversas afecções
somáticas, consiste em
inferir as funções
de um órgão, comparando sucessivamente
um organismo são, com outro organismo doentio, naquele
órgão que se deseja conhecer a função correspondente.
Com
o mesmo tipo de raciocínio inferido pelo
Método Patológico aplicado ao Soma, procurou-se
aplicar a mesma sistemática ao Encéfalo . O Grau de dificuldade surgiu
em virtude de não se possuir os
padrões de saúde, afetiva, intelectual e
prática, determinados com suficiente
precisão, conquanto o conjunto das religiões,
jamais houvesse esquecido de apresentar, verdadeiros modelos de
virtude , sabedoria e
abnegação. Além disso, ficou faltando, considerar as influências negativas
e positivas que os órgãos do Encéfalo
podem exercer sobre o Soma; Saúde ou
Doenças Orgânicas , hoje em dia irreversíveis e que no futuro sob a
orientação da medicina psicossomática, se abrirão para o Homem; os
“milagres” da sobrevivência quase eterna,
pelo domínio do Soma ou Corpo pelo Encéfalo; e pelo domínio do Encéfalo
pela Humanidade, regido pelo Amor e esclarecido pelo Conhecimento Cientifico
das Leis Positivas , que regem o Mundo e
o Homem, em sua existência e desenvolvimento Altruístico.
Em função desta dificuldade, o grande gênio
Augusto Comte, necessitou haver primeiro concebido a filiação histórica, isto
é, o método da Ciência Sociologia; para
projetar no futuro o ideal de um Ser
Humano ( Homem e Mulher) e de uma sociedade, plenamente sadios do ponto de vista afetivo, intelectual
e prático, para servir como modelo
subjetivo para as comparações com os
diversos casos objetivos
individuais e coletivos.
Esta questão foi solucionada com a grande ajuda de Clotilde De Vaux , uma mulher terna e pura
, inteligente e ativa , que mostrou a
excelência do sexo afetivo permitindo a Augusto Comte superar todos os
preconceitos do seu tempo e conceber com nitidez o Ideal Feminino e não
feminista; Simultaneamente os próprios
progressos que esta
Musa determinou no conjunto do psiquismo do Mestre Augusto Comte
,permiti-o por seu turno idealizar com mais
nitidez o Homem Mentalmente e Moralmente Sadio, para servir de Padrão Abstrato, para as comparações com
os diversos indivíduos.
Esta
união veio ainda consubstanciar um capitulo da Moral Positiva, que se refere
a um assunto de importância vital para a sobrevivência unitária e social da nossa espécie ; ou seja,
harmonização recíproca do Homem com a Mulher, pela utilização sistemática da complementaridade natural que
existe no conjunto dos seus
atributos psíquicos- afetivos ,
intelectuais e práticos - com base na lei
de Aristóteles- Príncipe dos Filósofos : “ Separação dos Ofícios e Convergência
dos Esforços”.
Continuando:
o método patológico é realmente uma
fonte de averiguações, mas sem que possa o
observador dispensar uma ação
filosófica que o guie . Em assunto complexo como é o da Alma, sem uma
Teoria Positiva do Cérebro Normal, criada por Augusto Comte, a qual não dispensa a observação social, os dados importantes
passam desapercebidos, assim como fatores meramente circunstanciais são tidos na conta de indispensáveis.
Não se daria mesmo uma noção exata da loucura. A observação servira
para modificar, até certo ponto, as hipóteses, as quais devem ser instituídas sempre as mais simples,
estéticas e simpáticas de acordo com os dado adquiridos.
A
determinação dos órgãos cerebrais, ou melhor, dos Encefálicos, Morais
(Sentimentos), Intelectuais (Espirito) e Práticos (Caráter), realiza-se
em duas operações: 1) a sua enumeração e 2) a sua disposição. Uma e outra
operação dependem por sua vez de : a) Uma perfeita observação nas faculdades elementares do encéfalo: Morais ou Sentimentais, Intelectuais e
Práticas; de modo que, cada uma delas, sendo irredutível, corresponda à uma
sede estática, isto é, um pedaço do Encéfalo;
b) uma classificação destas mesmas faculdades, visto como a disposição dos órgãos tanto Biológicos, como
os órgãos de Abstração ou Psíquico, se deve conformar com as
verdadeiras relações das funções
correspondentes, afim de permitir a harmonia geral do encéfalo.
Quanto
ao volume e a forma de cada órgão,
Augusto Comte considerou uma questão secundaria, em sua elaboração, o que
dependerá do Método Objetivo, anatômico
ou direto à ser posteriormente
instituído, que até hoje ainda beiram dúvidas.
. Augusto
Comte manteve , consolidando e desenvolvendo a distinção anunciada por Gall,
entre o coração (sentimento) e o espírito (Inteligência), isto é , entre o Sentimento
e a Inteligência, consagrando a
preeminência do primeiro com uma
verdade aforada à ciência moderna, para localizar estes dois
atributos gerais , procedeu o filósofo `a hipótese mais simples, que o caso
podia comportar. Assim, colocando o
problema encefálico em seu ponto inicial, já se conhecia os dois aparelhos externos, com os quais o
encéfalo se comunica, o aparelho sensitivo ( órgãos do Sentidos) e o aparelho
motor ( o conjunto dos músculos), estes dois últimos , hoje em dia, conhecidos
como Grandes Vias Aferentes e Grandes
Vias Eferentes , respectivamente.
Ora
são os órgãos intelectuais ou da Inteligência, os que entretém relações diretas com os
sentidos, cujas as funções externas eles concentram e complementam ; nestas condições , fica a
massa encefálica, dividida em duas
grandes porções, uma frontal,
correspondente a Inteligência e
outra posterior (baixa, média e alta), correspondente aos Sentimentos ( Coração) .
A
palavra Simpático (Simpatia e Afeição) sofre uma divisão entre o Sentimento
propriamente dito e o Caráter,
porque, ao passo que o primeiro
designa o impulso , a palavra caráter isolada
representa o conjunto das qualidades de execução, qualidades práticas , das quais dependem os
resultados efetivos mesmo no encéfalo dos pensadores -Cientista, filósofos
,escritores , músicos etc.
Cedendo
à justa autoridade de Gall, Augusto Comte acolheu, em sua filosofia, uma distinção
entre Sentimento e Pendor, nos
quais o filosofo acabou reconhecendo apenas a
expressão de dois modos alternativos de toda força positiva, principalmente vital e sobretudo animal. Cada função afetiva,
portanto, representa um pendor, isto
é, uma inclinação ou tendência ou
propensão, quando se torna ativa; e
um Sentimento,
quando se torna passiva.
Quanto
ao termo Instinto, este, em sua
verdadeira acepção exprime todo o impulso,
espontâneo para uma determinada direção; e tanto constitui uma função em qualquer animal como especificamente no homem. Mas tal termo, é
mais usado para representar os pendores
mais grosseiros e mais enérgicos da
natureza animal, como o pendor nutritivo ou o sexual. Ainda há quem use a palavra Instinto para exprimir as tendência
para os atos, nos demais animais à exceção do homem; como se fossem impulsos
mecânicos, distinguindo-os assim das ações do homem. Isto porém representa
resquícios do automatismo de Descartes,
o qual já não se pode mais admitir
depois de inúmeras e judiciosas
observações de Jorge Leroy, as quais já
nos referimos (Cartas sobre os Animais) e
de outros que o sucederam.
O
pendor mais grosseiro e mais geral na
escala dos seres zoológicos é o
nutritivo. Os pendores mais nobres surgem à medida que se sobe na escala
zoológica, sendo mais raros o número de seres a que estes
pertencem.
Anatomicamente o encéfalo representa uma expansão
da medula, ele se desenvolve de traz para adiante. Na serie vertebrada, as partes superiores e anteriores rudimentares no peixe,
desenvolvem-se até os mamíferos mais eminentes.
Determinando
as sedes para os dois grupos de tendências
egoístas e altruístas, a Teoria
Positiva dá a extremidade
anterior da região afetiva `a
sociabilidade ( Occipital Alto) - na parte traseira, da parte mais anterior do Lobo Posterior ou do Lobo Occipital -
Região da Moleira da Criança. Para uma massa mais considerável, a Personalidade, reservando-se as porções mais posteriores, isto é, ( Lobo Occipital baixo e médio) aos instintos mais
grosseiros (nutritivo, sexual, materno, destruidor, construtor, orgulho e
vaidade).
Deste
modo, parte-se anatômica ou
estaticamente falando, debaixo para
cima, isto é , da parte posterior e inferior do encéfalo - occipital baixo,
para sua porção ântero-superior
(occipital alto); do mais grosseiro egoísmo, (que confina com o corpo ou
soma, pela medula), para o supremo
altruísmo,(que limita com a região
da mentalidade ou intelectual).
Semelhante
disposição estática consolida a harmonia entre os dois grandes atributos - A Inteligência e o Amor(
Apego, Veneração e Bondade - O
Altruísmo).
Com efeito, mais do que o egoísmo,
é o altruísmo apto para dirigir e
estimular a inteligência.
Sobre
este texto podemos citar Augusto Comte :
“ Ele ( O
Altruísmo) fornece-lhe (à inteligência) um campo mais vasto, um fim mais difícil, e mesmo uma participação mais indispensável.
Sob este último aspecto, sobretudo, não
se sente bastante que o egoísmo
não tem necessidade de nenhuma
inteligência, para apreciar o objeto de
sua afeição, mas somente para descobrir
os meios de satisfazê-la. O Altruísmo
pelo contrário, exige além disso, uma
assistência mental, afim de conhecer o
Ser exterior, para qual ele tende sempre. A existência social não faz
senão desenvolver ainda mais esta solidariedade natural, em virtude da
maior dificuldade em compreender o
objeto coletivo da Simpatia. Mas já a vida doméstica manifesta a sua necessidade constante, em todas
as espécies bem organizadas.” Política Positiva - Tomo I - Pag 694.
