terça-feira, 25 de dezembro de 2012

TEORIA POSITIVA DA ABSTRAÇÃO



TEORIA  POSITIVA  DA   ABSTRAÇÃO   


               ABS =  Para Fora   ( Prefixo )

               TRAHO, axi, actum, ere = Puxar, Arrastar, Sacar com força. (Verbo Latino )


I) INTRODUÇÃO: O oooo


      1) Considerações  gerais Sobre  o Aspecto Relativo e subjetivo das Noções positivas

        Ao estudar-se a Teoria Científica da Abstração, uma ideia fundamental precisa estar sempre presente ao leitor, pois sem ela, o conteúdo positivista ou científico não será tão bem assimilado.

Esta ideia fundamental, é a da  plena relatividade  e  subjetividade que o Positivismo estabelece para expressões tais como: objeto, corpo, coisa, ser, entidade, elemento, substância, estrutura, fenômeno, acontecimento, processo, evento, fato, propriedade, atributo, componente, essência, peculiaridade, característica, idiossincrasia, etc.

        Mas o  que quer dizer exatamente a  plena relatividade e subjetividade  destas expressões ?

                Em primeiro lugar queremos dizer que consideramos cada uma destas diversas expressões, acima relacionadas, como plenamente conversíveis ; ou  seja,  podemos tanto considerar um Ser como um conjunto de fenômenos, quanto considerar vários fenômenos como representando as manifestações de um dado Ser .

           Em segundo lugar, queremos dizer que a escolha de uma ou de outra destas duas formas de considerar a realidade, varia em relação a cada questão que temos em vista solucionar, com os mesmos dados que dispomos.

                Enfim, queremos dizer que  a incidência específica de cada escolha particular, em detrimento da outra alternativa, provém do aspecto humano, que entra em jogo na resolução positiva ou científica do problema, onde estas expressões figurarem.

                Tomemos um exemplo: Nós  Somos  Seres   diferentes e separados  do Planeta Terra?

                Respondendo, diremos: se levarmos em conta que podemos nos mover livremente em Sua superfície;  se,  para a natureza do nosso problema específico, torna-se relevante a circunstância da nossa evolução pessoal poder dar-se com certa independência, das  transformações que se passam em pontos longínquos do Planeta;  se considerarmos ainda o fato do homem poder sobrevoar em Sua camada gasosa e de inclusive, já ter visitado outro astro; então, para esta questão, podemos postular que os  homens sejam  Seres diferentes e separados do Planeta Terra.

                Mas tal perspectiva, não é positivamente desejável para a totalidade dos problemas que a vida nos apresenta. Com efeito, existem questões cuja  solução positiva é encontrável com mais facilidade ( ou mesmo só pode ser encontrada), se adotarmos  a ideia de que o homem é uno com  seu Planeta;  e que os destinos humanos estão indissoluvelmente ligados aos destinos do Globo.
               
Aliás, diga-se de passagem, a própria palavra Humano, veio, em última analise, representar esta forma de considerar a  realidade, citada no parágrafo anterior; visto como HUMUS, não é outra coisa senão TERRA.
               
   Para não falarmos das duas bombas atômicas; se outro astro, por exemplo, estiver na rota de colisão com   nosso Planeta, de nada adiantará considerar-se que o homem pode  saltar ou voar. Ele será  atingido,  em virtude do planeta ter sido atingido.


   Compreenda bem: não se trata de uma destas perspectivas ser, em si mesma,  mais  ou ser menos verdadeira; nem retratar mais ou retratar menos fielmente a realidade exterior que a outra; apenas cada qual está mais especialmente adaptada a esta ou `aquela questão, segundo nossas exigências subjetivas de análise ou de  síntese*.Mas as duas são igualmente verdadeiras ao seu modo, e desde que não  consideremos  mais a pretendida forma com que cada uma poderia descrever melhor, e de modo absoluto a  realidade.
               
    A única diferença que nos cabe licitamente considerar, é a do grau de eficiência com que o problema proposto pode ser resolvido positivamente, isto é, cientificamente com o uso de uma ou de outra  destas  duas perspectivas; como  nossa subjetividade  precisa optar por uma das duas; uma será considerada preferencialmente para todos os fins, Afetivos, Intelectuais e Práticos da Humanidade, mais desejável que a outra, em relação `aquela questão particular;  eis como o Positivismo estabelece a posição geral de uma questão qualquer.

   Muitos outros exemplos análogos poderiam ainda ilustrar o que entendemos como a plena relatividade e subjetividade dos conceitos enumerados no primeiro parágrafo deste texto, mas o caso que oferecemos, bem meditado, conduzirá facilmente a reconhecer a plena conversibilidade de todos  estes conceitos.

 Um aspecto desta plena conversibilidade dos conceitos acima enumerados, é a  substituição da mentalidade de Causa-e-Efeito pela mentalidade relacional, no que concerne à  Ciência propriamente dita. Tudo quanto a inteligência pode obter como resultado de suas operações interiores é a  constatação repetida de relações de sucessão e de semelhança cuja consideração de que são constantes,  nos levam à formulação abstrata das Leis Naturais que, por sua vez, correspondem a uma descrição generalizada dos diversos modos  de manifestação do  Mundo e do Homem.
               
Em outras  palavras o que a Inteligência obtém por mais que haja, é sempre o “COMO ?”  e nunca o pretendido “POR  QUE ?” dos acontecimentos. Tal modificação na forma geral de  compreender o Mundo e o Homem é normalmente lenta, e só é obtida convenientemente, por intermédio de associações progressivas com as ideais que mais fácil e espontaneamente o indivíduo já conseguiu  positivar, ao menos no que concerne ao seu relativismo fundamental.

     Exemplo :  Não cabe perguntar  por que um corpo cai; constatamos que ele cai; e a verificação repetida    deste fato, dá-nos uma segurança íntima  tal, que nos sentimos confiantes ao afirmar que  no futuro os corpos continuarão apresentando esta mesma característica. Desde os mais arrojados e inéditos empreendimentos até aos mais simples e cotidianos dos nosso atos, repousam sempre sobre a crença na existência de uma fixidez elementar dos acontecimentos. Esta fixidez é o que no Positivismo se chama a Fatalidade Suprema acrescido das Sete Ciências Básicas formando o Destino.
       
   Nós não devemos afirmar que os corpos caem  por causa da gravidade; por causa da lei da gravidade; ou  por causa da força da  gravidade: as ideais de gravidade, de lei da gravidade e de força da gravidade,  consistem na descrição generalizada da própria queda dos corpos.  Dizer que  um corpo cai  por causa da força da gravidade etc., é a mesma coisa que dizer que um corpo cai por causa de que cai; isto não chega a estar “errado”, pelo menos não no sentido usual em que se considera que algo seja  logicamente contraditório; tais afirmações apenas  não acrescentam nada à  inteligência  sobre o comportamento dos corpos em questão: não é a queda  que faz o corpo cair. O corpo não cai porque tem peso ou massa, não é o peso ou massa que fazem os corpos caírem. É devido às observações seguidas  dos corpos em queda, que nós formulamos subjetivamente  as ideais de Lei da Gravidade, Força da Gravidade, Energia Cinética, Massa , Peso etc.; se forem usados para descrever o Mundo, são conceitos positivos, mas tornam-se metafísicos se forem usados para explicar por que o Mundo manifesta  tais atributos.

A ilusão do espírito metafísico reside, pelo contrário, na suposição de que estaríamos  conhecendo algo de novo, ao recebermos a “informação”  de que  “o corpo cai por causa da força da gravidade”.

 Os conceitos sobre o Mundo e sobre o Homem, não são metafísicos  em si mesmos ; é nosso modo de raciocinar sobre eles que os poderá tornar não só metafísicos, como teológicos ou positivos.

(*) Vale dizer (como adiante veremos), segundo a preponderância da atividade do órgão cerebral da contemplação abstrata ou do órgão cerebral da  contemplação concreta.

Um único e mesmo dado novo, que fosse simultaneamente apresentado à três indivíduos, cada um dos quais raciocinando segundo um destes três modos de compreensão do Mundo e do Homem, seria convertido, por um,  numa  concepção Fictícia (Teológica ou Fetichista);  por outro,  numa concepção metafísica, e pelo terceiro, numa  concepção positiva ou científica; em outras palavras,  o primeiro explicaria tal fato como o efeito  da vontade do próprio ser e  da vontade Divina isto é, de  Deus, respectivamente;  o segundo , consideraria  este mesmo fato, como um efeito  de forças, fluidos, energias etc.; enfim, o terceiro consideraria somente o fato e apenas o fato; num  esforço  único de  conhecer a Lei Natural que lhe é peculiar, e, onde  tal fato poderia ser melhor enquadrado na Escala Enciclopédica (Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia, Sociologia Positiva e a Moral Positiva) .

 O  Positivismo não se propõe a explicar os fatos : sabemos que o que a inteligência faz, e as conclusões  a que ela chega são apenas  o elaborado reflexo subjetivo destes mesmos fatos;  dizer que as concepções  que formulamos  sobre os fatos, serviriam para os explicar,  é mais ou menos, como dizer que a imagem que o espelho reflete serviria para explicar o fenômeno que a sua superfície reflete.

Não se trata como muitos mal curados metafísicos (Stuart Mill, Littré, Wirouboff, etc.) disseram: que esta causa, ou esta essência tenham sido por Augusto Comte descartadas de suas considerações filosóficas por estarem além da nossa compreensão e acima de nossas forças; raciocinar assim  seria ainda raciocinar em termos  de causa , efeito e essência.

A questão não é que nós não saibamos, propriamente  o que as coisas são, e quais são as suas causas; trata-se a positividade de um modo de raciocinar no qual  simplesmente não se precisa servir  de tais conceitos, senão de um modo que lhe é  todo peculiar,  e comum  outro objetivo , que não é o de explicar o Mundo e o Homem.  A sensação que se obtém ao nos libertarmos da metafísica e entrarmos em  plena posse do estado Positivo não é a sensação de  ignorância,  como se tivéssemos que renunciar a um conhecimento novo, porém inacessível; o que percebemos é que no modo de raciocinar absoluto, quer  Fictício ( fetichista e teológico) quer metafísico, as questões apresentadas em termos de causa, efeito e essência não nos acrescentam nada à nossa inteligência  em matéria de novos conhecimentos, sobre o Mundo ou sobre o Homem.

É com esta percepção que se pode abandonar verdadeiramente a metafísica, e não, continuando a raciocinar  em termos de causa, efeito e essência,  apenas suspirando de resignação  por se imaginar  que  um  suposto conhecimento  estaria  eternamente  além do nosso alcance.

 Não se pode compreender bem este arrazoado senão na medida em que nós já o houvermos  vivido em um mínimo grau; e todos nós já passamos por esta experiência, pela simples razão de que  antes de termos recebido a metafísica, e o fetichismo e a teologia dos adultos, nós já raciocinávamos sobre o mundo e sobre o homem, segundo uma perspectiva que é, no fundo, a mais próxima do estado final do entendimento.

Assim, é de grande auxílio em nosso trabalho contínuo e progressivo de positivação, evocarmos as recordações desta época de nossas vidas,  onde  inauguramos  nossas primeiras tentativas  de compreensão da realidade,  tentativas estas aliás,  realizadas  de um modo  incomparável  com qualquer outra fase de nossa evolução  individual.

                Não há dúvida  de que estas evocações da infância  não devem absorver o conjunto  da nossa atividade prática:  a Filosofia Positiva nos convida  a viver para outrem, não  para  ontem. Tais exercícios só devem fazer parte de nossa vida  na qualidade de um meio com o qual  nós nos haveremos de aperfeiçoar  mais e mais; e não podemos esquecer  nunca que  o grau de aperfeiçoamento é aquilatado  precisamente  pela maior disponibilidade  de vivermos  para outrem. Não é dar seu patrimônio para os outros.

                Outro fato digno de nota que verificamos quando passamos do estado metafísico ao positivo, é a imensa compreensão e admiração pelos esforços, que nos foram legados  pelos demais filósofos. Por menos que possamos comungar intelectualmente  com as suas opiniões, a comunhão afetiva com seus esforços  torna   mais intima  a nossa ligação com eles, do que se  deles  nos tornássemos seus  mais  ortodoxos adeptos .
                               Uma vez que se tenha compreendido profundamente que as respostas causais (os porquês ) não acrescentam nada em matéria de novos conhecimentos dos corpos, sendo apenas uma forma de caracterizar seu próprio modo de ser espontâneo tal como a observação já nos havia diretamente  revelado. O espírito geral de nossa filosofia contudo, é o de sempre conservar  melhorando; assim, esta transformação nos hábitos de raciocinar não deve corresponder `a universal excomunhão da palavra porque do nosso vocabulário; uma vez que isto constitua nosso modo habitual de raciocinar, tornamo-nos  então, e só então, aptos para iniciar o reaproveitamento doravante subjetivo  do porque; aplicando-o fetichicamente como representando a vontade peculiares aos corpos quaisquer: com efeito,  um modo mais elegante, mais maduro de dizer que  “o corpo cai, por causa de que cai”,  é dizer que  o corpo cai,  porque quer cair.                 
              
  Esta  modificação do entendimento humano não se limita a exemplos de natureza física; ela é extensiva  a todos os degraus da escada  enciclopédica - desde a Matemática até a Moral Positiva.
               
                Quando dizemos “que tudo é relativo, e que este é o único princípio absoluto”, não estamos com isto querendo dizer que tudo possa ser indistintamente certo ou errado; relativismo não é sinônimo de ambiguidade ou de indefinição; dizer que tudo é relativo,  também não é dizer que tudo é possível.                            
Tudo quanto queremos dizer com isto, é que  os acontecimentos estão relacionados uns com os outros e todos conosco. Em outras palavras, dizemos que como tudo está relacionado com tudo, esta proposição torna-se a  única que  não esta relacionada a nada; pois se estivesse  relacionada  com algo; o  “ tudo” de que ela trata, já não seria tudo, mas apenas parte de um todo. Relativo é, portanto,  sinônimo de  relacional .

                O processo de relativizar quaisquer dos nossos conceitos recebeu extraordinário desenvolvimento primeiramente com Copérnico, astrônomo polonês; e depois, com Galileu, astrônomo italiano, fundador da física e continuador das ideais de Copérnico contra as de Ptolomeu; estas ultimas usadas pelos doutores da Igreja, que faziam da Terra o centro do Universo.

                Com efeito,  a compreensão de que,  na questão do  movimento, tudo consiste  em  estabelecer  um referencial considerado fixo, e manter este referencial, ao longo de toda a descrição do movimento correspondente, foi o que marcou nitidamente a separação, que em breve se tornou  progressiva do  espirito teológico, em relação ao espirito positivo, então  emergente.

                É muito comum ouvir-se que Galileu disse: “ Não é a Terra  mas sim  o Sol  o centro do sistema planetário”; decorrendo  desta sua proposição  toda a  antipatia  do Clero Católico de sua época. Mas,  a questão foi além disto, na realidade bem mais profunda: não se tratou  tanto de um novo fato que  viesse chocar  algum item do  Dogma Católico, muito embora o tivesse feito; o que Galileu realmente induziu, instituindo desta forma um novo modo de raciocinar, abrindo uma nova dimensão para o entendimento humano foi que, tanto faz  tomar o Sol, a Terra , ou qualquer outro ponto do Universo, como constituindo um referencial de fixidez, os resultados da descrição dos movimentos destes corpos,  serão sempre  equivalentes, uns aos outros, contanto que  não se mude, para cada caso considerado, o referencial  que  inicialmente se adotou.

                A escolha propriamente dita, do referencial, é puramente subjetiva, visto que como qualquer uma  destas escolhas é capas de descrever a realidade do movimento dos astros  com  o mesmo grau de coerência interna, regidas pelas mesmas leis da astronomia. O que o Clero percebeu com profunda e lúcida clarividência, foram as mais remotas consequências deste novo modo de raciocínio, aplicado diretamente sobre a Divindade, visto como a relativização do movimento, conduz  necessariamente a substituição da noção de causa e efeito pela noção de relação ( Lei Natural), em tudo quanto esta  primeira noção dependa  do movimento.

                Se Deus, que é a própria  personificação do absoluto fosse considerado  relativo, tornar-se-ia  ipso facto contraditório em si mesmo, e, deste modo, o dogma teológico se ruiria, a começar por sua  própria base,  desmoronando todo o seu edifício sem excetuar  seus próprios princípios morais, que , mais longínquos e mais frágeis ficariam  mais diretamente expostos aos  sofismas de um  egoísmo cada  vez mais refratário à qualquer disciplina. Isto aconteceu, e cada vez mais vem acontecendo na  pratica. A teologia esfarelando-se com o tempo, vem provocando desta forma, mais e mais destes farelos,  que são as diversas  seitas protestantes.

                Uma outra característica do espirito positivo, é a compreensão de que  toda definição é no fundo  tautológica (uma repetição em outros termos daquilo mesmo que queríamos definir), de modo que  tudo quanto conhecemos são as nossas experiências subjetivas e que nenhuma palavra é efetivamente  capaz de substituir; conquanto  sirva-nos para evocá-las a nós mesmos e no ato da comunicação. A demonstração deste princípio é na realidade bem simples: Basta-nos considerar um Dicionári : uma palavra é sempre definida (quando não diretamente pela experiência sensível ) por meio de outras palavras; ora, o número de palavras com que a Humanidade se serve para se comunicar embora seja  crescente, é necessariamente finito; como de resto todas as suas produções. Assim o resultado final de uma definição qualquer, será sempre uma proposição na forma de um derradeiro dualismo, expresso como o que se  segue : a   é  b .

                Sendo o  a representado pela palavra que queríamos definir, e o b,  representado por todas as demais palavras do conjunto de todos os dicionários, de todos os tempos e lugares

 Como  não há nada  além de a e b, tanto faz definir a como b  e b como a estaremos sempre dizendo apenas que  a é a e b é b.

                E como definir é dizer o que uma coisa é; e dizer o que uma coisa é, para os metafísicos, pelo menos, significa supostamente conhecer a essência de que o Ser é constituído; segue-se que todas as   tentativas de estabelecer um conhecimento essencial, não é capaz de nos informar sobre nada de  novo, a respeito dos corpos; por mais que façamos, só podemos nos "informar", que um Ser é o que é, isto é, ele mesmo; como alias, já "sabíamos".
               
                Pelo reconhecimento geral da validade deste raciocínio, fica então estabelecido no domínio das nossas quaisquer definições, um profundo espírito de relativismo, transformando o caráter geral das definições, de Objetivas em Subjetivas, tornando-as de essenciais em  relacionais.

      As nossa definições, por mais bem  elaboradas que possam ser,  apenas  nos serão capazes de dar  o conhecimento das relações que unem o Homem ao Mundo e o Mundo ao Homem; elas não explicam os acontecimentos, apenas o descrevem tal como são para nós. 

        Vejamos agora, como se dá operação da conversão de um a outro destes dois modos de raciocinar:

                 Em primeiro lugar, esta conversão é tudo menos instantânea: certas noções tornam-se, conforme a  natureza de cada indivíduo, mais ou  menos facilmente transformáveis; havendo necessidade vital, sobretudo para nós que fomos educados no absoluto, de um contínuo exercício de aplicação dos princípios acima descritos às nossa noções quaisquer, com um particular esmero principalmente quanto  àquelas que  mais diretamente se ligam  ao nosso egoísmo, que são, não só as mais difíceis de  relativizar, como ainda  as que mais  oferecem obstáculos à relativização das nossas  outras noções.