Assentada a base da Vida Moral no dualismo assinalado, egoísmo e altruísmo, uma
operação intermediária transforma-o numa
progressão ternária, interpondo entre o
egoísmo propriamente dito e o altruísmo ( Apego , Veneração e Bondade), uma
ordem de Sentimentos de caráter duplo, pessoais quanto a origem e fins, e sociais quanto aos meios, pois a satisfação
a que dão lugar depende dos laços entre cada indivíduo e os seus semelhantes.
A sede dos
instintos Egoístas de Transição ( Instinto de Aperfeiçoamento + O Instinto de
Ambição) ficam sendo uma, a qual
deve ocupar partes progressivamente mais altas do Lobo Occipital.
Consideremos
cada um dos três grupos, Moral, Intelectual e Prático das funções psíquicas ou
abstratas do Encéfalo.
As
funções psíquicas ou abstratas referentes ao interesse direto, que constitui o
egoísmo fundamental, dividem-se em duas ordens de instintos, da
conservação e de aperfeiçoamento.
Os
primeiros, que são os mais enérgicos e mais universais, comportam igualmente
uma distinção, segundo se referem à conservação do indivíduo ou da espécie.
O primeiro - conservação do Indivíduo, é mais geral; o segundo -
conservação da Espécie, revela-se nos seres onde sexos são separados; o
primeiro é chamado instinto nutritivo, devido à sua principal atribuição,
devendo-se não esquecer que ele está ligado a tudo que se refira, direta ou
indiretamente à conservação material do indivíduo.
Gall
eximiu o instinto nutritivo, de uma sede especial no Encéfalo. Haja visto como
nos animais destituídos de encéfalo, como por exemplo os protozoários,
verifica-se a manifestação do instinto Nutritivo. Mas , se a mais ínfima
animalidade, pela falta completa de
diferenciação, comporta a ausência de
sede especial, para o mais fundamental dos instintos - o Nutritivo, a
determinação de tal localização, é tanto
mais imprescindível, quanto o animal cresce em dignidade, isto é, quanto
mais ele se aproxima do Ser Humano, a qual
solicita pendores mais variados, cujos os diferentes impulsos desviariam
o Ser, dos cuidados da conservação, se um órgão particular, para o instinto
Nutritivo não lhe proporciona-se uma
garantia preponderante.
Comecemos agora
a enumeração dos órgãos dos instintos Egoístas ou Pessoais, isto é :
O
Instinto nutritivo se localiza assim, na parte
cerebral mais inferior, e mais
próxima possível do aparelho motor e das
vísceras vegetativas.
O
Órgão destinado ao instinto nutritivo é
o cerebelo onde estão as funções
Motoras do equilíbrio
entrelaçadas com os dos Movimentos; Movimentos estes os Voluntários, em sua
parte mediana, ficando as porções laterais dedicadas à sede do instinto sexual ou reprodutor, ao instinto
de conservação individual, onde Augusto Comte denominou nutritivo em virtude de
seu principal atributo. Mas convém notar e não esquecer nunca os outros
atributos deste instinto; é ele, por exemplo, que nos impele a tudo quanto
pode assegurar a conservação da nossa
existência; assim , é o instinto nutritivo, que suscita todos os movimentos que
asseguram os nossos equilíbrios, ele é ainda o que nos submete às vezes a
dores, a grandes sofrimentos para salvação da nossa vida. É o instinto
verdadeiramente universal na escala zoológica, existindo até nos tipos mais
rudimentares. Mas, a conservação da espécie,
além do instinto sexual, compreende o instinto materno, o qual, prende o
animal aos produtos e aos filhos; primeiro destes instintos, isto é, o sexual,
é mais enérgico e mais geral, pois se verifica
nos animais de sexos já separados,
sem que ainda se revele nenhuma solicitude da parte dos progenitores para com os filhos.
Assim,
a localização conservadora forma a
progressão ternária: Instinto Nutritivo, Instinto Reprodutor e Instinto
Materno. Estaticamente sucedem-se as três sedes: Parte Média do Cerebelo, (
Órgão Impar); seus Lados (Órgão Par); Porção Médio Posterior do Cérebro
Inferior (Órgão Impar), respectivamente.
Comparados
os dois instintos da Conservação da
Espécie, ou seja, o instinto sexual e o materno; verifica-se que um, o
sexual, é mais grosseiro, prepondera no sexo masculino; e o outro, o materno, é
mais nobre, e prepondera no sexo
feminino.
Seguem-se
aos dois citados instintos dos Aperfeiçoamentos, um por
destruição e o outro por construção .
Ao
passo que os instintos da conservação se referem à vida vegetativa ou de nutrição, estes
concernem à vida animal ou vida de relação; mais elevados, embora ainda
colaborem como satisfações pessoais .
Os instintos do Aperfeiçoamento são dois,
Instinto Destruidor ou Militar;
e o Construtor ou Industrial.
Os
dois termos Militar e Industrial traduzem as duas tendências na espécie humana
em que, de fato, eles atingem seu termo supremo; o primeiro, o Instinto Militar
pela conquista permanente, preparando a Paz; e o segundo, o Instinto
Construidor, preparando a Indústria
coletiva.
Quanto
ao papel dos dois pendores do
aperfeiçoamento, um impele a destruir os obstáculos; o outro,
a construir os meios; o primeiro,
mais indispensável, mais fácil,
mais universal, que o segundo. Este
porém existe, em todos os animais em que
os instintos de conservação,
mormente o materno, exige trabalhos especiais, donde emanam as tendências
construtoras dos animais, sobre a influencia da maternidade ; como as aves, que
preparam os ninhos, etc.
A
sede do instinto construtor, reside ao
lado do órgão materno, devido às relações
dinâmicas entre dois pendores, o
instinto construtor e materno ( órgão par);
a sede do instinto destruidor,
acima do órgão materno ( Órgão Impar); as tendências intermediárias , de
caráter ambíguo, compreende os dois pendores- o Orgulho , isto é, a necessidade
de domínio; a Vaidade isto é,
a necessidade de Aprovação.
Ambos
dependem em suas satisfações, dos laços sociais, sendo que a Vaidade é sob este aspecto, superior ao Orgulho.
Apreciados,
na Espécie Humana, os dois instintos, Orgulho
e Vaidade, eles caracterizam os
dois poderes - o Temporal e o Espiritual respectivamente; e o
que comanda
e o que aconselha respectivamente; um tende ao comando, ao ascendente pessoal pela força; o outro,
pela persuasão ou convencimento, respectivamente.
As
respectivas sedes acham-se colocadas: a do Orgulho ao lado do Órgão Industrial
( Órgão Par- Instinto Construtor ), o da Vaidade, acima do mesmo órgão (Órgão Impar). Termina assim a
região afetiva fundamental por um órgão mediano, como aquele que a
começou.
Completa-se assim , a Progressão Estática
fundamental,(Parte Anatômica e
Estrutural da Abstração - Órgãos da Abstração) a lógica das interfaces e
interdependência , grupando os 7 pendores pessoais, comuns a quase todos os
animais superiores, de acordo com as
atividades ou funções.
Passemos agora aos Sentimentos
que nobremente determinam a vida Moral; os Altruístas.
Eles
são menos enérgicos e mais eminentes, e formam uma progressão ascendente;
formam pluralidade segundo as determinações de
Gall, disposta em progressão ascendente :
Apego,
Veneração e Bondade.
Em
sua fraqueza encontram estes
pendores uma compensação em sua índole
eminentemente social; permitem a colaboração, livre de conflitos, em que os
seres podem saborear as mais profundas e
agradáveis emoções.
O
primeiro (Amizade ou Apego) é mais
enérgico, liga sempre dois seres, a um tempo; é o instinto da igualdade, e é a
base da vida doméstica, ligando os cônjuges, os irmãos e os amigos entre eles.
A Veneração aplica-se aos superiores; aos pais, aos mestres,
aos antepassados, aos Grandes Vultos da Humanidade. E a todos os fenômenos que
estão fora de nossa intervenção. - Poder da Terra, dos stros, as órbitas dos
astros, o nascer e o pôr do sol; as erupções, os degelos, as tempestades, as tormentas etc.
O
caráter essencial da Veneração é o
da submissão voluntária; animais há, como o cão eminentemente dotados
deste sentimento.
A
Veneração estabelece transição para
a Bondade, ou o amor universal, esboçada pela teologia na caridade cristã . A
bondade prende-nos aos inferiores; sua destinação é geral, enquanto que a dos
dois primeiros é especial.
De
acordo com Augusto Comte:
“
Seu caráter (da bondade) consiste, com efeito, em uma destinação coletiva
qualquer que seja a sua extensão. Desde o amor da tribo ou da povoação, até o
mais vasto patriotismo, e mesmo até a
simpatia para com todos os seres assimiláveis,
o sentimento não muda de natureza;
ele se enfraquece e enobrece,
segundo a lei, comum de minha série
afetiva” - Política Positiva Tomo I - Pag 703.
Retificada
pelo filósofo Augusto Comte, algumas opiniões de Gall quanto à localização dos três instintos Altruístas,
acha-se esta do seguinte modo determinada: a da Bondade,
na mais elevada porção mediana do cérebro occipital; a da veneração
imediatamente atrás da Bondade. O Apego, porém, reside em órgãos pares aos lados
do órgão da veneração. O Apego,
inclinado de ante para traz, vem
ligar-se, em baixo , ao órgão da Vaidade, mantendo assim a continuidade total da vida afetiva.
Termina deste modo a região afetiva do Encéfalo por um órgão
par, Apego e dois impares (veneração e bondade)
Passemos agora apreciar as
funções concernentes à Inteligência:
Distinguem-se
duas funções mentais: Uma relativa
à Concepção e
a Expressão . Existe uma grande
conecção entre as duas, como o provam
certos termos; a palavra
lógica oriunda de um termo grego , quer dizer palavra, e aplica-se
ao raciocínio. A pesar de ligadas, as duas funções da concepção e da expressão, permanecem independentes, como o
provam os casos de moléstias, que exaltam uma,
deprimindo outra; e o desenvolvimento da linguagem, durante a infância o
qual precede o desenvolvimento do
raciocínio.
Augusto
Comte, portanto adota a opinião de Gall, que elegeu um órgão especial para a
Linguagem, não só no homem como em todos os animais superiores.
Quando
as relações animais são ainda embrionárias; a simplicidade orgânica, não
permite mais que dois órgãos: um para
cada função, a expressão e a concepção. Desde que o cérebro se desenvolve , que as relações animais se ampliam, com o
surto do instinto materno, pode-se dizer que o aparelho intelectual se
complica, pela divisão da faculdade de concepção, enquanto que a da expressão,
permanece simples.
A
Concepção divide-se em ativa e passiva, embora harmônicas.
A
primeira qualifica-se de Contemplação, a segunda de Meditação.
Residem as respectivas sedes: a da Contemplação, na parte inferior do Lobo Frontal; e a da Meditação,
na parte superior do mesmo.
Augusto
Comte faz resultar tal determinação anatômica de duas ordens de considerações subjetivas: há necessidade
de aproximar dos órgãos sensitivos à
função cerebral, que é a única que se
liga diretamente as suas operações (
Contemplação ), e por outro lado, a obrigação de fazer suceder à região afetiva, o órgão intelectual que, em
virtude dos dados que fornece ao exterior, tem de apreciar a conveniência final dos impulsos, que emanam
dos diferentes pendores (meditação).
Resolve-se assim, o dualismo mental, em uma
serie ternária : a
Contemplação, a Meditação e
a Expressão.
A
Contemplação e a Meditação sofrem por seu turno, uma divisão, para que se
chegue às funções verdadeiramente irredutíveis. Assim, a contemplação ou é
concreta, referente aos seres, ou abstrata referentes aos atributos.
À
semelhante divisão, correspondem órgãos também distintos; o órgão da
contemplação concreta está mais ligado às impressões exteriores, do que o
da contemplação abstrata.
Menos
aproximada dos sentidos, do que a observação concreta, a sede da observação
abstrata, representa um órgão impar, colocada na linha mediana como alias exige
a solidariedade mais intima de suas duas metades.
O
Órgãos da Contemplação concreta é par,
do qual uma das partes, se acha acima do olho correspondente e tendendo para
a orelha vizinha.
·
Aparelho
da Meditação compõem-se de dois Órgãos ;
o da Meditação Indutiva e o da Meditação
Dedutiva.
O Órgão Meditação Dedutiva é impar, e
ocupa o meio da parte superior do Lobo Frontal. O Planejar depende sobretudo
dele .A sua sede fica deste modo, em contato com a dos pendores mais nobres; a
ordem contígua ao AMOR ( é preciso que o órgão que liga intelectualmente os
acontecimentos ( Meditação Dedutiva),
resida perto do instinto que afetivamente ligue os Seres - (Órgão da Bondade).
O
Órgão da Meditação Indutiva é par, e
cada metade está em contato com o órgão observador - (Contemplação Abstrata) ,
que lhe fornece os dados habituais - Idéias .
Resta-nos
o Órgão da Expressão: a função deste órgão consiste em inventar
os sinais para comunicação dos sentimentos e dos projetos .
No início da escala zoológica, a linguagem cifrava-se nos
próprios atos, os quais traduziam e traduz
os impulsos, de onde dependem.
Quando
a relações morais dos animais se complicam, a expressão se torna artificial, formando-se então, pela
decomposição dos gestos e dos sons, os sinais ;
no primeiro caso estes são representados pelos gestos
e pelos movimentos, mais expontâneos, correspondentes às paixões ; no
segundos institui-se a linguagem verbal.
A Teoria Cerebral dá, como sede da expressão,
cada extremidade lateral da região especulativa, ( Lóbulo Frontal-
local da Inteligência), estendendo-se depois, para as frontes, ficando,
assim equidistante do olho e do ouvido, seus principais
auxiliares; e por outro lado, fica esta sede contígua à região ativa do cérebro - Caráter,
da qual esta região contém um laço
imediato com o conjunto do aparelho - o conjunto dos três (coragem, prudência
e perseverança).
Vejamos
agora a aptidão prática ou as funções do caráter.
Todo Ser ativo, diz Augusto Comte, deve ser
dotado de coragem, para empreender; de prudência para executar; e de firmeza para realizar.
As
sedes destes atos devem confundir-se com
a região afetiva e com a especulativa , do que depende a eficácia
de sua atividade, igualmente útil a vontade e ao conselho.
Para a Firmeza ou Perseverança , fica destinado um órgão médio , já assinalado
por Gall, atrás da Veneração
e na frete da sede atribuída por Augusto Comte à Vaidade.
Aos lados (órgão par)
reside a Prudência ,
inclinada para adiante , até a região intelectual, e cruzando, no início com o órgão do Apego, que pende em sentido
inverso.
O órgão da Coragem fica
colocado ao lado do órgão impar da
Vaidade. Os três órgãos da atividade ou caráter, acham-se colocados na mesma ordem, segundo o crescimento em
dignidade, e o decréscimo em generalidade; dispondo-se os órgãos, da
coragem para a perseverança , de traz
para adiante e de baixo para cima.
Apresentamos, no quadro I, o esquema
cerebral, não algo que se ache
nas obras de Augusto Comte; ao contrário, segundo o próprio, a sua
Teoria Cerebral não comporta,
nenhuma representação gráfica, pois a forma
e a grandeza de cada sede ficam
ai indeterminadas (Vide Política Positiva - tomo I ; pag. 730).
Em vez de escrever as funções cerebrais num quadro esquemático, indicamos aqui sobre
um desenho de um cérebro, segundo a ordem estabelecida pelo Filósofo, sem a mínima pretensão de
localizar, os órgãos com precisão ; a precisão fica somente apontadas segundo
as suas mútuas relações.
Em função da evolução da ciência
aos dias de hoje , vamos neste momento trazer algumas novidades , apenas
como mera colaboração intelectual, para
mostrar aos leitores , que
Augusto Comte , não foi contestado em
suas proposições positivas, mesmo com avanço da ciência ao nível de hoje.
O cérebro humano e o seu processo
operacional , ou melhor dizendo , seu Processo Mental, tem sido para nós, o mesmo que o
mistério em torno da Existência do Planeta Terra , no que diz
respeito as dúvidas sobre o Universo.
Embora o cérebro, tenha permanecido
muito mais distante , que a questão da “terra incógnita, no
conhecimento humano, no entanto recentes progressos nas ciências
Biológicas, particularmente na Biologia Celular, tem trazido um incremento aos entendimentos ou compreensão do que acontece com o Cérebro - local este,
constituído de mais de 30 bilhões de células altamente sofisticadas e especializadas.
As
estruturas primitivas, envolve na sequência que comanda as Células Humanas ,
como se fosse interessado com as funções
reguladoras do corpo, tais como a
respirações, a circulação do sangue e
o sono. Estes centros são
hoje bem conhecidos as suas
localizações, na medula e na coluna vertebral.
Nas folhas seguintes , de numero
xxx e www , apresentamos uma
visão sintética de todos os órgãos, componentes do Encéfalo Humano, com
bases nos Critérios Anatômicos(A)
e com base na Seguimentação ou
Metameria (B), respectivamente.
Após esta visão Estática, vamos analisar o Aspecto Dinâmico da Abstração ,
pag yyy
A) Parte Anatômica e Estrutural - Aspecto
Estático Biológico
-- Órgãos Biológicos --
Divisão do Sistema Nervoso Com Base em Critérios Anatômicos.
I)
Sistema Nervoso Central
1) Encéfalo
1.1 Cérebro
1.1.1 Telencéfalo
1.1.1.1 - Lobo Frontal - ou Anterior ou Dianteiro
1.1.1.2
-Lobo Temporal - Lateral Próximo do Frontal*
1.1.1.3-
Lobo Parietal -Lateral Próximo do Occipital* 1.1.1.4
-Lobo Occipital - ou Posterior ou Traseiro
1.1.1.5
-Lobo Central ( Ínsula) - Dentro do Cérebro
1.1.1.6
- Face Medial *No texto do Livro
1.1.1.6.1 - Corpo Caloso usamos a expressão 1.1.1.6.2 - Fórnix
Parietal, para incluir
1.1.1.6.3
- Sépto Pelúcido o Lobo temporal e o 1.1.1.7 - Córtex Parietal propriamente. 1.1.1.8 - Massa Branca
1.1.1.9 - Hipocampo
1.1.1.10 - Ventrículo
1.1.2 - Diencéfalo
1.1.2.1 - Tálamo
1.1.2.2
- Hipotálamo
1.1.2.3
- Eptálamo
1.1.2.4
- Subtálamo
1.1.2.5 - Glândula Pineal
1.1.2.6 - Glândula Hipófise
1.1.2.7 - Corpo Mamilar
1.1.2.8 - Corpo Caloso
1.1.2.9 - Fornix
1.1.2.10- Pituitária
1.1.3
- Núcleos da Base e Centro Medular -
1.2 - Tronco Encefálico
1.2.1 Mesencéfalo
1.2.2 - Ponte
1.2.3
- Bulbo
1.3 - Cerebelo
2) Medula Espinhal
II) Sistema Nervoso Periférico
1) Nervos
1.1
Espinhais
1.2
Cranianos
2) Gânglios
3) Terminações Nervosas
A) Parte Anatômica e Estrutural - Aspecto
Estático Biológico.