                Em segundo lugar,  o pleno advento da  não-causalidade e da não-essencialidade  é, por assim dizer,  preparado  por uma  consideração  de caráter  transitório. Tal consideração transitória possui a característica de,  ao mesmo tempo em que  não chega a  eliminar a noção de causa, efeito e essência, prepara  o conjunto da nossa subjetividade (Sentimento, Inteligência  e Caráter), para esta mutação evolutiva, através da vida prática. Trata-se agora pois, de uma consideração de ordem essencialmente prática, assim como as considerações ilustradas pelos exemplos anteriores de Galileu e do Dicionário,  foram  de um caráter mais diretamente intelectual. O espirito prático encontra-se em permanente necessidade de deter suas especulações, mesmo quando justas, sempre que este acréscimo ameaça tornar-se ocioso, não correspondendo de fato a nenhum incremento  sensível de eficiência em suas operações. Assim, as ideais de causalidade e de essencialidade são, pelo espírito prático, detidas, contidas espontaneamente, para que a resposta de um por que não implique na prática, em  restabelecer-se a questão mediante  um novo por  que, acarretando   Dúvidas em cima de dúvidas. O mesmo tipo de raciocínio aplica-se à   pergunta -  O que é ? - correspondente à essencialidade. Estas considerações de ordem prática  não chegam, bem entendido, a  transformar plenamente  a forma de raciocinar teológica e metafísica,  na forma de raciocinar  positiva, mas são como que a antecâmara da positividade;  elas possuem a vantagem  de  oferecer um esboço de consciência e de  disciplina, aplicáveis desde já mesmo para aqueles cuja a inteligência ainda se encontra mergulhada no  absoluto. Esta consciência e esta disciplina  são oriundas da aceitação da finitude necessária das nossas concepções e sua meditação continua impõe em breve uma grande questão teórica, cuja  plena resolução  nós sentimos que, vai sendo gradativamente adquirida, somente na medida em que   algumas de nossas noções  já começaram a mobilizar-se rumo a  sua  transmutação final.

                Em terceiro  lugar, vem as considerações  de  caráter  diretamente afetivo, revelando-nos agora a ligação  que existe entre as noções absolutas  de causa,  efeito  e  essência,  aos instintos  egoístas; bem como a  ligação  íntima  das noções relativas de não-causalidade e de  não-essencialidade com os instintos altruístas.     

                Até o advento do Positivismo Sistemático, tais questões vinham sendo abordadas sob a influência direta  da mentalidade e da sentimentalidade absoluta ( teológico-metafísica), que fazia-nos  crer na possibilidade de um conhecimento do mundo exterior independente das peculiaridades afetivas , intelectuais e práticas da nossa própria natureza; ou ainda mesmo, na crença de que tais  peculiaridades seriam os instrumentos por excelência de revelação  da realidade. Buscava-se assim um conhecimento da realidade  tal como ela é ; ao  invés  de um conhecimento da realidade tal como ela é para nós .Mas também é preciso não esquecer que este relativismo embrionário  sempre foi mais ou menos pressentido, faltando apenas  a coordenação explícita e generalizada destas sábias intuições  espontâneas.

                As filosofias anteriores ao Positivismo, tendiam, por assim dizer, a isolar os conceitos que enumeramos no primeiro parágrafo, e cuja  conversibilidade só Augusto Comte instituiu de modo completo ;  não é pois errado dizer  que  os únicos livros onde pode ser  encontrada a ciência em seu estado plenamente Positivo, são as suas obras; em todas as demais  haveremos de nos deparar, aqui e ali, com componentes  metafísicos mais ou menos  presentes e intensos.

                Embora  à primeira vista estas considerações  pareçam tornar mais nebulosos os nossos dilemas morais, as nossas questões teóricas, e as nossas resoluções práticas; uma análise mais minuciosa percebe logo suas imensas vantagens de todo gênero :

                Em primeiro lugar, este pleno relativismo evidência diretamente o papel necessário que as  emoções humanas desempenham não só na resolução de nossos problemas  quaisquer, como na sua própria formulação; minimizando assim os graves riscos a que, de outra forma, ficaríamos expostos na medida em que passássemos a imaginar que a inteligência, sozinha, sem a influência afetiva, pudesse  dar conta de todos os seus problemas.

                 Uma vez que  se torna  cabal esta participação afetiva, o próximo passo, que logo se segue, sob pena de um profundo desarranjo do conjunto de  nossa subjetividade,  é a descoberta da  natureza das afeições que, uma vez preponderadas, melhor prestam-se `a clarificação e resolução das nossas questões.  Vemos então, que o Amor  é sempre a chave mestra para a obtenção destas respostas; e que  a própria ideia de que  a inteligência  funciona isolada não foi nunca senão no fundo, um sofisma  inspirado,  sustentado e desenvolvido diretamente pelos sentimentos egoístas.
       
Exemplo : “ Amigos, amigos;  negócios à parte”  ; “Eu sou um profissionallllll !, deixei o sentimento em casa” . Deixou provavelmente o Altruísmo em casa, mas trouxe um grau elevado de egoísmo, para efetuar o trabalho.

 Em segundo lugar, a inteligência mesma,  torna-se diretamente estimulada, pois abrindo mão do  conhecimento absoluto, ela  reconhece o seu próprio modo de operação, devotando coincidentemente   todas as suas forças à  resolução do que corresponde de fato à missão subjetiva de seu trabalho espontâneo .

     Enfim, o Caráter, que  talvez pudesse  ressentir-se dessa interposição filosófica tão questionante da realidade, solicitando desta  forma uma sobre excitação da prudência, ( com consequente  implemento de perplexidade) recebe,  pelo contrario, do relativismo e do subjetivismo positivo, um poderoso impulso; graças à  profunda comunhão que o homem passa a adquirir com tudo que  o cerca: se o conhecimento não é senão a  relação  recíproca estabelecida entre o mundo e eu ; então, quanto mais intensa e vasta  puder tornar-se  esta relação, maiores serão  as possibilidades efetivas de conhecê-lo e consequentemente mais fácil e  sistemática poderá  tornar-se  a minha  Ação.

                Eis como Augusto Comte sintetiza tudo quanto viemos  expondo nesta introdução :     


        “ Subordinar o Progresso à Ordem, a Análise à Síntese, e o Egoísmo ao Altruísmo; tais são os três enunciados, prático, teórico e moral, do problema humano, cuja solução deve constituir uma unidade completa e estável, respectivamente própria aos três elementos de nossa natureza. Estes três modos distintos de pôr uma mesma questão, não são somente conexos, mas equivalentes, visto a dependência mútua entre a atividade, a inteligência e o sentimento. Apesar de sua coincidência necessária, o último enunciado sobre passa os dois outros, como sendo o único relativo à fonte direta da comum solução. Pois, a Ordem pressupõe o Amor, e a Síntese  não pode resultar senão da Simpatia: a unidade teórica  e a unidade prática são, pois, impossíveis sem a unidade moral; assim, a religião é tão superior à  filosofia quanto à  política. O problema humano pode finalmente se reduzir a constituir a harmonia afetiva, desenvolvendo o altruísmo e comprimindo o egoísmo: desde então,  o aperfeiçoamento se subordina à Conservação ( Ordem)  e o Espírito de Detalhe ( Analítico)  ao Gênio de Conjunto (Sintético) ” . Augusto Comte - Síntese Subjetiva – pag. 1.



        2) Conceitos Fundamentais.

        O SER CONCRETO  OU CORPO CONCRETO É O RESULTADO DE UM ARTIFICIO LÓGICO,  POR MEIO DO QUAL SIMPLIFICAM-SE AS OPERAÇÕES INTELECTUAIS, INCLUINDO AS  OPERAÇÕES DE LINGUAGENS (CÓDIGO) DAS COMUNICAÇÕES TRANSMITIDAS, DECORRENTES DAS RESULTANTES DESTAS  OPERAÇÕES INTELECTUAIS.

Primeiramente deparamo-nos com as Sensações; tudo quanto a inteligência (entendimento) precisar considerar, por qualquer razão, como além destas sensações; este incremento necessitará ser compreendido pela inteligência, como uma elaboração de nossa subjetividade; considerando a existência Objetiva de uma Realidade Exterior, como um postulado teórico (fundamento teórico), plenamente válido e certo, mas ainda assim, um simples postulado teórico; que se destina a auxiliar  as nossas  elaborações  Afetivas, Intelectuais e  Práticas.
         
Do contrário, recairemos ou  no Materialismo (1), isto é, no excesso de Objetivismo ;ou, então,  caímos no excesso de Subjetividade quer seja no Solipsismo do Tipo Górgias (2) , quer ainda nas Filosofias  do Bispo George  Berkeley e de seus discípulos (3).

               (1) O Materialismo - É uma pretendida Síntese Objetiva, que tomando por ponto de                                                                  partida a noção  de Ser, ao Invés  da  de Sensações, tende a substancializar de modo absoluto os Atributos, considerando-os, sob  forma Concreta, como Seres ou Corpos Concretos.
                                                               - O pensamento é uma  coisa que está dentro do cérebro
                                                               - A vida  é uma  coisa que esta dentro do Organismo
                                                               - A energia é uma  coisa  que esta  dentro dos  Corpos

                                               Em síntese, podemos dizer que o Materialismo é uma das expressões filosóficas do coisismo , isto é, da tendência de considerar preferencialmente os atributos  como Seres Concretos , supondo que esta  tendência corresponda de fato a uma apreciação mais  correta, mais  autêntica, mais genuína e mais  verdadeira da realidade exterior.
                                      
Fato digno de nota é que o Espiritualismo é um tipo refinado de Materialismo, haja visto como a alma , como entidade espiritual , queiram ou não os que nela creem , é sempre vista como um tipo de corpo; pelo simples fato de ser concebida como um Ser.
                       
        (2) O Solipsismo do  Tipo GÓRGIASGORGIAS: Górgias, viveu a aproximadamente ? 6 Séculos aC , na     Grécia ,tomou por ponto de partida  as Sensações; ele não efetuou contudo, a inferência  necessária, por  meio da qual, passamos a representar as  Sensações, como  provenientes de um Ser  Hipotético, sempre quando isto nos for  positivamente  mais conveniente; assim sendo, Górgias considerava que todo o Mundo     era uma imensa alucinação dele - a Alucinação de  Górgias. Pois tudo que é dado  saber com  segurança existir  de fato, são as Sensações.

        (3) Filosofia do Bispo George  Berkeley  e seus Discípulos ; Segundo o Bispo Berkeley, que viveu  no Século XVIII, a Matéria  é um dos conceitos mais danosos  ao Homem, pois afasta-o de Deus;  com tal pensamento, procurou construir  uma  filosofia, na qual a noção de Matéria fosse dispensável à existência  Humana  e  à  compreensão dos acontecimentos. Postulou que a matéria não existe, sendo o que chamamos de   Mundo Exterior  é apenas  uma ilusão, produzida  diretamente por Deus, em cada   alma, de modo que os únicos Seres  de fato  existentes, são Deus , as Almas dos Homens e os Anjos (bons e maus)

Estas  duas Filosofias (2 e 3) estão,  num  certo sentido , mais próximas da perspectiva Positiva, pois partem como nós positivistas da Noção de Sensação, como elemento fundamental da Construção Filosófica . Considerados do ponto de vista  da coerência interna, cada uma destas duas Filosofias (2 e 3) oferece  respostas plausíveis e não contraditórias consigo mesmas. 

A escolha  da Síntese  Positiva (Síntese Subjetiva ou Subjetivismo Positivo) em                  lugar  destas duas últimas (2 e 3), é uma prova  muito importante  e elucidativa  de como o AMOR  é  um elemento de caráter decisório, para a resolução de uma questão aparentemente tão  desvinculada de qualquer implicação emocional.

Com efeito, se os inconvenientes  intelectuais  tornam-se facilmente superáveis em cada um destes dois casos (2 e 3), os inconvenientes morais positivos que tais doutrinas encerram, foram de tal modo flagrantes, que jamais estas filosofias obtiveram um número expressivo de adeptos, tendo sempre que contar com uma ferrenha  Oposição                                Universal.

Com relação à Górgias, os inconvenientes Morais de seus pensamentos  residem  sobretudo no fato  de que , se  só  EU  Existo, e tudo o que  me cerca  não passa de minha alucinação pessoal, ficará sempre ao critério  dos meus caprichos, modificar  tais alucinações , ao meu bel prazer, com a certeza, de que não estarei  de fato destruindo nada. ( Lógica Intelectual OK , mas Lógica  Moral  Negativa) - Isto está bem de perto  do que  conhecemos hoje, como  o  “brain-storming  Neo-Liberalista”.

Com relação ao Bispo Berkeley, os inconvenientes  acima citados, no caso de Górgias, valem também para sua filosofia; acrescidos ainda de que  Deus , que é  considerado por todos  os teólogos a Verdade Suprema, apareceria ai, como o Supremo Mentiroso, uma  vez  que levou  todas as pessoas, a crer  na existência  objetiva  de um  Mundo Exterior  Ilusório.

Quanto ao Materialismo, em suas diversas  modalidades ( do materialismo Matemático até  o materialismo Sociológico *) - Verificamos um inconveniente seríssimo, que é a presunção  de que um  elemento      absoluto da  realidade exterior, independentemente das relações  que esta realidade estabeleça para com o sujeito possa  servir como meio geral de explicação do mundo e do homem; um outro inconveniente estritamente  relacionado a  este, é a noção de que a unidade Humana, se estabeleceria por intermédio de um conceito Objetivo ou seja  relativo ao mundo exterior: A Matéria. A consequência disto ,é que  o Homem se torna, além dos justos limites, subordinado `a Matéria**. A Unidade Humana, pelo contrário, é obtida por intermédio do predomínio da Ideia de Humanidade que,  uma vez estabelecida,  permite formar, no devido grau,  o laço que une cada  pessoa  humana `a Terra e ao Espaço***

Embora o  Materialismo não seja  necessariamente concebido com esta finalidade egoística, torna-se ele muitas vezes a Doutrina que fornece o respaldo para que estes  instintos Egoístas,  sobretudo de posse ,  realizem um verdadeiro Culto Egoístico `a  Matéria  -  como o  Culto  Egoístico, por exemplo ao Dinheiro e aos bens materiais                       ( Capitalismo ).

Cumpre lembrar que o  Culto `a Matéria  persiste na  Síntese Subjetiva, mas  com enfoque Altruísta, sob a  noção de Culto ao  Gran Fetiche - a Terra - que  é a  base da qual emana o  Império Biocrático e também do Culto aos astros, animais e plantas.  Haeckel ao ler as obras de Augusto Comte , criou a palavra  Ecologia, tão em moda hoje em dia. Faltando-nos apenas   hoje, procurar atingir o que se poderia  chamar de Ecolatria (Culto)  e de Ecocracia (Regímen) ,componentes implícitos  da   Sociolatria  e  da Sociocracia, respectivamente.
       
        (*) por exemplo o Marxismo é um  Materialismo Sociológico; (**) o pensamento dos economistas constitui, via de regra, a expressão  desta tendência, mesmo quando chegam a entrever o aspecto afetivo das sociedades. (***) Vide na pagina 31, explicação para este termo.        
                        Pelo que vimos, devemos considerar plenamente lícita e desejável sob todos os aspectos, a inferência por meio da qual passa-se a considerar as Sensações, como manifestações de um Ser Hipotético, sempre que pressentirmos que esta consideração nos traga maior  facilidade em  resolver positivamente nossas questões ; e nunca nos esquecendo da natureza subjetiva desta Operação. Só quando se tenha estabelecido firmemente em nosso interior, tal relativismo e subjetivismo, é que  podemos passar a compreender o Mundo e o Homem,  sob  o ponto de vista  Positivo.
                Esta é uma das razões  pelas  quais  a Doutrina Positivista é denominada  Síntese Subjetiva
                Ser Concreto ou Ser Real  ou Corpo Concreto ou Corpo Real, é uma Suposição, (  o que se acredita ser uma realidade objetiva) ou Inferência (raciocínio, ou operação Cerebral elementar e espontânea), que o Encéfalo formula através das Sensações, baseadas nos oitos Sentidos ( Paladar, Olfato, Tato, Audição, Visão, Musculação, Calorição e Eletrição), interferindo na Inteligência, que vai frequentemente elaborando conforme a sua  experiência ou vivência ; e ao mesmo tempo vai coordenando as Sensações  e Grupos de Sensações , progressivamente registradas, formando a Ideia ou Concepção, oriundas das Imagens ou Informações  Objetivas do Exterior.
                Os Seres ou Corpos Concretos ou Reais e seus conjuntos de  Acontecimentos ou  Atributos ( ou propriedades, ou características , ou  especificações e os fenômenos etc.), que os caracterizam, nos levam  naturalmente,  num estudo sistemático a  separá-los.
                Este estudo das Propriedades  dos Seres Concretos ou Corpos Concretos, no Aspecto Estático ou no Aspecto Dinâmico, nas condições especificas ou generalizadas, é que nos leva a formar o que se denomina  Abstração. Assim  a coordenação destes Acontecimentos ou Atributos, independente dos Seres, isto é, já separados das suas sedes respectivas, constitui o Funcionamento Operacional da  Abstração .
                O Conjunto dos Seres Concretos ou Corpos Concretos, formam o Mundo . O Conjunto das 18 funções do Cérebro -(Psíquico ou Moral ) forma a  Alma do  Homem, que em conjunto com o Soma (corpo) , forma o Homem.
                Generalizando  a Instituição Mecânica  onde a Estática  representa  o equilíbrio -  a existência - e a Dinâmica representa o movimento; podemos conceber  a mesma idéia  de equilíbrio  e de movimento   extensiva a todo  o domínio enciclopédico. Estático quer dizer , na concepção Positiva, o arranjo, a estrutura,  a sistematização de elementos coexistentes, independente de qualquer  ideia de movimento. Na apreciação Estática de uma classe qualquer de atributo, conhecemos apenas  a ordem , a maneira pela qual o atributo é observado, independente  do seu deslocamento espaço-temporal.                                                                                                                        
                O Estudo  Sistemático  da Abstração, compreende Duas Partes, como pode ser visto no quadro II - Estudo  Sistemático da  Abstração.        
A Primeira  Parte(A)  é a da Anatomia e Estrutura, ou Aspecto Estático da Abstração, onde estudamos  a localização dos Órgãos ou Funções e suas interligações - Órgãos dos Sentidos, Nervos, Gânglios Cerebrais, Cérebro, Cerebelo e o Soma. Como a localização destes Órgãos não é perfeitamente visível, dependemos de estudos mais profundos de natureza subjetiva para a elaboração da Teoria Cerebral. 
O Positivismo utilizou-se de  Métodos  Subjetivos , baseados  na lógica e nas informações colhidas principalmente da sociologia, associadas às informações da anatomia. Hoje em dia os cientistas  estão muito preocupados  e dando somente muita                 atenção, à constantes fatos soltos, colecionados pelas observações empíricas. Embora estas observações estejam de fato progressivamente submetidas à condições precisas         de investigação laboratorial e mesmo tendam  já a um certo grau de coordenação lógica,  carecem ainda de uma  suficiente interpretação filosófica, capaz de as  ligar ao conjunto do edifício enciclopédico.
A Segunda Parte(B) é  a  Parte Fisiológica ou Aspecto Dinâmico da Abstração, isto é;     o Estudo do Funcionamento Subjetivo dos  Órgãos por intermédio da manifestação de suas correspondentes  Funções.   
                                               Esta  Segunda  Parte está  dividida em duas Secções :
Primeira Secção (A),  indica o Funcionamento                                                                                    Operacional da Abstração, isto é, a Dinâmica  Operacional                                                                         da Abstração.                                               

A Segunda Secção (B),  apresenta o Funcionamento do                                                                                            Desenvolvimento, isto é, o Aspecto Dinâmico Evolutivo da                                                                       Abstração Humana.