Divisão do Sistema Nervoso Com Base na Segmentação ou Metameria.
Ou
Conexão
com Nervos.
1) Sistema Nervoso Segmentar - Pertence ao Sistema Nervoso Segmentar
todo o Sistema Nervoso Periférico , acrescido as partes do Sistema Nervoso Central que estão em relação direta com os Nervos Típicos , ou seja a Medula Espinhal e Tronco Encefálico.
2) Sistema Nervoso Supra - Segmentar - Pertence ao Sistema Nervoso Supra Segmentar o Cérebro e o Cerebelo
#############################
Esta divisão põe em evidência as semelhanças estruturais e funcionais existentes
entre a medula e o tronco
encefálico(1) em oposição ao cérebro
e cerebelo(2).
·
Assim nos
Órgãos do Sistema Nervosos Supra- Segmentar(2), a substancia cinza se localiza
por fora da substancia branca , formando uma camada fina, o Córtex, que reveste
toda a superfície do órgão.
·
Nos Órgãos
do Sistema Nervoso Segmentar(1), não
existe Córtex , e a substancia cinza pode se localizar dentro da branca , como
ocorre na medula.
·
O Sistema
Nervoso Segmentar surgiu na evolução antes do Supra Segmentar e pode se
dizer funcionalmente que lhe é subordinado.
·
De um modo
geral, as comunicações entre o Sistema
Nervoso Supra Segmentar (2) e os órgãos
periféricos receptores e efetuadores
se fazem através do Sistema
Nervoso Segmentar(1)
Com base nesta
divisão, pode-se Classificar os Arcos
Reflexos em :
Supra Segmentares
- Quando o componente Aferente se liga
ao Eferente, no Sistema Nervoso Supra Segmentar.
Segmentares - Quando o
componente Aferente se liga
ao Eferente , no Sistema Nervoso Segmentar.
Os Nervos Olfatório
e Óptico se ligam ao Cérebro ,
mas não são Nervos Típicos.
(B) PARTE FISIOLÓGICA - MORAL POSITIVA -
ASPECTO DINÂMICO DA ABSTRAÇÃO
As Funções Sentimentais ou Afetivas determinam os motivos de
ação; delas emanam os desejos; são mais espontâneas; as funções intelectuais
são consultivas, apreciam as conveniências dos desejos, bem como esclarecem o
fim exterior, para os quais tendem os
atos, que as funções práticas efetuam; estas últimas, de fato, representam a aptidão para realizar as
indicações ou desígnios, assentados ou definidos.
As Funções Práticas ou de
Caráter ou de Ações ficam deste modo
mais ligadas às funções Intelectuais (
de Conselho ou de Espirito). A sua sede deve portanto ocupar uma zona intermediária entre a do
Sentimento e a da Inteligência; mais
aproximada do, órgão Frontal do que do
Cerebelo.
Composta
inicialmente de Coração e de Espírito (
Sentimento e Inteligência), oferece-nos agora a Alma Humana , uma
sucessão ternária, Sentimento
propriamente dito, o Caráter e a Inteligência. Do mesmo modo, o dualismo
anatômico inicial, resolve-se na sucessão normal , uma parte posterior para o sentimento ; anterior para a
inteligência e média para o caráter.
Ficam
as regiões Abstratas principais do cérebro ou melhor do Encéfalo, assim
harmoniosamente ligadas, por meio de uma
Análise Metodológica Subjetiva.
O
que constitui a unidade cerebral ou encefálica é o Sentimento, Centro Normal de
Nossa Vida Moral. Os órgãos, que lhe são destinados, não se comunicam
diretamente com o exterior, permanecendo assim ao abrigo de seus estimulantes
diretos. A zona Afetiva ou de Sentimento do Encéfalo, se comunicando com
as zonas da Inteligência e do Caráter,
recebe de uma as informações
lógicas de que dependem as suas Emoções, e, à outra comunica os impulsos, que nascem de seus Desejos
espontâneos, e é recitada pelos Atos ou Ações .
As
regiões da inteligência e do caráter mantém relações normais com o exterior,
para conhece-lo e modificá-lo, mediante os aparelhos sensitivos e locomotores .
Como
a Atividade, sobrepõem o Apego e o Entusiasmo, à Inteligência, e
estes, o Apego e o Entusiasmo, estimulam
e fertilizam a Inteligência ou espirito,
lubrificando e iluminando os
raciocínios.
Augusto
Comte caracteriza a harmonia fundamental da Alma, no seguinte verso,
sistemático:
Agir
por Afeição e Pensar para Agir
Os
atos ou ações sem um estimulo e um fim
afetuoso, são uma desregrada e estéril
atividade.
O
consenso total da vida ou o principio de unidade, tem o seu regulador supremo no cérebro. Mas
durante o sono, em que a vida Encefálica
pode adormecer por completo, desaparecem o consenso e a continuidade da existência animal ?
A
pergunta corresponde a uma questão rebatida entre os metafísicos,
sobre se as mais elevadas funções da Alma são contínuas ou
intermitentes.
A
solução que oferece a Teoria Positiva
do Cérebro , elaborada por Augusto Comte, baseia-se na conecção
estabelecida por Gall entre a
simetria dos órgãos da animalidade
e a intermitência de seus
respectivos atos; e , por outro lado, na preeminência das funções afetivas , formando o centro da unidade e a fonte da continuidade do Ser ; não houve uma descontinuidade de Existência Subjetiva.
Os
órgãos mentais e práticos estão sujeitos a Lei da Intermitência( que será vista
mais à frente no texto deste livro),
tanto quanto os aparelhos
externos , com os quais se comunicam, pelas
sensações e pelos movimentos. Os
órgãos afetivos, porém mantém a sua atividade continua, mediante o exercício
alternado de suas partes simétricas.( Hemisférios cerebrais)
O
sono que entorpece as impressões externas e os movimentos, devem entorpecer por
igual as faculdades centrais que lhes correspondem, mais as funções morais,
para manterem a unidade e a continuidade da Alma velam sempre.
É
preciso ainda manter a assistência à
vida vegetativa, que está ligada aos principais instintos de
conservação.
Disse
Augusto Comte, na Política Positiva- Tomo I - Pag 690.
“ Sob este
duplo título , a região afetiva do cérebro pode funcionar mais no sono
do que durante
a vigília, em virtude do repouso das
outras duas. A inércia destas, só raramente permite a manifestação de tais operações afetivas que, quase nunca deixam traços distintos e duráveis. Nos sonhos ou delírios,
que comportam uma tal apreciação, esta
fornece o melhor indício das inclinações
dominantes, então libertadas de todo o
embaraço exterior ” -
O Enredo do Sonho, fornece indicações
sobre os Sentimentos
preponderantes do Indivíduo; desta forma,
a Teoria Cerebral criada por Augusto
Comte , veio antecipar-se à uma das conclusões centrais
da Psicanálise de Freud.
Em
outras palavras, isto acima dito por
Augusto Comte é a expressão positiva do
que metafisicamente
se entende por inconsciente.
A vida afetiva ou de Sentimento comporta por sua vez, uma divisão : Personalidade (Egoísta) e Sociabilidade (Altruísta).
Tal distinção lança a base natural da vida moral, esboçada em biologia. Ela traduz-se no conflito tão celebrado na natureza humana, entre
o bem e o mal , ou a Natureza e a
Graça do Catolicismo; ou entre o Egoísmo
e o Altruísmo, após sua consagração Positiva.
A Personalidade ou o egoísmo é mais enérgico que a Sociabilidade ou
Altruísmo, e domina na existência individual; o estado social tende a inverter
esta ordem individual, desenvolvendo as tendências
mais nobres e mais fracas e comprimindo as mais grosseiras e fortes. Tanto a
personalidade como a sociabilidade, os dois aspectos gerais de nossa existência moral, dividem-se em diferentes tendências
elementares, segundo a regra taxonômica da dignidade crescente
e energia decrescente.
A Veneração e a Bondade, que formam as funções
mais complexas de Sentimentos compostos
de Inveja, Ciúme, Gratidão, etc, nem os
impulsos que levam a certos atos ou
ações complexas, como o furto, o assassinato etc. Analisando porem estes sentimentos
e atos complexos através do Quadro
Sistemático da Alma - descortinam-se as
tendências irredutíveis que lhes formam a
essência. No entanto nestes sentimentos compostos não figuram no quadro cerebral de Augusto Comte.
A Inveja, por exemplo, representa o
desejo de prejudicar, de destruir o Mérito, e até a própria vida de outrem, sob
os influxos de um dos pendores
egoístas exaltado e chocado. Assim ,
semelhante sentimento nasce da união do instinto destruidor, com um dos outros, desde o instinto conservador do indivíduo, e da
espécie ( no caso formando então o ciúme) até o
orgulho e a vaidade.
A Gratidão representa uma inclinação simpática por alguém que nos alimentou
o interesse , geralmente o instinto da
conservação . Este instinto de
conservarão excita particularmente a veneração; é com efeito, comum venerar a
quem de qualquer modo, nos ampara materialmente, moralmente ou intelectualmente. Relação entre
estas duas tendências constitui o fundo
orgânico do pendor dos folhos pelos pais. Também o apego e a bondade, podem
como a veneração ser estimulados pelos pendores egoístas .
A
Vaidade excitada desperta o Apego. A
Gratidão muitas das vezes só dura
enquanto se mantém o egoísmo
satisfeito ; nas melhores naturezas , porem, apesar da retirada deste egoísmo, mantém o afeto , entregue ao próprio
delicioso exercício. A sabedoria popular costuma aferir o Mérito Moral, pela
gratidão. De fato, quem não é capaz de amar nem sob o estímulo de um egoísmo
satisfeito, muito menos o fará pelo
único gozo de amar.
Sob outros aspectos , os sentimentos pessoais,
muito mais enérgicos servem de
estimulantes ao Altruísmo; como por exemplo o Instinto Reprodutor : Uma união
iniciada sob sua influência, pode acabar
consolidada pelo mais desinteressado amor, o qual continua então a se manter
à custa de seus próprios encantos, vide ; “ Amar e ser
Amado, de Pierre Weil ”. O Orgulho, igualmente, reage sobre as tendências
Simpáticas. Conhece-se grandes estadistas
que galgaram sempre o poder pelo desejo de domínio, fazendo dos estímulos
pessoais satisfeitos, um instrumento
para a felicidade da Pátria, como também se observa , no entanto, nem sempre
isto ocorre.
A
sabedoria humana por estas disposições de nosso encéfalo, pode transformar até as
nossa fraquezas , o nosso próprio egoísmo, em fontes de aperfeiçoamento. Como escreveu são
Francisco de Sales - 1622 - no livro a Arte
de Aproveitar-se
dos Próprios Defeitos.
Certos
instintos, como o materno, pela suas fáceis reações , principalmente
influenciado pelo progresso social, confunde-se muitas vezes, com as simpatias que despertam. O Instinto materno é
muito comumente confundido com o
Altruísmo, que a ele se associa. Mas, a observação zoológica evidencia a
natureza egoísta deste pendor, já
bem caracterizado em espécies nas
quais ele não se subordina à afeições superiores. Presencia-se isto mesmo em nossa
espécie, dadas certas índoles morais.
Está na mesma condição o instinto
sexual, que sendo intrinsecamente um pendor egoísta , pode no entanto
despertar o Apego ou a Bondade.
Reconhecida
a multiplicidade dos instintos, a harmonia em uma natureza complexa, só pode
resultar da subordinação das
tendências espontâneas à um
móvel impulso ; este motor único , pode ser egoísta ou altruísta .
Apreciado através da Teoria Cerebral, a segunda modalidade de unidade, isto é, a modalidade Altruísta, é
a única compatível com a existência
real; é o único durável e completo .
Os
impulsos pessoais são múltiplos, e sendo todos mais ou menos enérgicos, geraram
conflitos, tornando-se dolorosamente penoso o equilíbrio cerebral.
Só a subordinação normal da conduta por
motivos externos, mediante os laços que
nos unem aos outros, pode
determinar um estado duradouro e feliz de unidade.
Segundo Augusto Comte - Catecismo - Pag 50 - 4 edição
em Português. :
“ Todo aquele homem ou animal que
nada amando no exterior, não vive realmente se não para si, acha-se, só por isso,
habitualmente condenado a uma desgraça alternativa de
triste fadiga, agitação desregrada , trepidação ”.
Existem certos fatos, de ordem
intelectual, que também não
figuram na classificação de Augusto Comte, como a memória, o juízo, etc., e que a velha
metafísica reputava faculdades
simples.
É que a memória, o juízo, a imaginação
etc., representam faculdades
compostas , em que entram as
diversas funções simples e irredutíveis da inteligência. Quem recorda um fato,
uma situação, quem imagina, ou que
ajuíza, estabelece, incontestavelmente, uma colaboração de faculdades simples, contemplação, indução e
dedução.
Ligando-se as funções da
atividade às do aparelho muscular, verifica-se que os atos do animal, dependem de uma contração ou descontração
(coragem), da permanecia desta contração ou descontração (perseverança) ou de uma retenção a contração (prudência)
As
funções simples Abstratas do Encéfalo que acabamos de expor; Morais,
Intelectuais e Práticas, concorrem todas na ação complexa da vontade, ou
desejo, que é gerada pelo Entusiasmo,
com fundo Emocional; porque querer, segundo a teoria positiva, a Ação
propriamente dita, cuja determinação afetiva
ou moral, já foi sancionada pela inteligência; querer, portanto, traduz,
a um tempo, sentir ou desejar, pensar e agir; que pode ser resumido em uma
máxima de Augusto Comte :
“Agir
por afeição e pensar para Agir”.
Isto
tudo que foi dito , no campo da Teoria
Cerebral de Augusto Comte, tal como ela
é expressa em seu Tratado de Política Positiva, Primeiro
Volume.
Ao terminando esta parte, registramos as
palavras do Médico Psiquiatra Positivista, brasileiro, Jefferson de Lemos:
“Como vimos, tudo começa no
estudo Científico da Alma Humana, as
tremendas devastações morais e sociais desta nossa época contemporânea , cujas consequências
desastrosas todos nós sentimos e que tem sempre posto este assunto na ordem
do dia. No entanto a dificuldade do problema só tem permitido soluções
empíricas e materialistas, quando
se afastam das soluções provisórias, hoje
profundamente desacreditadas, instituídas pelas religiões teológicas ,
que guiaram os primeiros passos da Humanidade. Com o nome de psicologia, de
ética ou moral, segundo o aspecto mais
teórico ou mais prático por que se
apresentam, estes estudos pecam por falta da necessária base científica, única capaz de dar-lhes a solução definitiva, segundo as
exigências de nossos dias.
Confundindo-se educação com simples Instrução, em virtude da preeminência que
se dá à inteligência sobre os
sentimentos; os psicólogos e pedagogos
ainda tem suas vistas
voltadas mais para a parte
intelectual de nossa natureza, como se
basta-se forma-la e desenvolve-la, para
que o problema fique resolvido. Nisto ficam
muito inferiores às doutrinas
teológicas quaisquer, que sempre
se preocuparam com o cultivo do sentimento, dos quais deve decorrer a
disciplina normal da inteligência,
segundo a máxima do grande
místico do catolicismo, quando
disse na Imitação, com toda a realidade, que os “erros do espírito provem dos
vícios do coração” . Isto foi ainda acentuado pelo grande moralista Vauvenargues
ao afirmar que “os grandes pensamentos vêm do coração” .
Estes apanhados empíricos, fizeram com que Augusto Comte , mostrasse que “não pode haver
pensamentos gerais sem sentimentos generosos” .
Não basta, pois, para levantar a
alma humana do caos em que se encontram hoje, preparar a inteligência da
criança e do jovem; não será apenas
deste modo que se hão de formar cidadãos aptos à vida social. O que é preciso é
firmar-lhes o sentimento, que constitui o fundamento de nossa natureza moral,
exercitar-lhes sentimentos generosos, corrigir lhes os defeitos egoístas, a fim
de que a sua inteligência e as suas
ações se libertem da escravidão aos maus
pendores que constituem os nossos vícios
originais ".
Vide
Esquema da Teoria Cerebral de Augusto Comte - Anexo I -
A seguir, com base nos órgãos que compõem o Encéfalo, apresentamos as
funções operacionais com suas
atribuições específicas, confirmadas
cientificamente de forma objetiva
até a data de hoje.
(D) PARTE FISIOLÓGICA -ASPECTO DINÂMICO DAS
FUNÇÕES ORGÂNICAS - FUNÇÕES
OPERACIONAIS FÍSICO QUÍMICAS DO ENCÉFALO - SISTEMA LÍMBICO - PROGRAMAS E SISTEMAS DO ENCÉFALO -
(D) Parte Fisiológica - Aspecto Dinâmico Operacional das Funções
Orgânicas - Funções
Operacionais Físico-Químicas
. Principais Funções dos Órgãos do
Sistema Nervoso Central e Periférico já Confirmados Hoje em dia - 1997 - não
contrariando as indicações contidas nas Obras do Filósofo Augusto Comte.
I) Sistema
Nervoso Central
1) Encéfalo
1.1 Cérebro
1.1.1 Telencéfalo
1.1.1.1 - Lobo Frontal - Área
Motora Principal do Cérebro - Caráter e Inteligência - Centro Cortical da Palavra Falada.
Raciocínio - Olfato.
Sentimento
- ligado ao Sistema Límbico e Hipotálamo Parte não Motora do Lobo Frontal- Ligado ao, Sistema Límbico - Raciocínio , Memória .
1.1.1.2 -Lobo Temporal - Parte importante do Sistema Límbico e controle do Sistema Autônomo.
Memória Recente.
1.1.1.3
- Lobo Parietal - Área Septal - Prazeres
1.1.1.4 - Lobo Occipital - No Córtex - Ligação com os órgãos visuais 1.1.1.5 - Lobo Central - Ínsula
1.1.1.6
- Face Medial
1.1.1.6.1 - Corpo Caloso - Conecta áreas corticais dos dois Hemisférios , exceção
das do lobo Temporal.; o corpo caloso permite a transferência de conhecimentos e informações
de um hemisfério para outro, fazendo com que eles funcionem
harmonicamente; seção
cirúrgica faz a incapacidade de descrever objetos
colocados na mão esquerda ,
embora os
reconheça.
1.1.1.6.2 - Fórnix - Órgão que faz a
ligação do Hipocampo aos Corpos Mamilares -
ligado ao Sistema Límbico.
1.1.1.6.3 - Septo Pelúcido - Nada encontramos sobre a sua funcionabilidade
1.1.1.7
-Córtex - Substancia cinzenta que se dispõe
numa camada fina , na superfície do cérebro e do cerebelo; o córtex
é funcionalmente heterogêneo: possuindo áreas sensitivas , motoras e de associação.