                Vamos nos deter  em  maiores  detalhes na Segunda Parte(B); e vamos deixar para o final  a Primeira Parte (A).                                                                                                                                                            

# Segunda Parte(B) - Primeira Secção(A) - Dinâmica Operacional da  Abstração


 Dinâmica   Operacional   da  Abstração  se  processa diretamente em  três Órgãos  Distintos: -    Na Inteligência (1) (Contemplação, Meditação e Expressão), onde se registra a Imagem ; onde surgem as Ideias, que redundam no Pensamento; que influenciado pelos  Sentimentos (2) ( Egoístas e Altruístas)  e regulado pelo Caráter (3) ( Coragem, Prudência e Firmeza), define a resultante da Ação ou Execução, que é, codificado pelo Órgão da Inteligência chamado Expressão, que transmite ao exterior o seu estado Interior de Sentimento, Pensamento e  Projetos.            
                Abstrair é efetuar uma Operação Cerebral de separação das propriedades de cada Ser Concreto ou Corpo Concreto; e de  reunião destas propriedades às  propriedades semelhantes de outros Seres, ou Corpos Concretos fazendo de cada uma destas propriedades, um novo Ser ou Corpo à parte, que chamamos de Corpos ou Seres Fictícios ou Abstratos ou ainda de Fantasmas (alguns filósofos chamam de  Existência), e que isoladamente se estuda. A palavra fictícia, significa aqui, algo útil, que teve origem  em uma fonte de trabalho do cérebro. Devendo ser Real ou Utópica e não quimérica.
             Esta Operação de Abstrair  é a condição fundamental para que possamos efetuar qualquer estudo teórico ou prático de Procura ou Busca ou Pesquisa, para podermos descobrir as Leis Naturais que colecionadas  pelas sucessões e semelhanças dos atributos tratados, vão, passo a passo, construindo o edifício científico correspondente. Eis como entendemos as Ciências .
                               Quando se estuda a Política Positiva de Augusto Comte - a palavra doutrina, não expressa só a Doutrina Positiva ( Culto, Dogma e Regime),  mas também  um elemento do binômio, que ela forma com a palavra Método. Nesta última significação a  palavra doutrina corresponde `as Leis Naturais que compõem  as Ciências. O  Método é a  modalidade de raciocínio, pela qual se pode chegar `a conclusão destas  Leis Naturais. A  Aplicação do Método a um Atributo cuja  Lei  se deseja conhecer, é dito Pesquisa ,ou Busca, ou  Procura.
                Estas Propriedades ou atributos, podem ser consideradas como as diversas  manifestações  dos Seres ou Corpos Concretos ; e, nesta significação, são os Seres ou Corpos Concretos em ação,   também conhecido como Fenômeno, isto é , provocados nestes Seres ou Corpos Concretos, devido aos seus atributos.
                Neste trabalho tivemos o cuidado de adaptar nossas expressões `a  linguagem corrente, de modo  a não oferecer palavras  com uma significação diferente das usuais que o leitor  está espontaneamente   acostumado a usar . É assim que preferimos  não utilizar as expressões fenômeno e atributo, como sinônimos, muito embora  o aspecto relativo da Filosofia Positiva  permita-nos faze-lo sempre que desejável, como ficou demonstrado logo, no inicio deste trabalho. Nos textos  escritos por Augusto Comte encontramos  esta identificação.
Estas  Sensações  Abstraídas  podem ser generalizadas  e expressas na linguagem por :
                 Adjetivos : que dão qualidades ao Ser -- quente, bruto, amoroso, redondo etc.
                 Substantivos : palavra usada para determinar cada Ser-  livro, computador etc.
Adjetivos Circunloquiais : que associam o adjetivo ao substantivo - Piriforme- de forma de pêra            etc.
     
·         Tudo que é relativo ao Mundo Interior do Homem, isto é, ao Sujeito que percebe o Mundo, chama-se Subjetivo.
·         Tudo que é relativo ao Mundo Exterior do Homem, isto é, ao Objeto que é perceptível pelo Homem, chama-se                                  Objetivo.   

A Abstração, de um modo geral, começa espontaneamente; mas só muito mais tarde, é que se torna  sistemática .
A primeira  indução da espécie humana, consiste em representar  no cérebro, em caracteres gerais, de uma só vez,  todo  o espetáculo exterior, naquele instante.
                A  Operação de Abstração  é instituída como uma  necessidade de nossa inteligência, para poder estabelecer  as relações  de semelhança entre os atributos de vários Seres Concretos  e a relação de  sucessão destes  atributos  que se  ligam  entre si  pelas Leis Naturais.                                                        
                Assim :
Especulações Concretas se referem aos Seres ou Corpos (Concretos).
Especulações Abstratas, se referem aos Atributos, ou propriedades ou características destes Seres  que se supõe como artificio lógico, existindo exteriormente.
                Desta distinção resulta a instituição dos domínios da Filosofia Primeira, que trata das Leis Naturais, comuns a todas as Classes de atributos, da Filosofia segunda ou Ciência Positiva, que compreende as Leis Abstratas a cada categoria de Atributo; e a Filosofia Terceira, que abrange as aplicações práticas , isto é , Aplicações Tecnológicas. 
                Uma  ciência concreta ( isto é, uma ciência correspondente à coleção das Leis Naturais referentes a cada objeto particular) é impossível. Vemos que a complexidade e as formas especiais das relações correspondentes existentes em cada Corpo Concreto,  revela-nos Atributos  que os distinguem de todos os demais Corpos do Universo. A propósito, uma Ideia qualquer não é dita abstrata ou concreta em si mesma, mas, em  comparação com uma  outra Ideia implícita ou explícita, que tenha sido tomada como uma espécie de critério subjetivo de aferição, para o problema específico que a inteligência  está tentando resolver; também, analogamente, temos que, na Música, uma nota só é designada bemol ou sustenido de acordo com as  circunstâncias peculiares de cada partitura em particular.                                                                              
                É impossível  a sistematização  completa, na realização de quaisquer dos nossos  atos mesmo  nos domínios  mais simples.
                Só a  ciência abstrata é plenamente  sistematizável, pois que , enquanto a apreciação concreta é sempre  especial ou específica, a  apreciação abstrata, permite inteira  generalização.
                Todos os elementos  que colaboram para nos revelar um Ser Concreto; todos os atributos que uma existência nos apresenta,  estão sempre  sujeitos às  Leis  Naturais, que são  comuns  a todos os Seres Concretos , em que se encontram  esse  acontecimento ou propriedade ou atributo.
                O conjunto das  Leis Naturais destes acontecimentos ou atributos ou propriedades,  que nos são conhecidas , constitui a Ordem Natural.
                A generalidade das  Leis Abstratas  nos permite as previsões seguras, o que não se verifica nos estudos concretos.    
                As  Leis Concretas,  puramente empíricas, que por ventura pudessem ser  obtidas, tomando como base as considerações  diretas  de assuntos  concretos,  só seriam verificáveis, para cada caso examinado e mesmo assim, com sérias limitações, visto como, a cada instante, o Ser  Concreto  se altera.
                Por maiores esforços que fizesse  nossa Inteligência, a procurar as diversidades dos casos  concretos, não só na existência  considerada como também nas circunstâncias externas com elas correlacionadas, obrigaria, em cada caso, a várias ou diversas deduções, o que tornaria totalmente impossível qualquer previsão.    
                Sendo a inteligência a função cerebral de nosso esclarecimento, para permitir a ação, ela deve necessariamente realizar previsões, o que exige como fundamento especial, o estabelecimento de  relações  gerais. Essa generalização obriga sempre a abstração dos Seres Concretos, nos seus diversos  atributos, para que estes sejam coordenados sistematicamente, a fim de constituírem os elementos necessários  ao estabelecimento  Indutivo  ou  Dedutivo das Leis  Naturais.
                Devemos considerar  como relativa a própria sistematização abstrata, em vista de afastar outros atributos, que influem  diretamente nos casos  concretos, sobre o  atributo estudado.
                Primeiramente as Sensações, e  em seguida as Imagens dos Seres Concretos é que constituem  sempre  a fonte  originária  onde  vamos buscar  todos os elementos para as nossas construções  abstratas. Na realização destas construções, temos de abstrair, desprezando  muitas vezes elementos  de influência real, na propriedade ou atributo considerado .
                Quando estudamos, por exemplo, as leis físicas da queda dos corpos, da dilatação; as leis  químicas,  da composição e da composição, etc. desprezamos sempre atributos cujas restrições se tornam indispensáveis na apreciação do caso concreto que se está investigando.
                Eis como a plena generalização nos afasta da realidade. O domínio da Filosofia Terceira  consiste no conjunto de conhecimentos concretos, em restituir àquela realidade, por meio de regras empíricas  ou coeficientes práticos destinados à conciliação entre  Abstrato  e o Concreto, de acordo  com o principio positivo da Síntese Subjetiva de Augusto Comte:  “ Para completar as Leis  são necessárias as Vontades”.
            As Leis artificiais instituídas pelo Homem para coordenar  as relações  de sua vida individual e social, devem sempre, e tanto quanto possível, refletir  as Leis Naturais do domínio biológico, sociológico e moral.         
            Os Economistas  encontram  nos Sistemas Sociais Adoentados pelo predomínio do Egoísmo, a manifestação da  pretendida  “Lei da Oferta e da Procura”, que mostra ou descreve um aspecto do Estado Patológico correspondente. Embora este aspecto do estado patológico possa ser plasmado em termos abstratos,  inclusive utilizando-se de recursos matemáticos, não é considerada tal expressão geral uma Lei Natural Positiva; inerente à natureza própria deste Sistema Social, e inextirpável deste; aplicável à pratica da tecnologia  Sociológica  Positiva, pois não expressa as condições do Estado Normal. Mas, a Sociologia Positiva  pode servir-se destas “ leis da Economia” ou, como seria mais acertado dizer, destes subprodutos de manifestações patológicas como indicações Sintomáticas do grau de perturbação  Egoística, presente  no Agrupamento Social considerado. A mesma lei pode se tornar Positiva, na medida em que o comportamento humano se torne mais Altruísta, alterando desta forma as suas variáveis, para que o resultado da utilização desta lei traga benefícios morais à sociedade, no seu todo, e possa representar doravante a indicação  de um estado de convalescença do Sistema  Social.
                 A  conhecida lei da Oferta e da Procura, não é uma Lei Natural; não expressa uma fatalidade inerente ao Modo de ser dos Sistemas Sociais; mas ela é uma ferramenta criada pelo homem, e que pode ser Positivamente utilizada como um indicador de sintomas de desequilíbrio social. Se existisse a preponderância do Altruísmo no grau em que a Filosofia Positiva  propõe e estimula, esta lei, bem como os seus fenômenos correspondentes, desapareceriam.
            Do mesmo modo, embora a diferença fundamental entre o estado geral de saúde e de doença seja uma diferença de grau, valendo tanto para um, como para outro destes casos, as mesmas Leis da  Vitalidade, notam-se alguns fenômenos  acessórios cuja a presença só é encontrável na doença; de modo que uma vez esta extinta,  extingue o fenômeno à ela associado.
                As Leis Naturais ou Relações  Abstratas, quer sejam  Indutivas  ou de Semelhança, quer sejam  Dedutivas ou de Sucessão, constituem, as bases  de todas as nossas previsões, e são as únicas que comportam a nossa Organização Intelectual. As limitações de nossa Inteligência, não nos permitem resolver diretamente os casos concretos e, por meio destes casos concretos, realizar previsões, que possam  facilitar  nossa Ação . 
                Temos por isso, que nos limitar a previsões gerais, baseadas  no conhecimento abstrato, e depois procurar a conciliação, em cada  caso concreto, com as circunstâncias especiais que o envolvem.
                A construção das teorias, a determinação da constância ou frequência no meio da variedade, para a indução e a dedução  das Leis  respectivas, exige como base ou fundamento, o trabalho intelectual de coordenação dos  atributos independentes dos Seres Concretos, isto é, a Operação ou Trabalho de  Abstração.  
                 Aspectos Dinâmico Operacional  e Evolutivo da Abstração.
                Verificada a necessidade da Abstração, passemos ao exame direto da maneira pela qual é realizada essa Operação Intelectual, bem como a sua Evolução, no que tange ao Desenvolvimento Humano.
A Dinâmica tanto Operacional (Moral ou Individual, efetuada no Cérebro do  Homem), quanto a Dinâmica  Evolutiva ( Sociologia  efetuada no  Cérebro da Humanidade), devem ser consideradas  como uma sucessão  gradual de  Aspectos estáticos.                                                                                                                             
O Progresso  das condições  anatômicas e estruturais, do Aspecto Estático  dos                              órgãos dos sentidos, dos nervos, dos gânglios, do Encéfalo e do Soma, repercutiu sobre       a capacidade { QA, QI e QC ( Quociente de Afetividade ; Quociente de  Inteligência; Quociente de Caráter)} e a competência  em seus diversos graus de intensidade.
No caso do Funcionamento da Dinâmica  Operacional de Abstração, o Aspecto Estático  representa  a unidade de Estrutura de Acontecimentos ( ou atributos, ou propriedades , ou características...) quaisquer ; e o aspecto Dinâmico Operacional, nos fornece o desenvolvimento desta Estrutura, isto é, uma pluralidade de estados sucessivamente modificados.                  
No caso da apreciação  da Dinâmica Operacional  da Abstração, esta nos mostra a inteligência preparando os materiais necessários  para o trabalho abstrato, decompondo os Seres Concretos, combinando e coordenando os acontecimentos ou atributos ou propriedades semelhantes, sempre sobre o mesmo aspecto  estrutural. 
A  Apreciação Dinâmica  da  Operação de Abstração nos apresenta as diversas etapas sucessivas que adquire o trabalho intelectual de Abstração, variando com as alterações que sofre o Conjunto  Geral das ideias ou Concepções Humanas, individuais ou coletivas que tem as suas origens  no Órgão da Contemplação Concreta ; com o maior grau de desenvolvimento da capacidade de abstrair, que vai aos poucos, sendo alcançado pela nossa Inteligência.
Para realizar, por exemplo, um raciocínio indutivo, o mais simples  da  geometria, necessitamos  proceder a um trabalho de Abstração, a fim de separar, por exemplo  a forma,  tornando-a independente de todos os outros acontecimentos ou atributos que acompanham o Ser Concreto. Na Realidade Exterior não encontramos Esferas e sim Corpos Esféricos.  Para estudarmos  as Leis Naturais Gerais  da forma geométrica em          questão, precisamos  abstrair, separando,  nos Seres Concretos considerados,  a forma          esférica, e supondo inexistentes  a cor,  o peso,  e as demais          propriedades físicas, químicas ou de qualquer outra  natureza, existentes nos Seres Concretos Observados.    
Do mesmo modo, o Funcionamento da Dinâmica  Evolutiva  da Sociedade Humana  se processa  por um caminho  análogo.
A passagem  da Inteligência  Humana pelos  diversos estados sucessivos de Fetichismo Espontâneo, Fetichismo Astrolátrico, Teologia Politeísta, Teologia Monoteísta, Metafísica Teológica, Metafísica Científica e Ciência Positiva, deveu-se também   a evolução  que ocorreu  no Aspecto Estático  , de cada órgão , moral ( Cérebro, etc.)  e o   Soma , durante estes milhões de anos que a nossa espécie vive aqui  no Gran Fetiche, transmitidos hereditariamente; à cada nova geração.
         II) TEORIA DINÂMICA OPERACIONAL DA ABSTRAÇÃO
  1)  A Classificação Subjetiva dos Seres - Em  Ser Concreto e Ser  Abstrato
                O trabalho  Intelectual de  Abstração ou  Operação de Abstração, como já foi dito, se baseia na Operação  de separação dos Seres Concretos, dos   atributos que se deseja estudar, para coordena-los  com os  atributos  semelhantes,  retirados  de outros Seres Concretos.
                Devemos, pois, para Abstrair, tomar previamente conhecimento dos Seres Concretos. E é por meio dos atributos ou propriedades que apresentam estes Seres Concretos, (cuja  percepção  está ao nosso alcance), que deles  temos uma Imagem, reproduzindo-os no nosso  encéfalo.                  
                As  concepções ou ideais, interiores do nosso cérebro,  que, com base nas Imagens dos Seres Exteriores ou  Concretos, forma parte da nossa inteligência, no órgão da Contemplação  Concreta e da Contemplação Abstrata, constituem os elementos fundamentais de toda a nossa Abstração. O Complemento da Inteligência, será feito pelos os Órgãos da Meditação (Indutiva e Dedutiva) e da Expressão. (Mímica, Oral e Escrita).
2) O Trabalho de Abstração ou Operação de  Abstração
                É a Operação ou Trabalho de Abstração puramente Subjetiva, realizada com a utilização   dos Seres  Concretos, reconstituídos   no Cérebro, de acordo com as Sensações ( ou dados sensoriais), que nos são fornecidas pelos  oitos Sentidos.
                Para compreendermos corretamente  o funcionamento do Cérebro, ao realizarmos  a Operação de Abstração, devemos em primeiro lugar, distinguir  3  Grupos de Funções : do Coração  ou do Sentimento Intelectual ou da Inteligência ; e do Caráter , isto é, da Ação ou Atividade. .
                As  funções Intelectuais ou da Inteligência,  dividem-se  em funções  de :
                               Concepção (Ideia) e  de   Expressão      
As Funções de Concepção são de duas Naturezas: Contemplativas e Meditativas
                               Contemplativas, que realizam as operações passivas ou preparatórias em                                        toda a construção intelectual e as Meditativas, que constituem  a parte                                          ativa  da realização da Inteligência

A Contemplação, tem por destino preparar convenientemente as                                        Concepções ou Ideias, a fim de que a Meditação possa utiliza-las.
                               De duas  espécies é a  Contemplação : Concreta e Abstrata
                     A Contemplação Concreta, está ligada diretamente ao Exterior,                                                 por intermédio do Aparelho Sensorial. Os nossos sentidos são                                                   analíticos. Cada um transmite do exterior, para o nosso Encéfalo, uma das diversas qualidades  ou acontecimentos , que o Ser  Concreto  apresenta e,  com esses elementos , a Contemplação                                            Concreta reconstitui subjetivamente  a Imagem de tal Ser                                                            Concreto , da forma  como nós o percebemos  no Exterior.          
A Contemplação Abstrata, está ligada diretamente à Contemplação Concreta, pois  é ela que capta  a Imagem e retira dela os atributos, formando a Ideia; sistematiza este atributo, para que sirva de alimento à Operação de Meditação;  que pode ser Indutiva e Dedutiva.
3) Colaboração da Inteligência ( Principalmente da Contemplação Abstrata), na Operação  de Abstrair.
                Este exame sintético que acabamos de fazer  do Trabalho ou Operação Intelectual da Abstração, mostra-nos que toda a inteligência, colabora para a sua realização, cabendo, entretanto, ao Aparelho Contemplativo ( Órgão da Contemplação Concreta e da Abstrata), a parte mais importante ou principal, quer no preparo das Imagens e das ideias ou Concepções Concretas dos Seres, quer na Coordenação Abstrata dos seus  Atributos na Contemplação Abstrata.
                A Inteligência é caracterizada por essa coordenação Contemplativa, inicialmente sintética e depois essencialmente analítica, onde se formam as ideais de cada atributo. Tais ideias servem de alimento ou de base para o Aparelho da Meditação, inicialmente indutiva e finalmente dedutiva;  Aparelho este  onde  se formam  os diversos pensamentos (Aparelho é a reunião de dois ou mais órgãos, cujas funções gerais sejam análogas). Assim percebemos claramente que na Contemplação Abstrata está especialmente concentrado o trabalho da abstração, mas a nossa Inteligência não pode abstrair sem preparar as Imagens  dos seres concretos  isto é, sem os estímulos das  necessidades de  Meditação. 
                A Contemplação Concreta colabora para a Abstração, preparando as Imagens em que tal Operação se baseia. O Apoio da Meditação e da Expressão faz-se necessário como estímulo,  pois nossa inteligência não iria abstrair, se tal trabalho não consistisse,  por sua vez, no fundamento da Meditação.                 
O desenvolvimento da Meditação, tanto a Indutiva como a Dedutiva, necessita sucessivamente de novas ideias ou novas Concepções, principalmente Abstratas, que são solicitadas  `a contemplação. A Meditação amplia  e complementa  o  Trabalho ou  a Operação de  Abstração.
                A Meditação perturbada, como por exemplo, em um caso patológico, permanente ou transitório, reagiria  imediatamente  sobre  o trabalho da Contemplação, que sofreria, por sua vez,  uma perturbação da mesma natureza.
               
                O  Órgão Cerebral  da Expressão  é aquele  que fornece  aos animais  o meio deles       transmitirem  ao exterior  o seu   estado interior : de sentimento, pensamento        e projetos.
                Este  meio deles transmitirem,  ao exterior  o seu estado interior, depende também da             abstração e consequentemente reage sobre ela,  estimulando-a. O objetivo  da  Expressão  é         traduzir  o resultado de  nossas construções intelectuais e , portanto,  depende normalmente  de todas as Operações da Inteligência; (excetuados apenas os casos anormais de pura  coordenação             de palavras).
                Constituindo a Abstração, uma das Operações Fundamentais da Inteligência, é  evidente a correlação que existe entre ela e a Expressão. Está, pois , a Abstração,  iniciada ,quando ocorre  a Contemplação Abstrata, ligada a todo o conjunto  da Inteligência, e desse conjunto,  vai              depender sua  realização operacional.
A Inteligência  forma  um Sistema  onde  seus diversos  Órgãos  colaboram em conjunto, para uma mesma finalidade.
                Assim não se pode separar  uma função  do conjunto das outras; há sempre entre  elas             uma plena interdependência.
                4) O Sentimento e a Ação,  na Operação  de Abstração .
                Da mesma  forma  que  os componentes do Aparelho da Inteligência  ou Aparelho Intelectual, constituem  um Sistema, podemos afirmar que entre  os Órgãos da Inteligência,  os do Sentimento e os  da Atividade ou  Ação  existe completa correlação.
                Em todo trabalho ou operação Encefálica é sempre o Sentimento  que propõe  as questões que,  estudadas e esclarecidas pela inteligência, passam a ser,  quando aprovadas por esta última, executadas  pela  Ação  ou  Caráter ou  Atividade .
                A Operação Intelectual não pode, pois em caso algum, ser realizada independentemente  do Coração ou Sentimento. O Sentimento,  Egoísta ou Altruísta, exerce permanente influência, para provocar e manter o trabalho  intelectual,  das funções Afetivas e Intelectuais: que visam sempre a prática de determinado ato, uma vez que as Ações constituem o destino de toda nossa Operação ou Trabalho Encefálico.
                Além da Influência do Sentimento, é  necessário ainda considerar-se  a influência das  3  funções Práticas  ou do Caráter, que são: a  Coragem, a  Prudência e a Firmeza, que em toda e qualquer espécie de  Trabalho ou Operação Intelectual, entram para  impulsionar, conter e manter. Desta forma podemos dizer,  em resumo, que o  Trabalho ou Operação de Abstração, realizado por nossa Inteligência, preparado pela Contemplação Abstrata, necessita da colaboração Geral da Inteligência  e das contribuições Afetivas ou de Sentimentos e do Caráter, que reage sobre o restante do aparelho Encefálico. (Não podemos esquecer ainda do Soma, como elemento facilitador ou dificultador indireto da Operação da Abstração).
5)  ATRIBUTOS OU  PROPRIEDADES ; IDÉIAS OU  CONCEPÇÕES
                                                 LEIS ABSTRATAS.
O Trabalho ou Operação Intelectual de Abstração apresenta Três  Resultantes; os Atributos, as ideias e as Leis Abstratas. O Principal Destino de toda Operação Intelectual é o estabelecimento das Leis Teóricas, que disciplinam nossa Inteligência e regulamentam nossas  Atividade ou Ações.
                Para chegar ao conhecimento da Lei Abstrata,  temos  necessariamente que passar por  uma  série de etapas preparatórias. A maior parte da preparação desta Operação Intelectual, se deve a Contemplação, ao passo que a Coordenação definitiva dos acontecimentos  é realizada  pela Meditação.
                A primeira  fase da Abstração é  aquela em que  a  Contemplação  Abstrata, utilizando a Imagem do Ser Concreto, preparada pela Contemplação Concreta, decompõe esta Imagem, separando os diversos atributos ou propriedades abstratas. Sobre este atributos assim obtidos, a Meditação exerce agora a sua  atividade, coordenando-os para estabelecer as Leis Naturais ou Relações Abstratas. Como resultado intermediário do primeiro trabalho ou operação de coordenação, combina os atributos, formando as IDÉIAS ou as Concepções  e os TIPOS ABSTRATOS ( ou IMAGENS SUBJETIVAS CRIADAS PELO ENCÉFALO ), sobre os quais  melhor se desenvolve  nosso Raciocínio.
Assim , observamos por consequência,  três fases, bem definidas  no Trabalho de Abstração :
                1) A primeira, quando a  Contemplação  Abstrata separa os  atributos ;
                2) A Segunda, quando institui as ideais  e os Tipos  Abstratos.
                3) A Terceira,  quando a Meditação Coordena e estabelece as Leis Naturais.                                   
5.1) O Atributo ou Propriedade Abstrata
Durante toda a fase de alimentação cerebral, isto é, no período em que são transmitidas ao nosso cérebro as informações objetivas, por meio sensorial, informações estas que geram as Imagens, que vão servir de base `a nossa concepção ou ideia  intelectual, durante a recomposição interior  dos Seres Concretos para  a Construção  de  ideais  (pela Contemplação Abstrata); toda a  combinação de  Imagens  se faz de  modo puramente concreto, inteiramente ligado e subordinado `a realidade objetiva, tal  como a percebemos. Formam-se assim as Imagens Concretas dos Seres.
A Contemplação Abstrata realiza a seguir o primeiro trabalho ou operação de abstração, quando separa , na Imagem do Ser Concreto, seus diversos acontecimentos ou atributos ou propriedades, pondo em evidência  aquele atributo ou propriedade em que mais nós estamos  interessados .
Exemplo: Se desejarmos estudar a forma geométrica de uma figura, para tomar conhecimento de determinada relação ou lei, o  nosso trabalho preparatório de abstração consiste em separar,  nas Imagens dos Seres fornecidos pela Contemplação Concreta, esta Imagem que nós desejamos nos atentar, isto é, neste caso com a forma, afastando subjetivamente todos os outros atributos, por meio dos quais conhecemos o Ser  Concreto.
Abstrairmos, portanto  o peso, a cor  e  todas as propriedades  ou atributos físicos e químicos, etc. , que o Ser Concreto   possa apresentar,  para examinarmos  apenas  a sua Forma . A Forma, assim separada do Ser Concreto , constitui a propriedade ou atributo Abstrato.
Os atributos ou Propriedades Abstratas  são construções Subjetivas, retiradas portanto, da existência Objetiva, por meio de nossa Inteligência. Quando por exemplo, concebemos o peso dos corpos, estamos realizando um trabalho de abstração, separando dos corpos ou Seres Concretos; essa  propriedade peso, que isolada, não existe na realidade exterior; o que observamos objetivamente são corpos pesados, podendo entretanto, a nossa inteligência conceber  o  peso em separado das outras propriedades  que o Ser Concreto possui.                                               
5.2)    IDÉIAS ABSTRATAS  e  TIPOS ABSTRATOS.
Da comparação das propriedades  ou atributos abstratos, originários de vários Seres ou Corpos concretos, resulta  a  Concepção Subjetiva da Ideia, que formamos sobre este atributo; é a Ideia Abstrata  ou Concepção Abstrata, a qual por  sua vez , conduz a Inteligência  à  construção  dos TIPOS  ABSTRATOS, pois a Concepção Concreta, ou Concepção Objetiva da Ideia ou da Imagem  é aquela fase onde os atributos ainda estão unidos aos Seres Concretos correspondentes.
A Operação de decomposição dos Seres Concretos, para exame de suas propriedades ou atributos abstratos,  é exercido normalmente com muita intensidade pelo Encéfalo Humano, que obtém uma série de propriedades ou atributos semelhantes , retirados  de outros Seres Concretos diversos, para coordenar e induzir ou deduzir as relações  existentes  entre estas propriedades.              
Por exemplo:   A forma esférica  abstraída de um Ser Concreto, depois de outro e  de                                muitos outros Seres Concretos  esféricos, nos conduz à  Concepção  de uma Ideia mais             Geral: a esfera, independente de novo exame de corpos esféricos. Formamos deste modo em nossa inteligência, uma nova espécie  de Imagem Abstrata, em grau mais adiantado que a anterior, mas sem que  tenhamos ainda  induzido ou deduzido as Leis deste Atributo  ou desta  Propriedade. É a Ideia Abstrata.
A nossa inteligência armazena, então,  uma nova Série de Imagens, de maior grau de abstração e mais complexas, isto é, as ideias Abstratas, como o peso, o calor, o triângulo, a esfera, a vida, etc., que não estão ligadas diretamente a nenhum ser exterior, mas que resultam da observação  de muitos Seres Concretos, onde  predominava, constantemente, um determinado Atributo.
A Ideia Abstrata constitui uma fase intermediária entre a simples decomposição dos Seres Concretos, pela Contemplação, e a consideração dos atributos abstratos, para se obter as Relações ou Leis Naturais, pela  Meditação .
Esta fase intermediária  apresenta   uma nova modalidade, mais adiantada, mais complexa  e mais subjetiva , que é representada  pelo Tipo Abstrato.
Por meio das Ideias Abstratas que formamos sobre os atributos  que constituem os Seres       Concretos, podemos agora, combinando estas ideias Abstratas, reconstituir abstratamente  o SER, obtendo assim o TIPO ABSTRATO .
           
                        Com todas as Ideias Abstratas que criamos sobre os diversos atributos ou propriedades e com o conhecimento, que percebemos, por exemplo,  do Homem, reconstruímos, em  nossa inteligência , a imagem do homem, formando assim o correspondente Tipo Abstrato. Temos assim no nosso encéfalo a Ideia do que  seja um Homem; ideia que apresenta todos os caracteres  gerais, geométricos, físicos, biológicos, morais, etc. do Homem , e que  no entanto não está ligada a nenhuma  existência  real e particular de determinado Homem, nem apresenta  as características simples  das ideias Abstratas. É uma Ideia Composta, na   qual são abstratamente  reunidos  todos os atributos ou propriedades  que caracterizam o ser Humano. Do mesmo modo, as ideias  que formamos  dos animais, das  árvores, etc. , nos levam  `a  construção dos tipos abstratos. O cavalo, o cão, a árvore, que  imaginamos,  e que  permitem reconhecer  esses seres quando  se nos apresentam, na realidade objetiva,  são Tipos Abstratos, que  não estão ligados diretamente  a nenhum cavalo, cão  ou árvore de existência concreta.
Tendo sido os Atributos, as ideias Abstratas e os Tipos Abstratos, adquiridos pela Inteligência, esta pode agora realizar a coordenação definitiva das propriedades ou atributos, induzindo e deduzindo as Leis Naturais, pela Meditação.
5.3) A Expressão Científica  de uma Relação Abstrata ou Lei Natural.
A comparação de atributos, semelhantes retirados por abstração ( pela contemplação concreta e abstrata) de grande número de seres concretos, conduz nossa Meditação Indutiva a verificar o que existe de comum no meio da variedade observada. Ao aproximarmos desta maneira os  atributos, é estabelecida, como preliminar, a Relação Abstrata. Esta, uma vez reconhecida, serve diretamente para a instituição da Lei Natural, que é a constância no meio da variedade ou a expressão científica  da  relação abstrata.
As Leis Naturais são obtidas por duas modalidades de raciocínio : Indutivo e Dedutivo.
A Meditação Indutiva, primeiramente compara  as diversas Imagens Abstratas, aproximando-as entre si e procurando o que é de mais comum na variedade, para estabelecer as relações  abstratas, e por meio  destas  as Leis Indutivas ou de Semelhança. ( ou Leis Básicas Indutivas ).
Em seguida, a Meditação Dedutiva sistematiza as Leis Indutivas, coordenando-as, isto é, extraindo as consequências das Leis de Semelhança, que são  as Leis Dedutivas ou de Sucessão.
Da combinação das Leis Básicas Indutivas e de suas Consequentes Leis Dedutivas, resulta  a construção e Expressão final das Teorias Abstratas, referentes `as varias Classes de Atributos, desde os mais simples, da Matemática, até os mais complexos  da Moral Positiva.
5.3.1) Duplo destino das Leis Abstratas ou Leis Naturais.
                As Leis Abstratas ou Leis Naturais  são destinadas  a disciplinar  nossa inteligência  e a regular a nossa  Ação ou Atividade. As Teorias Abstratas, construídas pela nossa  Inteligência , preenchem , pois, dupla  necessidade da Espécie  Humana : Uma de Ordem Moral Positiva e outra de Natureza Prática.
                A de Ordem Moral Positiva  emana  da Unidade ( Integridade e Comunhão) , que deve ser instituída , para realizar a Harmonia Interior  das funções encefálicas e a convergência exterior  de todos os Seres Humanos. A disciplina  de nossa inteligência, pela subordinação da Análise à Síntese, resulta diretamente da Instituição Abstrata da escala de acontecimentos e da Convergência das diversas categorias de Atributos, para o conhecimento e o aperfeiçoamento da existência Humana, coletiva e individual.
                A de Natureza Prática  é a consequência  da  instituição  das Leis Abstratas, é  a que regula as nossas Ações ou nossas Atividades. Os conhecimentos abstratos são sob esse aspecto, encarados como  os  esclarecimentos de que necessita nossa  inteligência, para guiar nossas Atividades, na Modificação do Mundo e do Homem, e na submissão ao que os atributos apresentam  de imodificável.
                Realiza-se este duplo destino das Leis Abstratas instituindo-se a Filosofia Primeira, a Filosofia Segunda e a Filosofia  Terceira, que serão vistas a seguir.
III) TEORIA  DINÂMICA EVOLUTIVA DA  ABSTRAÇÃO
1)  O Desenvolvimento Intelectual em relação `a Capacidade de Abstrair.
                A Operação ou Trabalho Encefálico da Abstração é variável, em grau e em intensidade, conforme o maior  ou menor  desenvolvimento  intelectual, do indivíduo ou da coletividade social.
                Ao percorrermos as várias fases da evolução  coletiva da espécie humana veremos que a capacidade de abstrair, se apresenta cada vez mais desenvolvida. Também verificaremos que, nas diversas idades dos  indivíduos, há um gradual aumento da intensidade com que pode executar a abstração.
                No homem primitivo e  na criança,  o raciocínio concreto é preponderante observador, somente  começando a  esboçar-se  a  operação de abstração da inteligência, depois de grande preparo, e de um acúmulo de Imagens, em quantidade suficiente, para permitir um exercício mais completo das funções intelectuais ( Contemplação, Meditação e Expressão)
                Para bem apreciarmos o desenvolvimento da Abstração, na civilização humana, vamos acompanhá-la, resumidamente, nas suas principais fases de evolução.
                Durante a fase fetichista da Evolução Humana, verifica-se o desenvolvimento da observação e, portanto, da função intelectual da contemplação concreta. Inaugura-se nesta fase a Lógica dos Sentimentos.
                O Surto Gradual da Inteligência Humana, ligado naturalmente às outras duas partes de nossa Alma ( Sentimento e Atividade), teve necessariamente de  se processar  segundo  a ordem  em que as funções intelectuais  se  apresentam normalmente. Assim começou a predominar o desenvolvimento, em primeiro lugar o da contemplação, para em seguida acompanhar este processo ocorrendo a Meditação. Não poderia a Meditação prosseguir sem que,  preliminarmente, se  adiantassem as funções preparatórias  de seu trabalho ou operação, isto é,  as de Contemplação. Recebendo as  impressões concretas  fornecidas pelo mundo exterior, o homem primitivo, sem possuir ainda as reservas interiores de Imagens e ideias abstratas, para realizar comparações, teve forçosamente que raciocinar baseado nessas Imagens Concretas. Raciocínio este, ainda muito rudimentar e ligado às necessidades imediatas exigindo, entretanto, um aprimoramento sensorial, e consequente desenvolvimento do tino de observação, a fim de ir, aos  poucos, constituindo reservas de  Imagens e ideias.
                A  fase fetichista da evolução humana, caracteriza-se  pela instituição de uma  síntese, de uma unidade completa religiosa,  baseada na atribuição do  realizar-se todos os atributos, como a expressão das vontades  próprias dos Seres  respectivos, concebidos estes, como dotados dos mesmos atributos Morais, Intelectuais e Práticos que nós Seres Humanos.
                Assim, o Fetichismo é a Doutrina da  Lógica dos Sentimentos, que inaugura  e acompanha a evolução humana, não só durante a fase primitiva do  fetichismo espontâneo, mais ainda durante toda a fase astrolátrica, quando começa a esboçar-se mais intensamente o trabalho de abstração. Retirar a vontade dos seres  para  atribui-las a outros seres  mais afastados; os astros, exigindo um grande progresso  intelectual e um começo  acentuado de  sistematização abstrata
                A Lógica dos Sentimentos, é o recurso operacional por meio do qual o Conjunto das 18 funções cerebrais  ( Sentimento, Inteligência e Ação) procura coordenar os fatos, tendo em vista o estabelecimento de uma síntese  harmoniosa, sob o ponto de vista da preponderância de tais ou quais sentimentos; de maneira a fazer perceber em nossos pensamentos as implicações quaisquer de ordem moral, que eles implicitamente encerram. 
2)  A   Abstração  no Politeísmo e a  Lógica das  Imagens.