1.1.1.8
- Massa Branca
1.1.1.9 - Hipocampo - Estrutura do Sistema Límbico
relacionada principalmente com a estabilização do comportamento da
“Alma”.
1.1.1.10 - Ventrículo - São espaços
1.1.2 - Diencéfalo
1.1.2.1 - Tálamo - Função de Sensibilidade - Todos os
Impulsos sensitivos ou
sensações , antes de chegar ao córtex , param em um núcleo talâmico,
fazendo exceção apenas os impulsos
olfatórios ; o tálamo distribui às
áreas especificas do córtex; Sensações que recebe das
vias lemniscos, integrando-os e modificando- os. Algumas sensações como os relacionados
à dor, temperatura e tato protopático,
já são interpretados em nível talâmico .
O tálamo possui função motora,
emocional, e com a ativação do ativadora
do córtex. Mas a sensibilidade talâmica, ao contrario da cortical não é discriminativa, e não
permite o reconhecimento da forma e do
tamanho de um objeto pelo tato
Esteregnosia
1.1.2.2 - Hipotálamo- Possui funções muito numerosa
quase todas ligadas a Homesostase , isto é, com a manutenção do meio interno , dentro de
limites compatíveis com o funcionamento adequado dos diversos órgãos de controle do sistema
nervoso autônomo ; regulador da temperatura
corporal; regulador do comportamento emocional; regulador do sono e da vigília;
regulador da ingestão de água e de alimentos; regulador da diurese; regulador do sistema endócrino; regulador e gerador
dos ritmos circadianos.
1.1.2.3 - Eptálamo- Possui formações Endócrinas e não
endógenas ; a formação Endócrina mais importante é a glândula Pineal ; as
formações não endócrinas , pertencem ao Sistema Límbico; se relacionando
com o comportamento emocional e o
reflexo consensual . A glândula Pineal excreta o hormônio Melatonina; as
funções deste órgão são ainda
controvertidas ; inibe as gônadas ; regula os ritmos circadianos; o “relógio
interno” ; regula a atividade imunológica.
1.1.2.4 - Subtálamo - Regula a Motricidade Somática.
Lesões do Núcleo Subtalâmico, provocam uma síndrome
conhecida Henibalismo;
caracterizada por movimentos
anormais das extremidades . Estes movimentos são muitos violentos muitas vezes, não desaparecem nem com o sono,
podendo levar o doente a exaustão.
1.1.2.5 - Glândula Pineal - Vide Eptálamo
1.1.2.6 - Glândula Hipófise - Tem ação Primordial sobre os testículos e os ovários, produzindo
certos tipos de hormônios
excruciais à reprodução, tanto feminino como masculino.
1.1.2.7 - Corpo Mamilar - Nada obtivemos neste momento sobre
a sua ação funcional
1.1.2.8 -Pituitária - O controle do crescimento e
alguns distúrbios corporais são
causados pelos hormônios gerados nesta glândula
1.1.3 -
Núcleos da Base e Centro Medular - Núcleos da base do Encéfalo- influência sobre as áreas motoras do
córtex no movimento voluntário já
iniciado, e pelo próprio planejamento do ato motor- a degeneração de suas
células provoca a Síndrome de Alzeimer
(demência Pré Senil) onde ocorre uma
perda de memória e de raciocínio abstrato subjetivo - Área do centro do
cérebro- linguagem.
1.2 - Tronco Encefálico- O Papel do tronco Encefálico é agir basicamente na Expressão das Emoções.
1.2.1 Mesencéfalo- A substância cinzenta do mesencéfalo possui papel regulador
de certas formas de
comportamento agressivo.
1.2.2 -
Ponte- Atua nos nervos faciais -Síndroma
de Millard-Gubler, impedindo o
movimento dos olhos ; afeta também o nervo Trigêmeo
1.2.3 -
Bulbo- Afeta a metade da língua; afeta
os músculos da faringe e laringe;
afeta a metade do corpo, Síndroma de
Wellemberg ; Provoca a perda da sensibilidade térmica; perda da sensibilidade dolorosa da metade do
corpo.
1.3 - Cerebelo -
Manutenção do equilíbrio e da postura ,
controle do tônus muscular, controle dos movimentos voluntários
e aprendizagem motora.
2) Medula Espinhal -Possuem neurônios responsáveis
pelo sistema respiratório; quando
agredidos por vírus que destruam os neurônios
motores , temos a poliomielite.
Responsável pelo sentido de posição e
movimento; responsável
pela perda do tato ; responsável pela
perda da sensibilidade vibratória.
II) Sistema Nervoso Periférico
1) Nervos
1.1
Espinhais: São aqueles que fazem
conecção com a Medula Espinhal , e são responsáveis pela enervação
do Tronco, Membros e parte da Cabeça. São em número de 31 pares, que
correspondem aos 31 seguimentos medulares
existentes.
1.2
Cranianos: São os que fazem conecção com o Encéfalo. A maioria deles se
liga ao tronco encefálico,
excetuando-se os nervos olfatórios e
ópticos que se ligam respectivamente ao Telencéfalo e ao Diencéfalo.
2) Gânglios : Com relação a alguns nervos e
raízes nervosas , existem dilatações constituídas principalmente de corpos de neurônios;
conhecidos como os gânglios . Do
ponto de vista funcional existem os
gânglios Sensitivos e os Gânglios Motores Viscerais.
3) Terminações
Nervosas : Nas extremidades das fibras
nervosas, situam-se as terminações
nervosas, que do ponto de vista funcional
são de dois tipos : Sensitivas (Aferentes) e Motoras (Eferentes)
(D)
Parte Fisiológica – Orgânica Divisão do
Sistema Nervoso Com Base em
Critérios Funcionais
Podemos dividir o Sistema Nervoso em Sistema Nervoso de Vida de Relação ou Somático, e o Sistema Nervoso da Vida Vegetativa ou Visceral.
1) Sistema
Nervoso Somático - É aquele que relaciona o Organismo com o meio ambiente, por meio de
impulsos.
1.1 Aferente
1.2 Eferente
2) Sistema Nervoso
Visceral -
É aquele que se relaciona com a
inervação e controle das estruturas viscerais.
2.1 Aferente
2.2
Eferente ou Sistema
Autônomo
2.2.1
Simpático
2.2.2
Parassimpático
(D) Parte
Fisiológica - Aspecto Dinâmico
Organização Morfofuncional
do
Sistema Nervoso
Nos mais primitivos dos seres Vivos , sempre existe a necessidade deles se ajustarem continuamente ao meio ambiente para sobreviver. Devido a
esta necessidade, três propriedades do protoplasma são essencialmente
importantes : irritabilidade, condutibilidade e contratilidade. Isto
acontece até em Sociedade, a começar pela célula
a Família.
As células responsáveis por estas operações são conhecidas como neurônios, isto é, células nervosas, com
prolongamentos designados oxônios,
cujas as extremidades desenvolve-se uma
formação especial conhecida como receptor.
O receptor transforma vários tipos de estímulos
físicos ou químicos, em impulsos nervosos ou sensações, que podem então
serem transmitidos ao efetuador ( músculo ou glândulas).
Nos
animais superiores existe uma união
de neurônios, de diversos tipos unidos
de formas diferentes ,para formarem
elementos nervosos avançados e
sofisticados, cujo grupamento
se forma o Sistema Nervoso Central.
Este
sistema nervoso recebe impulsos nervosos ou sensações , vindos de certos tipos
de células nervosas - Neurônios Aferentes,
conhecidos também por neurônios
sensitivos- que através do seu Axônio , cujo o terminal a Sinapse, que está acoplado a um outro
neurônio receptor - conhecido como Neurônio Eferente, se for de um músculo- é codificado como, neurônio motor se for de um Glândula - promovendo uma
contração ou uma secreção. Estes Neurônios pertencem ao Sistema Nervoso Autônomo .
Estes
elementos envolvidos formam o que conhecemos por Arco Reflexo Simples
Cabe aqui deixar registrado que existe
um tipo de neurônio, o de Associação , que promoveu
nos vertebrados um grande numero
de Sinapse, aumentando a complexidade do sistema
nervoso e permitindo a realização de padrões
de comportamento cada vez mais
elaborado.
Os
Neurônios Sensitivos ou Aferentes, cujos corpos estão nos Gânglios
Sensitivos, conduzem para a medula ou para o tronco encefálico (Sistema Nervoso Segmentar) impulsos nervosos ou sensações que tiveram as
suas origens nos receptores,
situados na superfície - na pele, ou no interior - vísceras , músculo e tendões do animal.
Os
prolongamentos centrais destes neurônios,
ligam-se diretamente (reflexo
simples) ou por meio de neurônios
de associação aos neurônios motores (somáticos ou viscerais), os que
levam o impulso ou sensações aos
músculos ou as glândulas, formando-se
assim , arcos reflexos mono e polis
sinápticos.
Exemplo
:
Tocamos a mão em uma chapa quente.
Neste momento, é importante que o
sistema nervoso supra segmentar - Cérebro e
Cerebelo, seja “informado” do ocorrido. Assim os neurônios sensitivos
ligam-se a neurônios de associação, situados no Sistema Nervoso
Segmentar. Estes neurônios de associação levam estas sensações ou impulsos ao cérebro , onde o
mesmo é interpretado, tornando-se consciente e manifestando-se como dor. O
Primeiro é a sensação de calor - a calorição,
depois vem a retirada reflexa, e por fim vem a dor. A mão é retirada devido a
calorição.
As fibras que levam ao Sistema Nervoso supra Segmentar as informações recebidas do Sistema Nervoso
Segmentar, constituem as grandes vias ascendentes do sistema nervoso.