O Politeísmo desenvolve especialmente, em nossa Inteligência, a Contemplação Abstrata e funda  a Lógica das Imagens .
Lógica das Imagens, sendo o recurso operacional, por meio do qual o conjunto das 18 funções cerebrais ( Sentimento ; Inteligência e Ação) busca auxilio nas imagens subjetivas, aplicando tais imagens a conceitos que de outro modo careceriam de representação, como um recurso  para clarificar a resolução  de um problema pendente.
                A passagem da Astrolatria para o Politeísmo traz modificação radical para as concepções humanas, começando-se a síntese a basear-se em vontades exteriores cada vez mais abstratas. A instituição dos Deuses, como centro da unidade Moral, Intelectual e Prática da espécie humana, exige o desenvolvimento da contemplação abstrata que passa a preponderar sobre  as contemplações concretas, modificando  completamente  todo o aspecto geral do trabalho intelectual. Essa transição da síntese, de objetiva para subjetiva, somente se poderia realizar com o trabalho ou operação da Contemplação; agora muito mais aprimorado  ou adiantado,  onde as  Imagens não só se formam pela contemplação concreta e abstrata , como também são coordenadas  pela meditação indutiva e dedutiva, com vista a  constituição  dos múltiplos tutores fictícios, que guiaram a evolução humana durante as antigas teocracias e nas brilhantes  civilizações grega e romana,  fases estas extensas e de grande esplendor.
                Como consequência do surto  que adquire a contemplação abstrata e da transformação do sistema de raciocinar , apreciamos nesta fase a instituição  da Lógica das  Imagens. Com este segundo meio lógico, que vem se reunir  ao primeiro, da fase  fetichista,  a Inteligência Humana  adquire pelo desenvolvimento, o esboço da Lógica dos Sinais, que se completa na fase monoteísta, dando à inteligência todos os recursos, para que a evolução grega possa preencher seu papel  histórico, de preparar nossas forças  mentais, sob os três aspectos - Estético ou da Arte, Filosófico e Cientifico.
                A Lógica dos Sinais é o recurso Operacional, por meio do qual o conjunto das 18 funções cerebrais     ( Sentimento ; Inteligência e Ação) facilita a resolução de suas questões,  com a  formulação e o  emprego de símbolos, que possam evocar os seres ou as situações  nelas envolvidas, sem no entanto confundir-se com a representação direta  dos mesmos.
                A confusão recíproca da  Imagem com o Sinal é uma característica Marcante do Espírito Metafísico . Um exemplo deste tipo de mal entendido são as chamadas “ondas  cerebrais” ; tal concepção  proveio de  se considerar como uma Imagem os registros gráficos  fornecidos pelo eletroencefalógrafo.      
3) O Monoteísmo e a Meditação.
                Com o Monoteísmo, há o surto da Meditação, principalmente Dedutiva, que complementa  a Lógica, com a instituição  do terceiro  recurso lógico constituído pelos Sinais.
                A Contemplação devidamente preparada em seus dois aspectos, concreto e abstrato, permite, na fase monoteica, o progresso especial da meditação indutiva e dedutiva, bem como  a formação definitiva da  lógica dos Sinais. É nesta fase que a  Inteligência Humana  adquire  pleno  desenvolvimento lógico, de modo a poder na civilização moderna, construir todo o edifício enciclopédico.
                Se observarmos a maneira  pela qual  se constitui a Síntese em cada  uma  das fases preparatórias da evolução humana, vemos a coerência intelectual, formar-se em torno de entes cada vez mais abstratos, `a medida que  percorremos  a série constituída, primeiro pelos  fetiches terrestres, depois,  sucessivamente pelos astros, pelos deuses do politeísmo, pelos deuses das várias formas monoteístas, e finalmente  pelas entidades  metafísicas, primeiro ligadas a um aspecto teológico e, depois, cada  vez mais  abstratas e finalmente ligadas ao aspecto científico.
4)  A  Abstração  na Doutrina Positivista
                A Abstração  somente se torna  completa  no Estado de  Positividade dos nossos  sentimentos,  pensamentos e ações ,isto é; quando  os Três  Elementos Lógicos, o Sentimento, a Imagem e os Sinais,  se combinam.
                Durante a Evolução Preparatória, o grau crescente de Abstração que adquire a entidade coordenadora da unidade religiosa,  atinge  o seu  máximo de intensidade ao passar a espécie humana, do estado  teológico para o metafísico.
                No estado metafísico, a explicação de todos  os fenômenos é feita  atribuindo-se sua  realização  à entidades  puramente abstratas, criadas pelo cérebro humano, para provisoriamente  suprirem a falta  de conhecimentos das Leis Naturais, ainda  não descobertas. À medida que as relações cientificas são instituídas, vão desaparecendo as correspondentes entidades Abstratas.  A Abstração, na idade metafísica, não é sistematizada,  apesar do grau de intensidade que  ela atinge. Ao contrario, se torna mais confusa  que nas épocas anteriores.
                Mais negativo que qualquer outro, mais demolidor das instituições do passado, do que  construtor de novas estruturas, a Doutrina Metafísica é,  por isso mesmo, transitória, devendo ser logo  substituída pela  Doutrina Positiva.
                O Estado Positivo, combinando melhor os três meios lógicos, SentimentosImagens e Sinais, vem estabelecer as  Leis Abstratas, que regem  os Seres pelos acontecimentos.
                A Abstração é no estado Positivo, não só plenamente  desenvolvida como diretamente utilizada para a Indução das Ciências. Ocorre coordenação harmônica entre as  funções  da Contemplação Concreta e a Contemplação Abstrata  e  o entrelace  com a Meditação  indutiva e dedutiva,  donde resulta  a gradual instituição dos princípios  científicos, que  regem  as  existências  do Exterior e as existências do Homem.   
5) A Lógica Positiva.
A Lógica Positiva  é definida  como  colaboração  normal dos sentimentos, das imagens e dos              sinais, para  nos inspirar concepções  que convém `as nossas  necessidades  morais, intelectuais e físicas”. Essa definição normal de lógica é dada por Augusto Comte na Introdução da  Síntese Subjetiva.-  pag. 25         
É a Lógica Positiva  a   única  completa, pois além de reunir os três  elementos  lógicos, Sentimentos, Imagem e Sinais, combina e coordena  esses elementos , para aplicar  ao raciocínio de forma conveniente às nossas  necessidades , não só intelectuais, mas também morais e práticas. Inaugura, portanto, a Doutrina Positiva, a plenitude  de nossas  disponibilidades intelectuais, reunindo e congregando, os diversos meios,  separadamente preparados, pelo conjunto do passado humano.
A inteira madureza de  nossas concepções  intelectuais é  atingida no estado positivo, depois de passar pela longa Série preparatória de Sistemas Intelectuais, mais ou menos incompletas, das diversas  formas  fetichistas,  teológicas e metafísicas.
                A Lógica Positiva é sistematizada para regular o conjunto da  existência humana.
            As concepções são elaboradas pela Inteligência, sob o impulso do Sentimento e assistido pelo               Caráter.
O método afetivo prevalece assim  sobre  os outros dois , em virtude dos  sentimentos constituírem ao mesmo tempo  a fonte  e o destino dos pensamentos e dos atos. Queiram ou não os Cientistas ou os Reis
                Os três meios Lógicos - Sentimento, Imagem e Sinal - correspondem, pois, aos três elementos fundamentais de nossa  constituição cerebral- o Coração ou Sentimento,   a Inteligência ou Espiritoo Caráter  ou Atividade  ou Ação. De acordo com  o Trabalho Cerebral, as Imagens Lógicas( Ideia)  e  os Sinais  devem  ser apreciados  como  auxiliares  dos Sentimentos  na  elaboração  dos Pensamentos. A Harmonia Lógica  inaugurada pelo  Doutrina Positiva, faz colaborar a força dos Sentimentos  com  a nitidez  das Imagens e a Precisão dos Sinais. Adquirem na Doutrina Positiva, os três  meios lógicos, completo desenvolvimento e sistematização, de  modo que o trabalho intelectual é realizado em toda  a sua plenitude e dignidade.
                Sob a influência  e a preponderância  sistemática do coração ( Sentimento), a Lógica Positiva adquire não só um grau elevado de dignidade, como também, uma  constituição verdadeiramente Poética.
A Sistematização  filosófica  vem, aliar-se à melhor disposição Estética ou Artística, isto é, a união de todos os  Aspectos  da Subjetividade Humana, que até então vinham sendo considerados como opostos.
IV)    SEDE   DA   ABSTRAÇÃO
1)       A Instituição Religiosa do  Espaço .                                                                                                                                     
A  noção de Espaço é obtida como um subproduto das nossas Sensações, não sendo diretamente  revelado por nenhuma  delas, em  outras palavras, o Espaço é  uma criação subjetiva destinada a facilitar  a Coordenação e  a Expressão das  Nossas ideias e Pensamentos. Todas as questões  que a nossa Alma  se depara, e que  envolvem o conceito de Espaço, podem ser transformadas, em questões  onde são apenas  consideradas as Variações,  das  diferentes  Sensações, sem  a necessidade de se recorrer a este conceito de Espaço; apenas a linguagem torna-se desnecessariamente mais complexa, prolixa e antipática.
                Assim, vemos pela comparação de um e de outro modo de considerar a questão, o quanto o  Espaço Simplifica a forma de se estabelecer as questões, onde  sejam  necessárias as Sucessões das Sensações.
 O Espaço  que nos referimos  é um Espaço Subjetivo dentro de cada cérebro.
 O Espaço mais uma  vez é uma construção Subjetiva que o Ser Humano formula; que pode hoje em dia comparar do com o s softwares do tipo DOS ou em linhas gerais, como o conjunto de programas, que podem ser ou não ativados, pelo cérebro.
                Para dar sede aos resultados do trabalho Subjetivo de Abstração, em qualquer grau , concebemos, também  Subjetivamente, o ESPAÇO.
                 A fundação da geometria na antiguidade exigiu como uma necessidade da Inteligência  Humana, a Instituição do Espaço. As formas geométricas, apreciadas independentemente dos Seres Concretos, onde se apresentam, deviam ser colocadas em meios apropriados, por um trabalho subjetivo. Então, por este motivo teve a espécie humana, necessidade de realizar um  meio subjetivo , onde as ideias das  formas estudadas  fossem armazenadas ou colocadas ou arquivadas.
                A apreciação Positiva do Espaço, dá a este meio  por extensão, utilizada de como sede   das abstrações  referentes  aos  atributos  e fenômenos  físico e químicos. Aplicado também  aos estudos dos fenômenos  vitais , é o Espaço  suscetível de  comportar , todas as  Idéias  da Biologia, colaborando para  a apreciação das Leis  Anatômicas (referentes `as formas e disposições dos diversos órgãos) e Taxonômicas (Referentes `a Classificação das várias formas de organismos vivos). 
                A antiga instituição matemática do Espaço estende-se, portanto,  pela Doutrina Positiva, `a todas as concepções da Escala Abstrata até  Biologia Estática ( Anatomia e Taxonomia), tornando-se Inútil  apenas  às  concepções Dinâmicas da Biologia ( Fisiologia)  e aos  Estudos de Sociologia Positiva e Moral Positiva, onde  há necessidade  de  dar  aos  atributos uma  Sede Real . “ Aplicada dinamicamente, esta instituição torna-se estéril e viciosa. Pois funções vitais, tanto vegetativas quanto de animais, exigem sedes Reais, sem que seu estudo, possa utilizar os fantasmas emanados do meio Subjetivo” ( Augusto Comte-Síntese Subjetiva, pag 22).
2) As  Hipóteses   Provisórias.
                Antes  da Instituição  Positiva  do Espaço, desde a antiguidade,  várias tentativas  teológicas e metafísicas foram feitas  para localizar os  atributos ou propriedades sem sede.
                Utilizado durante a longa fase  de elaboração preparatória da Humanidade, o Espaço adquire sistematização definitiva na Doutrina Positiva.
                Esboçado na mais alta antiguidade, foi consagrado no Oriente, onde influências especiais conduziram a civilização chinesa à institui-lo, embora com um caráter concreto, algo fora do cérebro.  O culto do Céu pelos Chineses, representa a primeira forma  de  instituição do Espaço.
                A hipótese vaga do éter universal, instituído pela  metafísica, é  também no Ocidente, um preambulo ao Espaço.
                O Oriente  e o Ocidente,  com criações  provisórias, de natureza abstrata `as quais eram porem, atribuídas  existências objetivas, colaboraram para a formação do Espaço, esse elemento essencial à sistematização positiva de todos os  Atributos Abstratos.
8)         O  Espaço,   a Terra e a  Humanidade.
                Todas as concepções  humanas, tudo o que a nossa inteligência pode compreender e assimilar, apreciando sob o Aspecto Relativo, Subjetivo e Positivo, está resumido nas Três  Existências - O Espaço , A  Terra e a  Humanidade.
                O Espaço - é o  meio onde  localizamos  os acontecimentos  Abstratos, é  a Sede Universal dos Seres Abstratos sem sede; é a construção fundamental de nossa inteligência, para realização de seu trabalho abstrato. A existência puramente  Subjetiva do Espaço, evidencia bem o seu destino lógico  e sua origem, ao mesmo tempo estética ou artística e científica.
                A Terra compreende  o conjunto  do meio objetivo  em que vivemos, a sede  de nossas ações. Compõe-se com seu duplo envoltório  líquido e gasoso, como centro subjetivo que é do Sistema Solar, e os  Astros que  sobre ela  influem diretamente.
                A Humanidade, é finalmente, formada  pelo conjunto de Seres Humanos passados, futuros  e presentes . Nesse conjunto estão  compreendidos apenas  os seres  verdadeiramente  convergentes .
                Esta trindade  formada pela  Humanidade,  a Terra e o Espaço,  sintetizando  tudo o que é  positivamente apreciável  pela inteligência humana, constitui o verdadeiro guia  de nossas  concepções morais ,intelectuais e práticas.               
                Compreendendo a Teoria  da Natureza Humana, esses  três elementos  representam, respectivamente  o Sentimento , a Inteligência  e a Atividade.
                O  Primeiro Ser, a  Humanidade, é o  mais próprio para representar o sentimento, porque o coração é o elemento preponderante,  pelo impulso que dá a todos Pensamentos, como também a todas as  Ações. Assim podemos dizer que a Humanidade, melhor representa o Sentimento, por que no Ser Humano, convergem os Sentimentos, pensamentos e atos, podendo assim o primeiro adquirir plena  eficácia e representação.
                O Segundo, a Terra, corresponde  em  nossa natureza, à atividade,  que  representa o  meio  Objetivo, onde  se realizam as nossas Ações; além  de constituir o reservatório universal de todas as nossas provisões materiais.
                O Terceiro Ser,  o  Espaço, é o elemento que melhor corresponde  ao sentimento,  como sede  Subjetiva  de todas as Abstrações.   
9) A Concepção ou Ideia do Espaço.
                O Espaço deve ser idealizado e concebido, como privado de inteligência e de atividade, porém dotado de sentimento, que é  laço Universal  de todos os Seres Objetivos e Subjetivos; além disso, o Espaço deve ser concebido com a cor branca, sinal universal da Paz.
                A Humanidade é dos três elementos fundamentais de que estamos tratando, aquele que  sintetiza a existência, isto é, o único dotado simultaneamente dos três atributos da Alma Humana - Sentimento, Inteligência e Ação .
                 A Terra  é dotada  de dois atributos somente - Sentimento e Ação, faltando a Inteligência.                    
                Quanto ao Espaço, de existência  puramente Subjetiva,  criação interior de nossa inteligência, tem que ser concebido sem atividade, nem inteligência,  pois quaisquer destes dois elementos,  que viéssemos atribuir-lhe  viria perturbar  complemente nossas concepções Abstratas, pelas modificações que espontaneamente  tenderia a introduzir nessas concepções. Nenhum inconveniente, entretanto, resulta de lhe atribuirmos o Sentimento.
                Idealizado o Espaço, como elemento também dotado de sentimento, o laço afetivo torna-se  a União Simpática e Natural de todos os Seres, tanto Objetivos como Subjetivos,  apreciados ou concebidos pelo  Cérebro do Homem. 
                Este estudo da Abstração é de importância crucial para  a compreensão da Doutrina Positiva, ele representa  a  antecâmara  da Filosofia Primeira , que corresponde  às  15 Leis  Naturais Universais ou Fatalidade  Suprema;  representada sinteticamente  também pelo Espaço ou Gran Meio. Somente a Filosofia que trata  das Leis Naturais dos  Atributos, é que forma a Ciência Positiva.
A Filosofia que estuda a finalidades praticas; leis dos seres concretos (  gráfico de uma perda de carga de cada  bomba , por exemplo) , está  excluído do campo teórico - subjetivo ou científico, e faz parte do domínio técnico ou aplicação tecnológica.

 
Vide Quadro Sistemático da Abstração da Alma e Físico-Químico do Encéfalo –


ÓRGÃOS DA ABSTRAÇÃO                          
A palavra Alma representa no sentido em que a empregaremos aqui, o conjunto das 18 funções do cérebro, ou melhor, do encéfalo. Alma ou Psique ou Mente. E se existem funções com certeza existe Orgãos.
                Livre de qualquer misticismo esta preciosa expressão  Alma, corresponde aos fenômenos mais eminentes da natureza Encefálica. Se a vida, como se afirma desde Hipócrates é constituída por um  consensus, já que  no organismo  tudo colabora,  tudo contribui e  tudo consente,  esta harmonia interior  deve residir, principalmente,  no aparelho encefálico, que é o seu regulador supremo.                                                    
O estudo Positivo das funções do encéfalo, derivou diretamente de uma série de trabalhos anatômicos relativos ao encéfalo, instituídos desde  a Escola de Alexandria, por Hierófilo e Erasístrato e, desde o XVI século, por  Andreas Vesálius, um sábio-anatomista-biologo, e seus continuadores, Bartholomeu Eustáquio, Fallópio, etc ; em segundo lugar, a atenção dos filósofos e dos  naturalistas, para  o problema  concernente às faculdades morais, intelectuais e práticas  do Homem e dos  outros  Animais.                                                                                                  
Destacam-se nesta linha de meditações os filósofos da escola de  David Hume ( Século XVIII), cujas concepções lançaram as primeiras suspeitas da  Inateidade dos Instintos Simpáticos, isto é, de seu aspecto inerente à nossa natureza animal, sob o fato que o Homem  e os outros  Animais, nascem com o instinto  que os levam à viver para outros.
O Naturalista,  Jorge Leroy ( Século XVIII)  refutando o que ainda existia  de  automatismo nas concepções de Descartes , relativas aos animais, afirmou  mediante  uma série de engenhosas observações que nestes existia  não só inteligência como também sentimentos  desinteressados.                                                        
Firmado nesta dupla  preparação e não esquecendo os apanhados empíricos que a sabedoria popular acumulou a respeito; um pensador germânico, Franz Joseph Gall (1825) abordou de  um modo positivo, o problema  das faculdades  encefálicas, criticando vigorosamente o espírito metafísico, senhor até então , de um tal domínio especulativo.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        OS trabalhos  fisiológicos até então elaborados, definiam o Encéfalo como um órgão único, cujas  funções  se ligavam  diretamente  à sensibilidade e à  motricidade.
                A Inteligência que sucede às Sensações,  era  por completo entregue à  metafísica  reinante  como  faculdade humana por excelência.
                Quanto as  funções afetivas estas eram em grande parte  localizadas nas vísceras, segundo uma velha tradição;  e espíritos, já bem avançados, como de Pierre Jean Georges  Cabanis  e mesmo  Xavier Bichat,(cuja  morte  prematura não o permitiu  meditar sobre tal assunto), ainda assim acreditavam; O Fígado era a sede da Ira - o que na verdade era o encéfalo que no estado emocional de Ira, afetava o fígado e por conseguinte a própria digestão:  no entanto, hoje sabemos, que há uma intima ligação entre os nossos estados emocionais e a operacionalidade  das Vísceras, cuja a interface é feita pelos nervos e conhecida  como Sistema  Nervoso Autônomo, que é afetado pelos Sentimentos
                Quanto ao método,  este  se baseava  na observação interna a qual estreitava, por demais,  o campo das especulações, por isso que só se podia aplicar ao estudo do homem adulto, sem eficácia, como diz o Médico Broussais, com  relação às idades,  nem aos estados patológicos e  ainda menos,  como observa  Augusto Comte, poderia  estender-se aos outros animais, os quais,  como as crianças e os loucos,  nunca nos  dariam conta  do  resultado destas  observações.
                Gall baseou sua construção em dois princípios filosóficos: 1) que são inatas as diversas disposições fundamentais, afetivas, intelectuais e práticas; 2) Que são múltiplas as faculdades  essencialmente distintas, radicalmente independentes, umas das outras, embora  a concretização dos atos correspondentes   exija   ordinariamente, a sua colaboração  mais ou menos complexa. 
                Considerada Anatomicamente esta concepção fisiológica do Encéfalo, corresponde à sua  repartição num número de órgãos parciais, simétricos , como os órgãos da vida  do Soma, os quais,  embora  contíguos, e mais  semelhantes uns com os outros, do que os órgãos  de qualquer outro sistema; sendo por conseguinte, mais simpáticos,  e mesmo  mais  sinérgicos,  são porém essencialmente distintos e independentes uns dos outros,  assim como,  com relação aos gânglios,  respectivamente  relacionados  aos diferentes sentidos externos.
                O Encéfalo é, pois um aparelho em vez de um órgão único; Gall, portanto  reconheceu  a menos de 172 anos, o direito de cidadania na fisiologia ao Sentimento ao lado da Inteligência.
                Em oposição a uma unidade absoluta do “Eu”  metafísico, ele verificou  a multiplicidade da natureza humana  e animal,  a qual é assim  solicitada em diferentes sentidos,  por afeições distintas, cujo equilíbrio se torna penoso quando qualquer delas  não prepondera o suficiente.
                Gall, foi o inspirador de todos os trabalhos científicos sobre o Encéfalo, que se sucederam aos seus,  e embora esquecido na melhor de suas produções ( pois foi, e é tido apenas  por um  cranioscopista) , toda a doutrina  das  localizações Encefálicas, se inspirou em seus  geniais  trabalhos.
                Embora Gall , muito se adiantasse  como profundo pesquisador e  conhecedor da anatomia do Encéfalo ( Flourens um grande anatomista da época, admirava-se ao vê-lo dissecar este órgão) ,  foi Gall principalmente  um  fisiologista.
                Instituindo ao seu modo o Encéfalo,  como   sede das faculdades, não há dúvida que ele já estabelecia  hipóteses positivas,  verificáveis;  eram  relações  entre órgãos e funções  que ele estabelecia, independentemente  de  quaisquer considerações sobre  a existência  de  um ser imaterial - Alma- que   fosse o responsável direto e último, da manifestação  destas funções psíquicas, como supunham e supõem os Espiritualistas.
                Os fisiologistas contemporâneos de Gall tentaram determinar a sede da inteligência, pelo método objetivo, experimental, mas este, não é o processo lógico que mais convém a tal domínio especulativo.    
                Muito restrito é  o seu uso,  no que  diz respeito aos fenômenos  mais eminentes da vida , como são os acontecimentos Encefálicos.
                Instituíam-se experimentos em que se  mutilavam Encéfalos de animais  superiores,  aves por exemplo, subtraindo-lhes  porções, e deste modo, procuravam ligar  os  sintomas  decorrente de tão graves lesões, como a inaptidão para a marcha, para o vôo,  à função  da parte  que havia sido removida.
                Diante, destes experimentos em que se tratava, com fragrante menosprezo à integridade orgânica, precisamente no mais  harmonioso dos   aparelhos, dizia Gall (Século XVIII -XIX): “ Quando se leem as experiência dos nossos fisiologistas, sobre o cérebro,  parece que todo o sistema nervoso,  mormente  o Cérebro e o Cerebelo, são concebidos por eles,  como formados  de  fragmentos de cera aplicados uns contra os outros” . E,  após sensata crítica,  estabelecia Gall os seguintes  princípios : “ É  efetivamente impossível impedir a  influência recíproca das diversas partes do sistema nervoso, e  isolar as  irritações, as mutilações, obtendo  resultados distintos e específicos. É uma pretensão absurda, querer aplicar às faculdades Morais e Intelectuais do Homem, os resultados vagos arbitrários  e  inconstantes,  tanto quanto estão  mal observados  nos  galos , nas galinhas, nos pombos, nos coelhos etc” . 
                A pesar da justa autoridade de Gall, e de suas vistas de tão elevado alcance filosófico,  prosseguiram  os fisiologistas, em tentar determinar as sedes  das faculdades mentais e demais funções Encefálicas,  por meio de experiências objetivas . Aos cortes e mutilações  sucederam as aplicações de correntes elétricas , mormente com  os trabalhos de  Fritche e de Hirtzig  na Alemanha e Ferrer na Inglaterra.(Século XIX)
                As discordância  e as contradições  entre os operadores-anatomistas  não cessaram de proclamar  a veracidade das conclusões de Gall. Referindo-se  às  vivissecções  efetuadas no Encéfalo,  chegou o médico Positivista D. Bridges a proclamá-las tão inúteis,  como a  inspeção das entranhas das vítimas, pelos Augúrios romanos - ou Sacerdotes  Adivinhos; As Pitonisas - feiticeiras que  previnham o futuro ; na Grécia,   os Oráculos, que adivinhavam o futuro.
                A  Sede da Inteligência no Lobo  Frontal, como  concebeu Gall e corroborado por Augusto Comte emancipa assim, de qualquer  entidade ontológica - a Alma - bem como a faculdade da Expressão; esta também  localizada no Lobo Frontal,  como uma função encefálica única - a exceção  da discordância,  quanto  à sua  localização-  constitui um legado de Gall .
                Devemos porem assinalar que em face  das decepções  do método experimental, uma reação se despertou em prol da observação patológica como fonte de esclarecimentos  para a  fisiologia encefálica . Existem, com   efeito,  vantagens   em semelhante processo nos estudos biológicos, uma vez que as moléstias  são  verdadeiras experiências espontâneas, no entanto  hoje temos  modernas técnicas  de neuro imagens; tomografia computadorizada por ressonância nuclear magnética e tomografia computadorizada , por emissão de   pósitrons.
                Lançando as Bases  Positivas do problema Moral do Homem e dos outros Animais, não lhe deu todavia,  o pensador germânico,  a solução completa.
                O Filósofo que por lhe haver apanhado o alcance dos trabalhos, salvo-o do esquecimento, recomendando-o à  mais remota  posteridade, foi  Augusto Comte ; Broussais, por este estimulado, terminou a sua gloriosa carreira acolhendo a Frenologia ou doutrina de Gall.
                Cumpre-nos agora mostrar  os  aperfeiçoamentos que o fundador  do Positivismo imprimiu na Obra de Gall ; exporemos num apanhado sucinto a Teoria das Localizações  dos Órgãos Encefálicos segundo Augusto Comte.
                Como já vimos, Gall  inaugurou a Doutrina Encefálica  Positiva, mediante a  distinção entre  o Sentimento e a Inteligência, proclamando ainda a seu modo a preponderância do Sentimento sobre a Inteligência. Sobrepujando assim  as diversas aberrações teóricas  que neutralizavam a sabedoria popular.
                Apesar disto foi defeituosa  a sua distribuição, dessas  faculdades  elementares; e, classificando-as, ele as multiplicou arbitrariamente.  Mas as faltas mais notáveis de Gall,  referente as funções da inteligência, onde sua análise se  tornou empírica e incoerente.
                Reagindo contra as concepções  metafísicas de  Condillac, quanto à preponderância dos sentidos,  Gall transportou aos  órgãos cerebrais, atribuição dos gânglios, da visão e do orgão auditivo,  como, por exemplo,  o talento especial para  a  pintura, a musica etc. 
                Gall isolou o Encéfalo do Soma, esquecendo as  suas mutuas interdependências, a pesar do trabalho de Cabanis, que melhor compreendeu a verdadeira integridade vital.
                A existência individual, em seus acanhados limites, não podia  oferecer espaço suficiente, para uma completa meditação  sobre o problema moral e intelectual. Foi preciso portanto, que o  construtor da doutrina cerebral, tivesse concebido em suas meditações, o espetáculo histórico,  contemplando, deste modo, em seus grandes resultados coletivos, os atributos mais nobres do Homem. Assim, não se pode obter da observação  pessoal,  mais do que  a verificação de leis descobertas através da evolução social. Mas uma tão preciosa  confirmação, só poderia ser bem estabelecida em relação aos animais, nos quais as disposições inatas estão bastante isoladas  das  modificações adquiridas.
                Dotados  das mesmas faculdades que o homem, quaisquer que sejam as diferenças de grau, servem os demais animais de ponto de partida, pois se a apreciação humana complicada pelas influências sociológicas, nos dá funções elementares, que não se encontram nos animais ditos superiores. Devemos por isto, crer que se tornaram como irredutíveis, funções verdadeiramente compostas. Combinam-se deste modo  em Augusto Comte  os dois aspectos, o Biológico e o Sociológico, para formar o Moral.
                Quanto a parte Biológica, o princípio da construção da Teoria Cerebral de Augusto Comte, consiste  em sua  instituição  subjetiva, isto é, na subordinação sistemática  da anatomia à fisiologia.
                Já os fisiologistas  conhecem  o valor deste processo;  é assim que se  distinguem os  nervos sensitivos ( ou aferentes) dos nervos motores ( ou eferentes) , bem como os diversos modos  de perceber a sensação, contidos no  feixe nervoso da  tactilidade. Anatomicamente falando,  estes diferentes nervos são de uma  natureza homogênea. As determinações dos órgãos cerebrais devem constituir, portanto, um complemento  e resultado das práticas de observações  fisiológicas.
                Determinar semelhantes órgãos pelo método experimental, órgãos morais e intelectuais é inexequível. Poder-se-ia fazê-lo mediante o Método Patológico,  fundando deste modo uma Teoria Cerebral ou Encefálica, que  possivelmente poderão ser  reforçadas  por  práticas hipnóticas .
                O Método Patológico ordinariamente utilizado referindo-se às diversas afecções somáticas,  consiste  em  inferir  as  funções  de um órgão, comparando sucessivamente  um organismo são, com outro organismo doentio,  naquele  órgão que se deseja conhecer a função correspondente.
                Com o mesmo tipo de raciocínio  inferido pelo Método Patológico aplicado ao Soma, procurou-se  aplicar a mesma sistemática ao Encéfalo . O Grau de dificuldade surgiu em virtude de não se possuir  os padrões  de saúde, afetiva, intelectual e prática, determinados  com suficiente precisão, conquanto o conjunto das religiões,  jamais houvesse esquecido de apresentar, verdadeiros  modelos  de  virtude , sabedoria e abnegação. Além disso, ficou faltando, considerar as influências negativas e positivas  que os órgãos do Encéfalo podem exercer sobre o Soma;  Saúde ou Doenças  Orgânicas , hoje em dia  irreversíveis   e que no futuro  sob a  orientação da medicina psicossomática, se abrirão para o Homem; os “milagres”  da sobrevivência  quase eterna,  pelo domínio do Soma ou Corpo pelo Encéfalo; e pelo domínio do Encéfalo pela Humanidade, regido pelo Amor e esclarecido pelo Conhecimento Cientifico das Leis Positivas , que regem o Mundo  e o Homem, em sua existência e desenvolvimento Altruístico.
                  Em função desta dificuldade, o grande gênio Augusto Comte, necessitou haver primeiro concebido a filiação histórica, isto é,  o método da Ciência Sociologia; para projetar no futuro  o ideal de um Ser Humano ( Homem e Mulher) e de uma sociedade, plenamente  sadios do ponto de vista afetivo, intelectual e prático, para servir como  modelo subjetivo para as comparações  com os diversos  casos  objetivos  individuais e coletivos.
                Esta  questão foi solucionada  com a grande ajuda  de Clotilde De Vaux , uma mulher terna e pura , inteligente e ativa , que  mostrou a excelência do sexo afetivo permitindo a Augusto Comte superar todos os preconceitos do seu tempo e conceber com nitidez o Ideal Feminino e não feminista; Simultaneamente  os próprios progressos  que  esta  Musa determinou no conjunto do psiquismo do Mestre Augusto Comte ,permiti-o por seu turno  idealizar  com mais  nitidez  o Homem  Mentalmente  e Moralmente  Sadio, para servir de Padrão  Abstrato, para as comparações com os diversos  indivíduos.
                Esta união veio ainda consubstanciar um capitulo da Moral Positiva, que se refere a  um assunto de importância vital  para a sobrevivência  unitária e social  da nossa espécie ;  ou seja,  harmonização recíproca do Homem com a Mulher, pela utilização  sistemática da complementaridade natural que existe   no conjunto dos seus atributos  psíquicos- afetivos , intelectuais  e práticos - com base na lei de Aristóteles- Príncipe dos Filósofos : “ Separação dos Ofícios e Convergência dos Esforços”.
                Continuando: o método patológico é realmente  uma fonte de averiguações,  mas sem que  possa o  observador  dispensar uma ação filosófica que o guie . Em assunto complexo como é o da Alma, sem uma Teoria Positiva do Cérebro Normal, criada por Augusto Comte,  a qual não dispensa  a observação social, os dados importantes passam desapercebidos, assim como fatores meramente  circunstanciais são tidos na conta de indispensáveis. Não se  daria mesmo uma  noção exata da loucura. A observação servira para modificar, até certo ponto, as hipóteses, as quais  devem ser instituídas  sempre as mais  simples,  estéticas  e simpáticas  de acordo com os dado  adquiridos.
                A determinação dos órgãos cerebrais, ou melhor, dos Encefálicos, Morais (Sentimentos), Intelectuais (Espirito) e Práticos (Caráter),   realiza-se  em duas operações: 1)  a sua  enumeração e 2) a sua disposição. Uma e outra operação dependem por sua vez de : a) Uma perfeita observação  nas faculdades elementares do encéfalo:  Morais ou Sentimentais, Intelectuais e Práticas; de modo que, cada uma delas, sendo irredutível, corresponda à uma sede estática, isto é, um pedaço do Encéfalo;  b) uma classificação destas mesmas faculdades, visto como a  disposição dos órgãos tanto Biológicos, como os órgãos de Abstração ou Psíquico, se deve conformar  com as  verdadeiras relações  das funções correspondentes,  afim de permitir a  harmonia geral do encéfalo.
                Quanto ao volume e a  forma de cada órgão, Augusto Comte  considerou uma  questão secundaria, em sua elaboração, o que dependerá do   Método Objetivo,  anatômico  ou direto à ser posteriormente  instituído, que até hoje ainda beiram dúvidas.
.              Augusto Comte manteve , consolidando e desenvolvendo a distinção anunciada por Gall, entre o coração (sentimento) e o espírito (Inteligência), isto é , entre o  Sentimento  e a Inteligência, consagrando  a preeminência  do primeiro com uma verdade  aforada  à ciência moderna, para localizar estes dois atributos gerais , procedeu o filósofo `a hipótese mais simples, que o caso podia comportar. Assim,  colocando o problema encefálico em seu ponto inicial, já se conhecia  os dois aparelhos externos, com os quais o encéfalo se comunica, o aparelho sensitivo ( órgãos do Sentidos) e o aparelho motor ( o conjunto dos músculos), estes dois últimos , hoje em dia, conhecidos como Grandes Vias Aferentes  e Grandes Vias  Eferentes , respectivamente.
                Ora são os órgãos intelectuais ou da Inteligência, os que  entretém relações diretas com os sentidos,  cujas as funções externas  eles concentram  e complementam ; nestas condições , fica a massa encefálica, dividida  em duas grandes porções, uma frontal, correspondente a Inteligência  e outra  posterior (baixa, média e alta), correspondente aos  Sentimentos ( Coração) .
                A palavra Simpático (Simpatia e Afeição) sofre uma divisão entre o Sentimento propriamente dito e o Caráter,  porque,  ao passo que o primeiro designa o impulso , a palavra caráter isolada  representa o conjunto das qualidades de execução,  qualidades práticas , das quais dependem os resultados efetivos mesmo no encéfalo dos pensadores -Cientista, filósofos ,escritores , músicos etc.
                Cedendo à  justa autoridade de Gall, Augusto Comte  acolheu, em sua filosofia, uma distinção entre  Sentimento e Pendor, nos quais o filosofo acabou reconhecendo apenas a  expressão de dois modos alternativos de toda  força positiva,  principalmente vital  e sobretudo animal. Cada função afetiva, portanto, representa um pendor, isto é, uma inclinação ou tendência ou propensão, quando se torna ativa;  e um  Sentimento, quando se torna passiva.
                Quanto ao termo Instinto, este, em sua verdadeira acepção exprime todo o impulso,  espontâneo para uma determinada direção; e tanto constitui  uma função em qualquer animal como  especificamente no homem. Mas tal termo, é mais usado para representar  os pendores mais grosseiros e mais enérgicos  da natureza animal, como o pendor nutritivo ou o sexual.  Ainda há quem use a palavra Instinto para exprimir as tendência para os atos, nos demais animais à exceção do homem; como se fossem impulsos mecânicos, distinguindo-os assim das ações do homem. Isto porém representa resquícios do  automatismo de Descartes, o qual  já não se pode mais admitir depois de  inúmeras e judiciosas observações de Jorge Leroy, as quais  já nos referimos (Cartas sobre os Animais)  e de outros que o sucederam.
                O pendor mais grosseiro e mais geral  na escala dos seres  zoológicos é o nutritivo. Os pendores mais nobres surgem à medida que se sobe na escala zoológica,  sendo mais raros  o número de       seres  a que estes   pertencem.
Anatomicamente o encéfalo representa uma expansão da medula, ele se desenvolve de traz para adiante. Na serie  vertebrada, as partes superiores  e anteriores rudimentares no peixe, desenvolvem-se até os mamíferos mais eminentes.
                Determinando as sedes para os dois grupos de tendências  egoístas e altruístas,  a Teoria Positiva  dá a  extremidade  anterior da região afetiva `a  sociabilidade ( Occipital Alto) - na parte  traseira, da parte mais anterior  do Lobo Posterior ou do Lobo Occipital - Região da Moleira da Criança. Para uma massa mais considerável, a  Personalidade, reservando-se as porções  mais posteriores, isto é, ( Lobo  Occipital baixo e médio) aos instintos mais grosseiros (nutritivo, sexual, materno, destruidor, construtor, orgulho e vaidade).
                Deste modo, parte-se  anatômica ou estaticamente  falando, debaixo para cima, isto é , da parte  posterior  e inferior do encéfalo - occipital baixo, para sua porção  ântero-superior (occipital alto); do mais grosseiro egoísmo, (que confina com o corpo ou soma, pela medula),  para o supremo altruísmo,(que limita com a   região da  mentalidade ou intelectual).
                Semelhante disposição estática consolida a harmonia entre os dois  grandes atributos - A Inteligência e o Amor( Apego, Veneração e Bondade - O  Altruísmo).
                Com efeito, mais do que o egoísmo, é o altruísmo apto para dirigir  e estimular  a inteligência.
                Sobre este texto podemos citar  Augusto Comte :
                “ Ele ( O Altruísmo) fornece-lhe (à inteligência) um campo mais vasto,  um fim mais difícil,  e mesmo uma participação mais indispensável. Sob este último aspecto, sobretudo,  não se sente     bastante que o  egoísmo  não tem  necessidade de nenhuma inteligência,  para apreciar  o objeto     de sua afeição, mas  somente para descobrir os meios  de satisfazê-la. O Altruísmo pelo contrário,  exige além disso, uma assistência mental,  afim de conhecer o Ser exterior, para qual ele tende sempre. A existência social não faz senão  desenvolver ainda mais  esta solidariedade natural, em virtude da maior dificuldade  em compreender o objeto coletivo da  Simpatia. Mas  já a vida doméstica  manifesta a sua necessidade constante, em todas as espécies bem organizadas.” Política Positiva - Tomo I - Pag 694.

                Assentada  a base da Vida Moral no dualismo assinalado, egoísmo e altruísmo, uma operação intermediária  transforma-o numa progressão ternária, interpondo entre  o egoísmo propriamente dito e o altruísmo ( Apego , Veneração e Bondade), uma ordem de Sentimentos de caráter duplo, pessoais quanto a origem e fins,  e sociais quanto aos meios, pois a satisfação a que dão lugar depende dos laços entre cada indivíduo e os seus  semelhantes.
                A sede dos instintos Egoístas de Transição ( Instinto de Aperfeiçoamento + O Instinto de Ambição) ficam sendo uma,  a qual deve  ocupar partes progressivamente mais  altas do Lobo Occipital.
                Consideremos cada um dos três grupos, Moral, Intelectual e Prático das funções psíquicas ou abstratas do Encéfalo.
                As funções psíquicas ou abstratas referentes ao interesse direto, que constitui o egoísmo fundamental, dividem-se em duas ordens de instintos, da conservação  e de aperfeiçoamento.
                Os primeiros, que são os mais enérgicos e mais universais, comportam igualmente uma distinção, segundo se referem à conservação do indivíduo ou  da espécie.  O primeiro - conservação do Indivíduo, é mais geral; o segundo - conservação da Espécie, revela-se nos seres onde sexos são separados; o primeiro é chamado instinto nutritivo, devido à sua principal atribuição, devendo-se não esquecer que ele está ligado a tudo que se refira, direta ou indiretamente à conservação material do indivíduo.
                Gall eximiu o instinto nutritivo, de uma sede especial no Encéfalo. Haja visto como nos animais destituídos de encéfalo, como por exemplo os protozoários, verifica-se a manifestação do instinto Nutritivo. Mas , se a mais ínfima animalidade,  pela falta completa de diferenciação, comporta a  ausência de sede especial,  para o mais  fundamental dos instintos - o Nutritivo, a determinação de tal localização,  é tanto mais imprescindível, quanto o animal cresce em dignidade, isto é, quanto mais  ele se aproxima do Ser Humano,  a qual  solicita pendores mais variados, cujos os diferentes impulsos desviariam o Ser, dos cuidados da  conservação,  se um órgão particular, para o instinto Nutritivo  não lhe proporciona-se  uma  garantia  preponderante.
Comecemos agora  a enumeração dos órgãos dos instintos Egoístas ou Pessoais, isto é :
                O Instinto nutritivo se localiza assim, na parte  cerebral  mais inferior, e mais próxima possível  do aparelho motor e das vísceras vegetativas.
                O Órgão  destinado ao instinto nutritivo é o cerebelo onde estão as funções  Motoras  do equilíbrio entrelaçadas com os dos Movimentos; Movimentos estes os Voluntários, em sua parte mediana, ficando as porções laterais dedicadas à sede  do instinto sexual ou reprodutor, ao instinto de conservação individual, onde Augusto Comte denominou nutritivo em virtude de seu principal atributo. Mas convém notar e não esquecer nunca os outros atributos deste instinto; é ele, por exemplo, que nos impele a tudo quanto pode  assegurar a conservação da nossa existência; assim , é o instinto nutritivo, que suscita todos os movimentos que asseguram os nossos equilíbrios, ele é ainda o que nos submete às vezes a dores, a grandes sofrimentos para salvação da nossa vida. É o instinto verdadeiramente universal na escala zoológica, existindo até nos tipos mais rudimentares. Mas, a conservação da espécie,  além do instinto sexual, compreende o instinto materno, o qual, prende o animal aos produtos e aos filhos; primeiro destes instintos, isto é, o sexual, é mais enérgico e  mais geral, pois  se verifica  nos animais de sexos já separados,  sem que ainda se  revele  nenhuma solicitude da parte dos progenitores  para com os filhos.
                Assim, a localização conservadora  forma a progressão ternária: Instinto Nutritivo, Instinto Reprodutor e Instinto Materno. Estaticamente sucedem-se as três sedes: Parte Média do Cerebelo, ( Órgão Impar); seus Lados (Órgão Par); Porção Médio Posterior do Cérebro Inferior (Órgão Impar), respectivamente.
                Comparados os dois instintos  da Conservação da Espécie, ou seja, o instinto sexual e o materno; verifica-se que um, o sexual,  é mais  grosseiro, prepondera  no sexo masculino; e o outro, o materno, é mais nobre, e prepondera  no sexo feminino.
                Seguem-se aos dois  citados  instintos dos Aperfeiçoamentos, um por destruição e o outro por  construção .
                Ao passo que os instintos da conservação se referem à  vida vegetativa ou de nutrição, estes concernem à vida animal ou vida de relação; mais elevados, embora ainda colaborem como satisfações  pessoais              .
Os instintos do Aperfeiçoamento são dois, Instinto Destruidor ou Militar; e o Construtor ou Industrial.
                Os dois termos Militar e Industrial traduzem as duas tendências na espécie humana em que, de fato, eles atingem seu termo supremo; o primeiro, o Instinto Militar pela conquista permanente, preparando a Paz; e o segundo, o Instinto Construidor, preparando a  Indústria coletiva.
                Quanto ao papel dos dois pendores do  aperfeiçoamento, um impele a destruir os obstáculos;  o outro,  a construir os meios; o primeiro,  mais indispensável, mais fácil,  mais universal, que o segundo. Este  porém existe, em todos os animais em que  os  instintos de conservação, mormente o materno, exige trabalhos especiais, donde emanam as tendências construtoras dos animais, sobre a influencia da maternidade ; como as aves, que preparam os ninhos, etc.
                A sede do instinto construtor,  reside ao lado do órgão materno, devido às relações  dinâmicas  entre dois pendores, o instinto construtor e materno ( órgão par);  a sede do instinto  destruidor, acima do órgão materno ( Órgão Impar); as tendências intermediárias , de caráter ambíguo, compreende os dois pendores- o Orgulho , isto é, a necessidade de domínio;  a Vaidade  isto é,  a  necessidade de Aprovação.
                Ambos dependem em suas satisfações, dos laços sociais, sendo que a Vaidade é sob este aspecto,  superior ao  Orgulho.
                Apreciados, na Espécie Humana, os dois instintos, Orgulho e Vaidade, eles caracterizam os dois poderes - o Temporal e o Espiritual respectivamente; e o que  comanda e o que aconselha respectivamente;  um tende ao comando,  ao ascendente pessoal pela força; o outro, pela persuasão ou convencimento, respectivamente.
      As respectivas sedes acham-se colocadas: a do Orgulho ao lado do Órgão Industrial ( Órgão Par- Instinto Construtor ), o da Vaidade, acima do  mesmo órgão (Órgão Impar). Termina assim a região afetiva  fundamental  por um órgão mediano, como aquele que a começou.
Completa-se assim , a Progressão Estática fundamental,(Parte  Anatômica e Estrutural da Abstração - Órgãos da Abstração) a lógica das interfaces  e interdependência , grupando os 7 pendores pessoais, comuns a quase todos os animais superiores,  de acordo com as atividades ou funções.
                Passemos agora aos Sentimentos que nobremente determinam a vida Moral; os Altruístas.
                Eles são menos enérgicos e mais eminentes, e formam uma progressão ascendente; formam pluralidade segundo as determinações de  Gall, disposta em progressão ascendente :
                                                Apego, Veneração e Bondade.
                Em sua fraqueza encontram  estes pendores  uma compensação em sua índole eminentemente social; permitem a colaboração, livre de conflitos, em que os seres podem saborear  as mais profundas e agradáveis  emoções.
                O primeiro (Amizade ou Apego) é mais enérgico, liga sempre dois seres, a um tempo; é o instinto da igualdade, e é a base da vida doméstica, ligando os cônjuges, os irmãos e os amigos entre eles.
       