As Ações Subsequentes após a dor,
demandam uma série de movimentos
que envolverá a execução de um ou vários atos motores voluntários. Neste momento, os neurônios do
Córtex Cerebral enviam uma “ordem” ou
melhor “Ordens Codificadas” , por meio
das fibras descendentes, aos neurônios motores, situados no Sistema Nervoso Segmentar, informações
sobre o grau de contração e descontração tridimensional e, envia por meio de vias descendentes
complexas, impulsos capazes de coordenar a resposta motora,
via cerebelo.
(D) Parte Fisiológica - Aspecto Dinâmico Operacional Físico-Químico e Biológico
Do
Sistema Límbico
A fase medial de cada Hemisfério Cerebral observa-se um Anel
Cortical contínuo constituído
pelo Giro do Cíngulo, Giro Para-Hipocampal e Hipocampo. Este Anel Cortical , contorna as
formações inter-hemisféricas e foi considerado por Broca , como um Lobo Independente , o Grande Lobo Límbico( de Limbo = Contorno)
. Este Lobo é Filogeneticamente muito antigo, existindo em todos os
vertebrados.
O
Lobo Límbico, está relacionado ao
Hipocampo e Tálamo, unidos no circuito de Papez. Desempenham funções, como a
elaboração do processo subjetivo central da Emoção, mas também participa da
expressão de tais emoções . O
Lobo Límbico pode ser conceituado como um Sistema Relacionado Fundamentalmente com a regulação
dos processos Emocionais afetando o sistema nervoso autônomo.
(D) - Parte Fisiológica da Alma
Áreas Encefálicas Relacionadas com a Alma.
Introdução
:
O comportamento do estado da Alma,
isto é, das 18 “Funções Vetoriais do
Encéfalo”, indicadas por Augusto Comte, afetado internamente,
primeiramente e primordialmente pelo “órgão” do Sentimento (10) (3 altruístas
e 7 egoístas), que gera o Estado
Sentimental, que por sua vez é acompanhado, subjetivamente, por um vetor Subjetivo E , que externa a harmonia ou desordem entre os Sentimentos Altruístas e o egoístas ; cujo o grau de oscilação, deste vetor subjetivo E, que definimos como Emoção, isto é, o seu conjunto expressa o Estado Emocional do Ser
: complementando: é a forma
ou modo de externar os Sentimentos.
Esta Emoção também ocorre acompanhada simultaneamente de um
componente do “órgão” da Inteligência”, a Expressão
( mímica, oral e escrita ) , cuja a intensidade e facilidade de Comunicação gerada, vai depender do
nível de Pensamento, que por sua
vez depende da lucidez do conjunto das ideias, que estão armazenadas nas Memórias.
Isto tudo acoplado ao Caráter (
prudência, perseverança e coragem) .
Esta parte
dita subjetiva da interligação do Sentimento, com a Inteligência e com o Caráter
do Ser, a Medicina Moderna, codifica
de “ Conjunto Emocional Central Subjetivo”, que para os
Positivistas é um velho conhecido, e explicado, pela Teoria da Abstração - por meio da Contemplação e da Meditação.
E por outro lado, a Expressão (oral, escrita e mímica) gera
a Comunicação , que a Medicina
Moderna codifica como “ Conjunto Emocional Periférico, cuja a
ação recai sobre o Soma (somático), sobre as Vísceras
(visceral) e podemos dizer agora, com certeza,
sobre a Sociedade (social) .
Os distúrbios ou as harmonias
viscerais , provocadas pelas Emoções, promovem por sua vez, outros
distúrbios ou outras harmonias, que
inicialmente não constavam do Soma, do próprio Encéfalo e da Sociedade, de forma patológica ou de saúde.
Como não havia Prêmio Nobel em 1825,
Gall ( 1757 – 1828) não foi
agraciado e somente mais tarde, quase
120 anos depois, Hess veio a confirmar o
que Gall já havia escrito nos seus 6
volumes- Sur les Fonctions du Cerveau et
Sur Celles de Chacune de ses Parties- a respeito dentre outras coisas, de que o
cérebro era um aparelho e não um único órgão.
Sabemos hoje que a “Alma” ocupa
territórios bastante grandes do Telencéfalo e do Diencéfalo, nos quais se encontram
as estruturas que integram o Sistema Límbico, a Área Pré-Frontal , o Hipotálamo, o Tálamo e o
Tronco Encefálico - que participam
da formação e das atividades de
nossa “Alma” -
Existe uma teoria que admite
que o Encéfalo seja formado de diversos Sistemas de
Programas-Software, semelhante ao que ocorre com os computadores, que
participam de diversos Órgãos -Hardware ; segue a ideia de alguns “programas”:
1) Viver e Escolher ;2) - Crescer , Reparar e Envelhecer; 3) Pensar; 4) Evoluir ;5) Controlar e
Codificar ; 6) Repetir ; 7) Despregar, desdobrar ; 8) Aprender , Recordar e Esquecer ; 9) Tocar, Sentir e Lastimar ;
10) Ver ; 11) Necessitar, Nutrir e
Avaliar ; 12) Amar e Cuidar ; 13) Temer , Odiar e Lutar ; 14) Ouvir ,
Falar e Escrever ;15) Saber e Pensar ;16) Dormir Sonhar e Estar Consciente ; 17) Ajudar , Ordenar e
Obedecer; 18) Desfrutar , Jogar e Criar;
19) Crer e Venerar ; 20) Concluir e Continuar etc.
Do ponto de vista neuroquímico, os
territórios encefálicos relacionados, com a “Alma”, são afetados pela alteração
da concentração de alguns dos seus componentes,
aqui não eletrônicos de uma placa de CPU
de computador mas, de produtos químicos, que alteram o Estado Emocional; estes
produtos ativos ou melhor, estas
substâncias ativas, onde podemos
destacar os peptídeos, os opiláceos e as monoaminas, estas últimas originárias
em grande parte nos neurônios do Tronco-Encefálico. A riqueza destas áreas em
monoaminas, em especial, noradrenalina,
serotonina e dopamina, é muito importante, tendo em vista que muitos medicamentos utilizados em psiquiatria
para tratamento de distúrbios do comportamento(ação) e da afetividade(sentimento),
agem modificando o teor de monoaminas encefálicas. Recentes pesquisas provam
que algumas monoaminas e o opióide
endógeno beta-endorfina, exercem uma ação moduladora sobre a memória.
Augusto Comte, ao
escrever o Quarto volume da Política Positiva ou
Tratado de Sociologia , Instituindo
a Religião da Humanidade , concebeu a
coordenação das Leis Naturais formando
os domínios próprios da Filosofia Primeira, da Filosofia Segunda , da Filosofia Terceira; instituindo ainda A Moral Teórica , a Moral
Prática e o Quadro Geral dos Progressos Humanos - isto é, O Estado
Normal, do Sentimento, da Inteligência e das Ações Humanas, entrelaçando, O Trabalho, A
Produção, O Salário , O Capital , A Propriedade, A Religião, A Arte, A Filosofia e A Política .
As 15 Leis da
Filosofia Primeira ;e as definições positivas de cada uma das 7 ciências
básicas, cujo conjunto forma a Filosofia Segunda, esclarecendo assim seus respectivos objetivos, que são por sua
vez estabelecidos em termos de regras
práticas, isto é, princípios de ação, na Filosofia Terceira ou Tecnologia. Mas
primeiramente, achei por bem relembrar didaticamente e sinteticamente a Teoria
da Abstração, para consolidar esta base da estrutura da Doutrina
Positivista. http://www.doutrinadahumanidade.com/livros/augusto_comte_para_todos_viii.pdf
Resumidamente a Teoria da
Abstração :
Como vimos em detalhe A Abstração
é a operação cerebral, pela qual separamos as Propriedades de cada Ser
e, reunindo subjetivamente suas propriedades às propriedades semelhantes de outros Seres;
fazemos de cada uma delas um Ser a
parte, que isoladamente estudamos.
Propriedades
são as diversas manifestações dos seres, isto é , são os Seres em Ação , também conhecida como,
atributos ,isto é , efeitos desses Seres .
Aqui, o Ser
ou corpo é a pessoa, o animal, a planta, a rocha, o calor, choque elétrico, etc
alguma coisa que o cérebro percebe através dos seus oitos sentidos ou
indiretamente a partir de sentidos correlacionados, ou ainda com apoio
instrumental que correlacione o fenômeno e suas correspondentes variações de
intensidade, a um ou mais dos nossos oito sentidos.
O conjunto
dos Seres forma o Mundo.
O conjunto dos cérebros humanos e de animais formam a Sociedade Pensante ou Inteligente .
Tudo que é
relativo ao Homem, isto é, ao sujeito que percebe o Mundo,chama-se Subjetivo. Tudo o que é
relativo ao Mundo, e ao objeto percebido pelo Homem, chama-se Objetivo .
A operação
de Abstrair compreende duas fases :
1) A PRIMEIRA É
A FASE DE SEPARAR AS
DIVERSAS PROPRIEDADES DO SER
2) A SEGUNDA É A FASE DE
REUNIR E ESTUDAR AS PROPRIEDADES COMUNS .
Na primeira
fase temos a contemplação e na segunda
a meditação
Exemplo
: Um copo de Cristal - Contemplação Concreta.
Notamos desde logo neste corpo uma
existência quantitativa, notamos que ele
é uma unidade - um ; que é
mais ou mesmos longo, largo e espesso, tem forma definida, bem como suas dimensões são bem determinadas
.Notamos, quando o largamos de nossa mão, que ele tende a mover-se, em direção à Terra, tende a cair, se o não detivermos impondo algum obstáculo; o que quer
dizer possui movimento e por conseguinte peso.