A Veneração aplica-se aos superiores; aos pais, aos mestres, aos antepassados, aos Grandes Vultos da Humanidade. E a todos os fenômenos que estão fora de nossa intervenção. - Poder da Terra, dos stros, as órbitas dos astros, o nascer  e o pôr do sol;  as erupções, os degelos, as tempestades,  as tormentas etc.
                O caráter essencial da Veneração é o da submissão voluntária; animais há, como o cão eminentemente dotados deste  sentimento.
                A Veneração estabelece transição para a Bondade, ou o amor universal,  esboçada pela teologia na caridade cristã . A bondade prende-nos aos inferiores; sua destinação é geral, enquanto que a dos dois  primeiros é especial.
                De acordo com Augusto Comte:
                “ Seu caráter (da bondade) consiste, com efeito, em uma destinação coletiva qualquer que seja a sua extensão. Desde o amor da tribo ou da povoação, até o mais vasto patriotismo, e mesmo até a  simpatia para com todos os seres  assimiláveis,  o sentimento não muda de natureza;  ele se enfraquece  e enobrece, segundo a lei, comum de minha série  afetiva” - Política Positiva Tomo I - Pag 703.
                Retificada pelo filósofo Augusto Comte, algumas opiniões de Gall quanto à  localização dos três instintos Altruístas, acha-se  esta  do seguinte modo determinada: a da Bondade, na mais elevada porção mediana do cérebro occipital; a da veneração imediatamente atrás da Bondade. O Apego, porém, reside  em órgãos pares  aos lados  do órgão da veneração. O Apego,  inclinado de ante para traz,  vem ligar-se, em baixo , ao órgão da Vaidade, mantendo assim  a continuidade total da vida afetiva.
Termina deste modo  a região afetiva do Encéfalo por um órgão par, Apego e dois impares (veneração e bondade)   
Passemos agora apreciar as funções concernentes à Inteligência:
                Distinguem-se duas funções mentais:  Uma relativa à  Concepção  e  a  Expressão . Existe uma grande conecção entre as duas, como o provam  certos termos;  a palavra lógica  oriunda de um  termo grego , quer dizer palavra, e aplica-se ao raciocínio. A pesar de ligadas, as duas funções  da concepção e da  expressão, permanecem independentes, como o provam os casos de moléstias, que exaltam uma,  deprimindo outra; e o desenvolvimento da linguagem, durante a infância o qual precede o  desenvolvimento do raciocínio.
                Augusto Comte, portanto adota a opinião de Gall, que elegeu um órgão especial para a Linguagem, não só no homem como em todos os animais  superiores.
                Quando as relações animais são ainda embrionárias; a simplicidade orgânica, não permite  mais que dois órgãos: um para cada função, a expressão e a concepção. Desde que o  cérebro se desenvolve ,  que as relações animais se ampliam, com o surto do instinto materno, pode-se dizer que o aparelho intelectual se complica, pela divisão da  faculdade  de concepção, enquanto que a da expressão, permanece simples.
                A Concepção divide-se  em ativa e passiva, embora harmônicas.
                A primeira qualifica-se de Contemplação,  a segunda de Meditação.
                Residem  as respectivas sedes:  a da Contemplação, na parte inferior  do Lobo Frontal; e a da                 Meditação, na parte superior do mesmo.
                Augusto Comte faz resultar tal determinação anatômica de duas ordens  de considerações subjetivas: há necessidade de aproximar dos órgãos  sensitivos à função cerebral, que é a única que  se liga diretamente as suas  operações ( Contemplação ), e por outro lado, a obrigação de  fazer suceder à  região afetiva, o órgão intelectual que, em virtude dos dados que fornece ao exterior, tem de apreciar  a conveniência final dos impulsos, que emanam dos  diferentes pendores (meditação). Resolve-se assim, o dualismo mental, em uma  serie ternária : a  Contemplação,  a Meditação e a  Expressão.
                A Contemplação e a Meditação sofrem por seu turno, uma divisão, para que se chegue às  funções verdadeiramente  irredutíveis. Assim, a contemplação  ou  é concreta, referente aos seres, ou abstrata referentes aos atributos.
                À semelhante divisão, correspondem órgãos também distintos; o órgão da contemplação concreta está mais ligado às impressões exteriores, do que o da  contemplação abstrata.
                Menos aproximada dos sentidos, do que a observação concreta, a sede da observação abstrata, representa um órgão impar, colocada na linha mediana como alias exige a solidariedade mais intima de suas duas metades.
                O Órgãos da  Contemplação concreta é par, do qual uma das partes, se acha acima do olho correspondente e tendendo para a  orelha vizinha.
·         Aparelho  da  Meditação compõem-se de dois Órgãos ;
o da Meditação  Indutiva e o da Meditação  Dedutiva.
      O Órgão Meditação Dedutiva é impar, e ocupa o meio da parte superior do Lobo Frontal. O Planejar depende sobretudo dele .A sua sede fica deste modo, em contato com a dos pendores mais nobres; a ordem contígua ao AMOR ( é preciso que o órgão que liga intelectualmente os acontecimentos ( Meditação Dedutiva),  resida perto do instinto que afetivamente ligue  os Seres - (Órgão da Bondade).
                O Órgão da Meditação Indutiva é par, e cada metade  está em contato com o  órgão observador - (Contemplação Abstrata) , que lhe fornece  os dados  habituais - Idéias .
                Resta-nos o Órgão da Expressão:  a função deste órgão consiste em  inventar  os sinais  para comunicação  dos sentimentos e dos  projetos .
                No início da escala  zoológica, a linguagem cifrava-se nos próprios atos, os quais traduziam e traduz  os impulsos, de onde dependem.
                Quando a relações morais dos animais se complicam, a expressão  se torna artificial, formando-se então, pela decomposição dos gestos e dos sons, os sinais ;  no primeiro caso estes  são  representados pelos  gestos  e pelos movimentos, mais expontâneos, correspondentes às paixões ; no segundos  institui-se  a linguagem verbal.
                A  Teoria Cerebral dá, como sede da expressão, cada extremidade  lateral  da região especulativa, ( Lóbulo Frontal- local da Inteligência), estendendo-se depois, para as frontes, ficando, assim  equidistante  do olho e do ouvido, seus principais auxiliares; e por outro  lado,  fica esta sede  contígua à região ativa do cérebro - Caráter, da qual esta região contém um laço  imediato com o conjunto do aparelho - o conjunto dos três (coragem, prudência e perseverança).
                Vejamos agora a aptidão prática ou as funções do caráter.
Todo Ser ativo, diz Augusto Comte, deve ser dotado de coragem, para empreender; de prudência para executar; e de firmeza para realizar.
                As sedes destes atos  devem confundir-se com a região afetiva e com a especulativa , do que depende  a eficácia  de sua atividade, igualmente útil a vontade e ao conselho.
Para a Firmeza  ou Perseverança , fica  destinado um órgão médio , já assinalado por  Gall, atrás da  Veneração  e na frete  da sede  atribuída por Augusto Comte  à Vaidade.
                Aos lados  (órgão par)  reside a Prudência , inclinada para adiante , até a região intelectual, e   cruzando, no início com o órgão do Apego, que pende em sentido inverso.
O órgão da Coragem fica colocado  ao lado do órgão impar da Vaidade. Os três órgãos da atividade ou caráter,  acham-se colocados  na mesma ordem, segundo o crescimento em dignidade, e o decréscimo em generalidade; dispondo-se os órgãos, da coragem  para a perseverança , de traz para adiante  e de baixo para cima.
Apresentamos, no quadro I, o esquema  cerebral,  não algo  que se ache  nas obras de Augusto Comte; ao contrário, segundo o próprio,  a sua  Teoria Cerebral  não comporta, nenhuma representação gráfica, pois a forma  e a grandeza  de cada sede ficam ai indeterminadas (Vide Política Positiva - tomo I ; pag. 730).
Em vez de  escrever as funções cerebrais  num quadro esquemático, indicamos aqui sobre um desenho de um cérebro, segundo a ordem estabelecida pelo  Filósofo, sem a mínima pretensão de localizar, os órgãos com precisão ; a precisão fica somente apontadas segundo as suas mútuas  relações.   
Em função da evolução da ciência  aos dias de hoje , vamos neste momento trazer algumas novidades , apenas como mera colaboração intelectual, para   mostrar   aos leitores , que Augusto Comte , não foi contestado  em suas proposições positivas, mesmo com avanço da ciência ao nível  de hoje.
O cérebro humano  e o seu processo operacional , ou melhor dizendo , seu Processo Mental,  tem sido para nós, o mesmo que o mistério  em torno  da Existência do Planeta Terra , no que diz respeito as dúvidas  sobre o Universo.
                Embora o cérebro, tenha  permanecido  muito mais distante , que a questão da “terra incógnita, no conhecimento  humano, no entanto  recentes progressos  nas ciências  Biológicas, particularmente na Biologia Celular, tem trazido  um incremento aos entendimentos  ou compreensão do que  acontece com o Cérebro - local este, constituído de mais de 30 bilhões de células altamente sofisticadas e  especializadas.
                As estruturas primitivas, envolve na sequência que comanda as Células Humanas , como se fosse interessado com as funções  reguladoras do corpo, tais como  a respirações,  a circulação do sangue e o  sono. Estes centros  são  hoje  bem conhecidos as suas localizações,  na  medula e na coluna vertebral.
               
                Nas folhas seguintes  , de numero  xxx e www  , apresentamos uma visão sintética de todos os órgãos, componentes do Encéfalo Humano, com bases  nos Critérios Anatômicos(A) e  com base na Seguimentação ou Metameria (B), respectivamente.
                Após esta visão Estática, vamos analisar o Aspecto Dinâmico da Abstração , pag yyy

A) Parte Anatômica e Estrutural - Aspecto Estático Biológico 
                                        --  Órgãos Biológicos --
    Divisão do Sistema Nervoso  Com Base em Critérios  Anatômicos.
            I) Sistema Nervoso Central
                  1) Encéfalo                   
                        1.1 Cérebro
                                   1.1.1 Telencéfalo
                                                               1.1.1.1 - Lobo Frontal - ou Anterior ou Dianteiro
                                               1.1.1.2 -Lobo Temporal - Lateral Próximo do Frontal*     
                                               1.1.1.3- Lobo Parietal -Lateral Próximo do Occipital*                                                      1.1.1.4 -Lobo Occipital - ou Posterior ou Traseiro             
                                               1.1.1.5 -Lobo Central ( Ínsula) - Dentro do Cérebro
                                               1.1.1.6 - Face Medial             *No texto do Livro
                                                           1.1.1.6.1 - Corpo Caloso                                      usamos a expressão                                                                                               1.1.1.6.2 - Fórnix                                                                             Parietal, para incluir
                                                                                                                      1.1.1.6.3 - Sépto Pelúcido                                 o Lobo temporal e o                                                                                                                     1.1.1.7  - Córtex                                  Parietal propriamente.                                            1.1.1.8 - Massa Branca                        
                                               1.1.1.9 - Hipocampo
                                               1.1.1.10 - Ventrículo
                                                                       1.1.2 - Diencéfalo  
                                                                                   1.1.2.1 - Tálamo
                                               1.1.2.2 - Hipotálamo
                                               1.1.2.3 - Eptálamo
                                               1.1.2.4 - Subtálamo
                                               1.1.2.5 - Glândula Pineal
                                               1.1.2.6 - Glândula Hipófise
                                               1.1.2.7 - Corpo Mamilar      
                                               1.1.2.8 - Corpo Caloso         
                                               1.1.2.9 - Fornix          
                                               1.1.2.10- Pituitária   
                                   1.1.3 - Núcleos da Base e Centro  Medular -
                                    1.2 - Tronco Encefálico
                                   1.2.1  Mesencéfalo
                                    1.2.2 - Ponte
                                   1.2.3 - Bulbo
                        1.3 - Cerebelo
                 2) Medula  Espinhal
             II) Sistema Nervoso Periférico
                   1) Nervos
                        1.1 Espinhais
                               1.2 Cranianos
                  2) Gânglios                                                   
                  3) Terminações  Nervosas                                 

A) Parte Anatômica e Estrutural - Aspecto     Estático Biológico.
Divisão do Sistema Nervoso  Com Base na Segmentação  ou Metameria.
                                          Ou
                            Conexão com Nervos.

1) Sistema Nervoso Segmentar - Pertence ao Sistema Nervoso  Segmentar  todo o    Sistema  Nervoso Periférico , acrescido  as partes do Sistema Nervoso Central  que estão em relação direta  com os Nervos Típicos , ou seja  a Medula Espinhal e  Tronco Encefálico.

2) Sistema Nervoso Supra - Segmentar - Pertence ao Sistema Nervoso Supra           Segmentar o Cérebro e o Cerebelo
                                               #############################
Esta divisão põe em evidência as  semelhanças estruturais e funcionais  existentes   entre a medula  e o tronco encefálico(1) em oposição  ao cérebro e cerebelo(2).

·         Assim nos Órgãos do Sistema Nervosos Supra- Segmentar(2), a substancia cinza se localiza por fora da substancia branca , formando uma camada fina, o Córtex, que reveste toda a superfície do órgão. 

·         Nos Órgãos do Sistema  Nervoso Segmentar(1), não existe Córtex , e a substancia cinza pode se localizar dentro da branca , como ocorre na medula.

·         O Sistema Nervoso Segmentar surgiu na evolução antes do Supra Segmentar e pode se dizer  funcionalmente  que lhe é subordinado.

·         De um modo geral, as comunicações  entre o Sistema Nervoso Supra Segmentar (2)  e os órgãos periféricos  receptores  e efetuadores  se fazem através  do Sistema Nervoso Segmentar(1)

Com base nesta divisão, pode-se Classificar os Arcos Reflexos  em :

                               Supra Segmentares - Quando o componente Aferente  se liga ao Eferente, no                                                                                    Sistema Nervoso  Supra Segmentar.
                               Segmentares - Quando o componente  Aferente  se liga  ao Eferente , no                                                                                              Sistema Nervoso Segmentar.

Os Nervos  Olfatório  e Óptico  se ligam ao Cérebro , mas não são Nervos Típicos.