Percutido ele soa. Ao contato, ele indica que é mais ou menos frio; ao ser visualizado, que ele reflete luminosidade, ele é mais
ou menos luminoso. Atritado com alguns outros corpos, adquire a
propriedade de atrair os mais leves , manifesta assim o que chamamos
de eletricidade estática, possui um efeito
elétrico .E nos evoca fatos ligados a
nossos Sentimentos, manifestando assim o efeito do Amor. .
Se tomarmos como exemplo uma barra
de ferro, concluímos que as mesmas observações
se repetem .
Passando-se
dos corpos inanimados aos Seres Vivos,
notamos que ainda se reproduzem fatos
análogos, e mais profundamente o sentimento de Amor é aguçado.
Quando estamos contemplando uma
Rosa e um Beija - Flor, eles revelam
aos nossos sentidos, um atributo
de amor, um atributo numérico e um atributo imensional; demonstrando
poder mudar, em parte ou totalmente seus atributos, intenções amorosas, e as suas posições no espaço, vindo
a evocar maior ou menor, êxtase amoroso ; maior ou menor liberação de calor,
maiores ou menores movimentos; o odor que possuem é mais ou menos ativo;
refletem luz; manifestam energia eletrostática e bioquímica e
além disto tudo, expressam uma qualidade nova, a Vida .
Em geral
todos os seres , em maior ou menor grau, mostram parcial ou integralmente estas qualidades ou atributos que acabamos de
enumerar; o número, a dimensão, o movimento, o peso, o calor, a luz, o som , a
eletricidade, a Vida, o Amor são atributos
reunidos em cada Ser , que o fazem conhecido . Sem eles não há Seres Reais .
Vimos
também que os atributos isolados
são Seres Fictícios .
São um conjunto de Propriedades que
chegam aos nossos órgãos sensitivos, com os quais compomos nosso quadro do
Universo Sensível, de acordo com nossas necessidades afetivas , intelectuais e práticas .
Os fenômenos de magnetismo e de
radioatividade, por exemplo, não fazem
parte diretamente do nosso
Mundo Sensível, sendo percebidos
indiretamente.
Terminada a parte inicial da Abstração, fase esta em que se separam os
efeitos diferentes revelados por
cada Ser, começa a Segunda Fase , em que se combinam
as propriedades semelhantes dos
diversos Seres .
Nesta segunda fase os encéfalos dos animais e dos
seres Humanos comparam as variações da mesma propriedade isto é, fenômeno, ou
propriedades diversas, buscando as relações constantes que existem entre
estes fenômenos (ou propriedades). ( Operação
Cerebral de Meditação) .
Assim, tomando os fenômenos de forma
ou de dimensão , temos:
A circunferência e o diâmetro de
um círculo ; comparando entre si estas
duas propriedades (ou fenômenos), encontrou
o gênio de Arquimedes .
O perímetro do círculo é maior que
3 vezes, e menor que 4 vezes seu respectivo
diâmetro; ou igual ao número incomensurável, conhecido como PI = 3,141592653589793298462643............
.
Procedendo analogamente com outros
fenômenos, novas e semelhantes relações se
descobrem: mas nem todas estas
relações podem ter a mesma precisão :
Por exemplo, Bichat descobriu que na vida animal toda função intermitente ( descontínua) tende a tornar-se habitual ; isto é , uma
relação entre fenômenos (ou propriedades) vitais, tão certa como a relação
encontrada por Arquimedes entre a circunferência e o diâmetro; mas a relação
reconhecida por Bichat é incomparavelmente
menos precisa que a anterior; pois
na lei de Bichat não se pode determinar o coeficiente numérico
fixo( espaço) e constante(tempo) que
interliga a frequência intermitente
à habitualidade contínua,
que definiria o tempo preciso , para que um destes fenômeno se transformasse no outro.
Mas em ambos os casos, (de Arquimedes e de Bichat) ocorreu a descoberta de uma relação invariável entre propriedades
(ou fenômenos):
O perímetro do Círculo e o seu diâmetro,
na relação de Arquimedes ;
A
Intermitência e o Hábito( costume) , na relação de Bichat .
Estas
relações denominam-se Leis Naturais ;
são relações constantes entre fenômenos (ou propriedades, ou atributos)
variáveis, ou o modo regular de variação de um fenômeno (ou propriedade) por meio
de outro. .
O conjunto das leis dos atributos constitui o que se chama a teoria destes atributos. Temos assim:
a)
Teoria do Número
b)
Teoria das Dimensões
c)
Teoria do Movimento
d)
Teoria do Peso
e)
Teoria do Calor
f)
Teoria da Luz
g)
Teoria da Som
h)
Teoria da Eletricidade
i)
Teoria do Magnetismo
j)
Teoria da Radioatividade
k
) Teoria do Olfato ou Odor
l)
Teoria do Paladar
m)
Teoria do Tato
n)
Teoria da Composição e da Decomposição Química
o)
Teoria da Vida Biológica- Biologia
p)
Teoria da Vida Social - Sociologia
k) Teoria do Amor
r)
Teoria da Inteligência
s) Teoria da Ação - Caráter
t) Teoria do Sono - Hipnose
Neste momento, estão em estudo à procura
de fenômenos ligados ao
encéfalo, com intuito de esclarecer
certos fatos ditos mágicos , às vezes muito explorados por charlatões , uma possível
ligação direta de um encéfalo
com o exterior ou com outro Encéfalo-
Telepatia - Telecinésia - e outras, mas por enquanto, nada comprovado. Por isto
nada ainda de Positivo.
O conjunto das Teorias forma a
Ciência; assim, toda a ciência é essencialmente Abstrata; de modo que sem o conhecimento da
Teoria da Abstração, jamais se poderá instituir regularmente o ensino
Científico.
Filosofia :
A definição geral de filosofia ,é
aquela cujo enunciado é capaz de envolver
a totalidade dos diversos sistemas, isto é ,das diversas
formas de pensamento existentes, do passado e do futuro e do presente ,
esclarecendo-as. Esta definição não poderia pois, se
caracterizar por nenhuma
particularidade de qualquer corrente
de pensamento ; ao contrário, seu
enunciado deve poder encerrar o que há de verdadeiramente comum à todas elas .
Exemplo : São Tomás de Aquino , procurou uma definição geral de Filosofia , mas falhou
nesta tarefa , por falta de princípio de generalização e de relativismo : Dizia que Filosofia era o ramo do conhecimento que tinha por
finalidade o estudo das causas primeiras
e finais dos acontecimentos .
Ora, nem todo o sistema filosófico ,
propõem-se a investigação deste tipo de
conhecimento ; logo esta não pode ser a definição geral
de Filosofia.
Era como
definia Aristóteles e nós Positivistas comungamos.
A Filosofia é o “conjunto de concepções Gerais
sobre o Mundo e sobre o Homem”, interligados e entrelaçados.
Filosofia
Primeira ou Fatalidade Suprema
Ela
consiste no conjunto de 15 leis
Naturais verificáveis e aplicáveis sob
diversas formas à matemática, à astronomia, à física, à química, à biologia, à
Sociologia Positiva e à Moral Positiva . A Filosofia Primeira trata de leis
mediante as quais, as Leis das Diversas Ciências são estabelecidas ; daí
dizer-se que a Filosofia Primeira é o Núcleo
gerador das 7 Ciências. Estes quinze princípios gerais são ainda intuídos
em diversos fenômenos Particulares de cada Ciência, constituindo este,
aliás, um outro aspecto da
Universalidade destes quinze princípios.
Filosofia
Segunda
Corresponde ao conjunto das Leis Particulares de cada uma das 7 ciências - Matemática
,Astronomia, Física, Química, Biologia, Sociologia e Moral , acima enumeradas e das demais Ciências de “Interface” - Bioquímica ; Biofísica ; Físico- química; etc
Filosofia
Terceira
Corresponde às regras práticas que
decorrem da aplicação das Leis das Filosofias Primeira e Segunda, ao domínio
concreto, isto é, dos Seres: A
Tecnologia
É bom lembrar, neste momento, que a
Doutrina Positivista adota como científicas somente as Concepções Positivas, isto é, as que possuem estes sete seguintes atributos, simultaneamente:
· Realidade - é o oposto, àquilo que está em contradição aberta com o
conjunto dos fatos observados sobre o Mundo Objetivo e Subjetivo.
· Utilidade - é aquilo que encontra aplicação para o aperfeiçoamento
Geral da Ordem Universal.
· Certeza - é a capacidade de segurança que oferecem as nossas concepções
quanto à sua realização futura.
· Precisão - refere-se a determinação justa das coordenadas - espaços
/temporais - dos acontecimentos futuros.
· Organicidade - sinônimo de concatenação, coerência consigo mesmo e com
o conjunto das demais concepções que formam a totalidade do Sistema Harmonioso.
· Relatividade - Relativo
significa relacionado a, ou relacionado com; tal palavra designa oposição ao
Absoluto, ou seja, àquilo que supostamente independeria de quaisquer relações
Objetivas e Subjetivas.
·
Principalmente Simpatia- é o Altruísmo
ou a Sociabilidade.
Após a compreensão
da base da Doutrina Positivista , no que
tange a Teoria da Abstração vamos indicar aos interessados, conceber
o que realmente trata a Filosofia Primeira, isto é, a Fatalidade
Suprema, como parte do Dogma da Doutrina Positivista. VIDE O LIVRO
“AUGUSTO COMTE PARA TODOS” QUE TRATA DESTE ASSUNTO POR ARGUMENTOS
CIENTÍFICOS. http://www.doutrinadahumanidade.com/livros/augusto_comte_para_todos_viii.pdf
Paulo Augusto Lacaz e Hernany Gomes da Costa
Paulo Augusto Lacaz e Hernany Gomes da Costa
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