(B) PARTE FISIOLÓGICA - MORAL POSITIVA - ASPECTO DINÂMICO DA ABSTRAÇÃO

As Funções Sentimentais ou Afetivas determinam os motivos de ação; delas emanam os desejos; são mais espontâneas; as funções intelectuais são consultivas, apreciam as conveniências dos desejos, bem como esclarecem o fim exterior,  para os quais tendem os atos, que as funções práticas efetuam; estas últimas, de fato,  representam a aptidão para realizar as indicações ou desígnios, assentados ou definidos.
                As Funções Práticas ou de Caráter ou de Ações ficam deste modo mais  ligadas às funções Intelectuais ( de Conselho ou de Espirito). A sua sede deve portanto  ocupar uma zona intermediária entre a do Sentimento e a da Inteligência;  mais aproximada  do, órgão Frontal  do que do  Cerebelo.
                Composta inicialmente de  Coração e de Espírito ( Sentimento e Inteligência), oferece-nos agora a Alma Humana , uma sucessão ternária, Sentimento  propriamente dito, o Caráter e a Inteligência. Do mesmo modo, o dualismo anatômico  inicial, resolve-se  na sucessão normal , uma parte posterior  para o sentimento ; anterior para a inteligência  e média para o caráter.
                Ficam as regiões Abstratas principais do cérebro ou melhor do Encéfalo, assim harmoniosamente ligadas, por meio de uma  Análise  Metodológica  Subjetiva.
                O que constitui a unidade cerebral ou encefálica é o Sentimento, Centro Normal de Nossa Vida Moral. Os órgãos, que lhe são destinados, não se comunicam diretamente com o exterior, permanecendo assim ao abrigo de seus estimulantes diretos. A zona Afetiva ou de Sentimento do Encéfalo, se comunicando com as  zonas da Inteligência e do Caráter, recebe de uma  as informações lógicas  de que dependem as suas Emoções, e, à outra  comunica os impulsos, que nascem  de seus Desejos espontâneos,  e é  recitada pelos Atos ou Ações .
                As regiões da inteligência e do caráter mantém relações normais com o exterior, para conhece-lo e modificá-lo, mediante os aparelhos sensitivos e locomotores .
                Como a Atividade, sobrepõem o Apego  e o Entusiasmo, à Inteligência, e estes, o Apego  e o Entusiasmo, estimulam e fertilizam  a Inteligência ou espirito, lubrificando  e iluminando os raciocínios.
                Augusto Comte caracteriza  a harmonia  fundamental da Alma, no seguinte verso, sistemático:
                                               Agir  por Afeição e Pensar para Agir     
                Os atos ou ações  sem um estimulo e um fim afetuoso, são uma desregrada e estéril  atividade.
                O consenso total da vida ou o principio de unidade,  tem o seu regulador supremo no cérebro. Mas durante o sono,  em que a vida Encefálica pode adormecer por completo, desaparecem o consenso  e a continuidade da existência animal ?
                A pergunta corresponde a uma questão rebatida entre os  metafísicos,  sobre  se as  mais elevadas funções da Alma são contínuas  ou intermitentes.
                A solução que oferece a Teoria Positiva do Cérebro , elaborada por Augusto Comte, baseia-se na  conecção  estabelecida por Gall entre a  simetria dos órgãos da animalidade  e a intermitência  de seus respectivos atos; e , por outro lado, na preeminência das  funções afetivas , formando o  centro da unidade e a fonte da  continuidade do Ser ;  não houve uma descontinuidade  de Existência Subjetiva.
                Os órgãos mentais e práticos estão sujeitos a Lei da Intermitência( que será vista mais à frente no texto deste livro),  tanto quanto  os aparelhos externos , com os quais se comunicam, pelas  sensações e pelos  movimentos. Os órgãos afetivos, porém mantém a sua atividade continua, mediante o exercício alternado de suas partes simétricas.( Hemisférios  cerebrais)
                O sono que entorpece as impressões externas e os movimentos, devem entorpecer por igual as faculdades centrais que lhes correspondem, mais as funções morais, para manterem a unidade e a continuidade da Alma velam sempre.
                É preciso ainda  manter a assistência à vida vegetativa,  que está  ligada aos principais  instintos de  conservação.
                Disse Augusto Comte, na Política Positiva- Tomo I - Pag 690.
                “ Sob este  duplo título , a região afetiva do cérebro pode funcionar mais no sono do que          durante a  vigília, em virtude do repouso das outras duas. A inércia destas, só raramente permite a manifestação de tais  operações afetivas  que, quase nunca deixam traços  distintos e duráveis. Nos sonhos ou delírios, que comportam  uma tal apreciação, esta fornece o melhor indício  das inclinações dominantes, então libertadas  de todo o embaraço exterior ” -
O Enredo do Sonho, fornece  indicações  sobre os  Sentimentos preponderantes  do Indivíduo; desta forma, a Teoria Cerebral  criada por Augusto Comte , veio antecipar-se  à             uma das conclusões  centrais  da Psicanálise de Freud.
                Em outras palavras, isto acima  dito por Augusto Comte é a expressão positiva  do que               metafisicamente se entende por inconsciente.
A vida afetiva ou de Sentimento comporta por sua vez,  uma divisão : Personalidade (Egoísta) e  Sociabilidade (Altruísta).
Tal distinção lança a base natural da vida moral, esboçada  em biologia. Ela traduz-se  no conflito tão celebrado na natureza  humana, entre  o bem e o mal , ou a  Natureza e a Graça do  Catolicismo; ou entre o Egoísmo e o  Altruísmo, após sua  consagração Positiva.
A Personalidade ou o egoísmo é mais enérgico que a Sociabilidade ou Altruísmo, e domina  na               existência  individual; o estado social tende a inverter esta ordem individual, desenvolvendo as   tendências mais nobres e mais fracas e comprimindo as mais grosseiras e fortes. Tanto a personalidade como a  sociabilidade,  os dois aspectos gerais  de nossa existência moral,        dividem-se em diferentes tendências elementares,  segundo a regra  taxonômica da dignidade            crescente e energia  decrescente.

A Veneração e a Bondade, que formam as funções mais complexas de  Sentimentos compostos de  Inveja, Ciúme, Gratidão, etc, nem os impulsos que levam  a certos atos ou ações  complexas, como o furto,  o assassinato etc. Analisando porem estes sentimentos e atos  complexos através do Quadro Sistemático da Alma -  descortinam-se as tendências irredutíveis que lhes formam a  essência. No entanto nestes sentimentos compostos não  figuram no quadro cerebral de Augusto Comte.
                A Inveja, por exemplo, representa o desejo de prejudicar, de destruir o Mérito, e até a própria vida de outrem, sob os influxos  de um dos pendores egoístas  exaltado e chocado. Assim , semelhante sentimento nasce da união do instinto  destruidor, com um dos outros, desde o  instinto conservador do indivíduo, e da espécie ( no caso formando então o ciúme) até o  orgulho e a vaidade.
                A Gratidão representa uma  inclinação simpática por alguém que nos  alimentou  o interesse , geralmente o instinto da  conservação . Este  instinto de conservarão excita particularmente a veneração; é com efeito, comum venerar a quem  de qualquer modo,  nos ampara materialmente,  moralmente ou intelectualmente. Relação entre estas  duas tendências constitui o fundo orgânico do pendor dos  folhos  pelos pais. Também o apego e a bondade, podem como a veneração  ser estimulados  pelos pendores  egoístas .
                A Vaidade excitada desperta o Apego. A Gratidão muitas das vezes só dura  enquanto se mantém o  egoísmo satisfeito ; nas melhores naturezas , porem, apesar da retirada deste  egoísmo, mantém o afeto , entregue ao próprio delicioso exercício. A sabedoria popular costuma aferir o Mérito Moral, pela gratidão. De fato, quem não é capaz de amar nem sob o estímulo de um egoísmo satisfeito, muito menos  o fará pelo único gozo de amar.
                Sob  outros aspectos , os sentimentos pessoais, muito mais enérgicos  servem de estimulantes ao Altruísmo; como por exemplo o Instinto Reprodutor : Uma união iniciada sob sua influência,  pode acabar consolidada pelo mais desinteressado amor, o qual  continua então  a se manter  à  custa de  seus próprios encantos, vide ; “ Amar e ser Amado, de Pierre Weil ”. O Orgulho, igualmente, reage sobre as tendências Simpáticas. Conhece-se grandes estadistas  que galgaram  sempre o poder  pelo desejo de domínio, fazendo dos estímulos pessoais satisfeitos, um  instrumento para a felicidade da Pátria, como também se observa , no entanto, nem sempre isto ocorre. 
                A sabedoria humana por estas disposições de nosso encéfalo, pode transformar até as nossa fraquezas , o nosso próprio egoísmo, em fontes  de aperfeiçoamento. Como escreveu são Francisco de Sales - 1622 - no livro  a Arte de  Aproveitar-se dos Próprios  Defeitos.
                Certos instintos, como o materno, pela suas fáceis reações , principalmente influenciado pelo progresso social, confunde-se muitas vezes, com as  simpatias que despertam. O Instinto materno é muito comumente confundido com  o Altruísmo, que a ele se associa. Mas, a observação zoológica  evidencia a  natureza egoísta  deste pendor, já bem caracterizado em espécies  nas quais  ele  não se subordina à afeições  superiores. Presencia-se isto mesmo em nossa espécie,  dadas certas índoles morais. Está  na mesma condição o instinto sexual, que  sendo intrinsecamente  um pendor egoísta , pode no entanto despertar  o  Apego ou a Bondade.
                Reconhecida a multiplicidade dos instintos, a harmonia em uma natureza complexa, só pode resultar  da subordinação das tendências  espontâneas à  um  móvel impulso ;  este  motor único , pode ser egoísta ou altruísta . Apreciado através da Teoria Cerebral, a segunda modalidade  de unidade, isto é, a modalidade Altruísta, é a única compatível  com a existência real; é o único durável e completo .
                Os impulsos pessoais são múltiplos, e sendo todos mais ou menos enérgicos, geraram conflitos,  tornando-se  dolorosamente penoso o equilíbrio cerebral. Só a subordinação normal da conduta   por motivos externos,  mediante os laços que nos  unem aos outros, pode determinar  um estado duradouro  e feliz de unidade.
                Segundo Augusto Comte - Catecismo - Pag 50 - 4 edição em Português. :
                              
“ Todo aquele homem ou animal que nada amando no exterior, não vive realmente se não   para si, acha-se, só  por isso,  habitualmente condenado a uma desgraça alternativa  de  triste  fadiga,  agitação desregrada , trepidação ”.
Existem certos fatos, de  ordem  intelectual, que  também não figuram na classificação de Augusto Comte, como a memória, o juízo, etc.,  e que a velha  metafísica reputava  faculdades simples.
                É que a memória, o juízo,  a imaginação  etc., representam faculdades  compostas , em  que entram as diversas funções simples e irredutíveis da inteligência. Quem recorda um fato, uma  situação, quem imagina, ou  que  ajuíza, estabelece, incontestavelmente, uma colaboração de  faculdades simples, contemplação, indução e dedução.
Ligando-se as funções da atividade às do aparelho muscular, verifica-se que os atos do animal,  dependem de uma contração ou descontração (coragem), da permanecia desta contração ou descontração (perseverança) ou de uma retenção  a contração (prudência)
                As funções simples Abstratas do Encéfalo que acabamos de expor; Morais, Intelectuais e Práticas, concorrem todas na ação complexa da vontade, ou desejo, que é gerada  pelo Entusiasmo, com fundo Emocional; porque querer, segundo a teoria positiva, a Ação propriamente dita, cuja determinação afetiva  ou moral, já foi sancionada pela inteligência; querer, portanto, traduz, a um tempo, sentir ou desejar, pensar e agir; que pode ser resumido em uma máxima de Augusto Comte :
                                               “Agir por afeição e pensar para Agir”.
                Isto tudo que foi dito , no campo da  Teoria Cerebral de Augusto Comte, tal como ela  é expressa  em seu  Tratado de Política Positiva, Primeiro Volume.
Ao terminando esta parte, registramos as palavras do Médico Psiquiatra Positivista, brasileiro, Jefferson de Lemos:
                “Como vimos, tudo começa  no estudo  Científico da Alma Humana, as tremendas  devastações  morais e sociais  desta nossa época contemporânea , cujas consequências desastrosas  todos nós sentimos  e que tem sempre posto este assunto na ordem do dia. No entanto a dificuldade do problema só tem permitido  soluções  empíricas  e materialistas, quando se afastam das soluções provisórias, hoje  profundamente desacreditadas, instituídas pelas religiões teológicas , que guiaram os primeiros passos da Humanidade. Com o nome de psicologia, de ética ou moral,  segundo o aspecto mais teórico  ou mais prático por que se apresentam, estes  estudos pecam  por falta da necessária base  científica, única capaz de  dar-lhes a solução definitiva, segundo as exigências  de nossos dias. Confundindo-se educação com simples Instrução, em virtude da preeminência que se dá  à inteligência sobre os sentimentos; os psicólogos  e pedagogos ainda  tem  suas  vistas  voltadas  mais para a parte intelectual  de nossa natureza, como se basta-se  forma-la e desenvolve-la, para que o problema fique resolvido. Nisto ficam  muito inferiores às doutrinas  teológicas  quaisquer, que sempre se preocuparam com o cultivo do sentimento, dos quais deve decorrer a disciplina normal  da inteligência, segundo  a máxima  do grande  místico  do catolicismo, quando disse na Imitação, com toda a realidade, que os “erros do espírito provem  dos  vícios do coração” . Isto foi ainda acentuado  pelo grande moralista  Vauvenargues ao afirmar que “os grandes pensamentos vêm do coração” .
Estes apanhados empíricos, fizeram com que  Augusto Comte , mostrasse que “não pode haver pensamentos gerais sem  sentimentos  generosos” .
Não basta, pois,  para levantar a alma humana do caos em que se encontram hoje, preparar a inteligência da criança  e do jovem; não será apenas deste modo que se hão de formar cidadãos aptos à vida social. O que é preciso é firmar-lhes o sentimento, que constitui o fundamento de nossa natureza moral, exercitar-lhes sentimentos generosos, corrigir lhes os defeitos egoístas, a fim de que a sua inteligência  e as suas ações se libertem  da escravidão aos maus pendores  que constituem os nossos vícios originais ".

                 Vide  Esquema da Teoria Cerebral de Augusto Comte - Anexo I -

A seguir, com base nos órgãos que  compõem o Encéfalo, apresentamos as funções  operacionais com  suas   atribuições específicas, confirmadas  cientificamente  de forma objetiva até a data de hoje. 

(D) PARTE FISIOLÓGICA -ASPECTO DINÂMICO DAS FUNÇÕES ORGÂNICAS  -     FUNÇÕES  OPERACIONAIS FÍSICO QUÍMICAS DO ENCÉFALO - SISTEMA  LÍMBICO - PROGRAMAS E SISTEMAS DO ENCÉFALO -

(D) Parte Fisiológica - Aspecto Dinâmico      Operacional    das Funções  Orgânicas - Funções
Operacionais  Físico-Químicas . Principais Funções dos Órgãos  do Sistema Nervoso Central e Periférico já Confirmados Hoje em dia - 1997 - não contrariando as  indicações  contidas nas Obras do Filósofo Augusto Comte.

I) Sistema Nervoso Central        

1) Encéfalo

1.1 Cérebro
                                   1.1.1 Telencéfalo
                                                    1.1.1.1 - Lobo Frontal - Área Motora Principal do Cérebro - Caráter e                                                                                                                                                     Inteligência  - Centro Cortical da Palavra Falada.
                                                                                  Raciocínio -  Olfato.
                                                                                                                                             Sentimento - ligado ao Sistema Límbico e Hipotálamo                                                                                                                                                             Parte não Motora do  Lobo Frontal- Ligado ao,                                                                                                                                                     Sistema  Límbico - Raciocínio , Memória .
                   
1.1.1.2 -Lobo Temporal - Parte importante do Sistema Límbico e controle do Sistema Autônomo.
                                                                                                                                                                       Memória Recente.                                    
                                                           1.1.1.3 - Lobo Parietal - Área Septal - Prazeres                                                                                                       
                                               1.1.1.4 - Lobo Occipital - No Córtex - Ligação com  os órgãos visuais                                                                                                    1.1.1.5 - Lobo Central  -  Ínsula
                                               1.1.1.6 - Face Medial
                                                           1.1.1.6.1 - Corpo Caloso - Conecta áreas corticais dos dois Hemisférios ,                                                                                                                   exceção das do lobo Temporal.; o corpo caloso permite a                                                                                                                                         transferência  de conhecimentos  e informações  de um                                                                                                                                           hemisfério  para outro, fazendo com que eles  funcionem                                                                                                                                                harmonicamente; seção cirúrgica faz  a incapacidade  de                                                                                                                                                       descrever  objetos  colocados  na mão esquerda , embora                                                                                                                                                   os reconheça.
                                                                                                                     
                                                                                              1.1.1.6.2 - Fórnix - Órgão que faz a ligação do Hipocampo aos Corpos Mamilares -
                                                                                                                                     ligado ao Sistema Límbico.         
1.1.1.6.3 - Septo Pelúcido - Nada encontramos sobre a sua funcionabilidade
                                                                                              1.1.1.7 -Córtex - Substancia  cinzenta que se dispõe numa camada fina , na                                                                                                                       superfície do cérebro e do cerebelo; o córtex é  funcionalmente                                                                                                                                 heterogêneo: possuindo áreas  sensitivas , motoras e de  associação.
                                               1.1.1.8 - Massa Branca
                                               1.1.1.9 - Hipocampo - Estrutura do Sistema Límbico relacionada                                                                                                                                          principalmente  com a estabilização do comportamento da “Alma”.
                                               1.1.1.10 - Ventrículo -  São espaços
                                                                       1.1.2 - Diencéfalo
1.1.2.1 - Tálamo - Função de Sensibilidade - Todos os  Impulsos sensitivos ou      sensações , antes de chegar ao córtex , param em um núcleo talâmico, fazendo exceção  apenas os impulsos olfatórios ; o tálamo distribui às  áreas  especificas  do córtex; Sensações                que recebe das  vias lemniscos, integrando-os e modificando-                     os. Algumas sensações como os relacionados à  dor, temperatura e tato protopático, já são  interpretados em nível talâmico . O tálamo possui  função motora, emocional, e com a ativação  do ativadora do córtex. Mas a sensibilidade talâmica, ao contrario da  cortical não é discriminativa, e não permite  o reconhecimento da forma e do tamanho  de um objeto pelo tato Esteregnosia  
1.1.2.2 - Hipotálamo- Possui funções muito numerosa  quase todas ligadas a Homesostase , isto é,  com a manutenção do meio interno , dentro de limites compatíveis com o funcionamento adequado  dos diversos órgãos de controle do sistema nervoso autônomo ; regulador da temperatura  corporal; regulador do comportamento emocional; regulador do sono  e da vigília;  regulador da ingestão de água e de alimentos; regulador da diurese;  regulador do sistema  endócrino; regulador  e gerador   dos ritmos  circadianos.   

1.1.2.3 - Eptálamo- Possui formações  Endócrinas e não endógenas  ; a formação Endócrina  mais importante é a glândula Pineal ; as formações não endócrinas , pertencem ao Sistema Límbico; se relacionando com  o comportamento emocional e o reflexo consensual . A glândula Pineal excreta o hormônio Melatonina; as funções deste órgão são  ainda controvertidas ; inibe as gônadas ; regula os ritmos circadianos; o “relógio interno” ; regula  a atividade  imunológica.
                                              
1.1.2.4 - Subtálamo - Regula a Motricidade Somática.  Lesões do Núcleo Subtalâmico, provocam uma  síndrome  conhecida  Henibalismo; caracterizada  por  movimentos  anormais das extremidades . Estes movimentos  são muitos violentos  muitas vezes, não desaparecem nem com o sono, podendo levar o doente a exaustão.

                                               1.1.2.5 - Glândula Pineal - Vide  Eptálamo
1.1.2.6 - Glândula Hipófise - Tem ação Primordial  sobre os testículos e os ovários, produzindo certos tipos  de hormônios excruciais  à reprodução, tanto          feminino como  masculino.                                      
1.1.2.7 - Corpo Mamilar - Nada obtivemos neste momento sobre  a sua ação  funcional
1.1.2.8 -Pituitária - O controle  do crescimento  e  alguns distúrbios corporais           são causados  pelos hormônios gerados  nesta glândula
1.1.3 - Núcleos da Base e Centro  Medular - Núcleos da base do Encéfalo- influência sobre as áreas motoras do córtex  no movimento voluntário já iniciado, e pelo próprio planejamento do ato motor- a degeneração de suas células provoca a Síndrome de   Alzeimer (demência Pré Senil)  onde ocorre uma perda de memória e de raciocínio abstrato subjetivo - Área do centro do cérebro- linguagem.
1.2 - Tronco Encefálico- O Papel  do tronco Encefálico é  agir basicamente na  Expressão das Emoções.
1.2.1  Mesencéfalo- A substância cinzenta  do mesencéfalo possui papel  regulador   de certas formas  de comportamento  agressivo.
1.2.2 - Ponte- Atua nos nervos faciais -Síndroma  de  Millard-Gubler, impedindo o movimento dos olhos ; afeta também o nervo Trigêmeo
1.2.3 - Bulbo- Afeta a  metade da língua;  afeta  os músculos  da faringe e laringe; afeta a metade do corpo, Síndroma de  Wellemberg ; Provoca a perda da sensibilidade térmica;  perda da sensibilidade dolorosa da metade do corpo.
1.3 - Cerebelo - Manutenção do equilíbrio  e da postura , controle do tônus muscular,  controle  dos movimentos  voluntários  e aprendizagem motora.
                       
                               2) Medula  Espinhal -Possuem  neurônios responsáveis pelo sistema respiratório;                                                                   quando agredidos por vírus que destruam  os neurônios motores , temos a                                                                                                       poliomielite. Responsável pelo  sentido de posição e movimento;                                                                                                                                       responsável pela perda  do tato ; responsável pela perda da sensibilidade                                                                                                              vibratória.

            II) Sistema Nervoso Periférico

                              1) Nervos
1.1 Espinhais: São aqueles que fazem  conecção com a  Medula  Espinhal , e são responsáveis pela enervação do Tronco, Membros e parte da Cabeça. São em número de 31 pares, que correspondem aos 31  seguimentos  medulares  existentes.
1.2 Cranianos: São os que fazem conecção com o Encéfalo. A maioria deles se liga  ao tronco encefálico, excetuando-se  os nervos olfatórios  e  ópticos que  se ligam  respectivamente  ao Telencéfalo  e ao Diencéfalo.

2) Gânglios : Com relação a alguns nervos e raízes nervosas , existem dilatações constituídas  principalmente de corpos de  neurônios;  conhecidos como  os gânglios . Do ponto de vista funcional  existem os gânglios  Sensitivos  e os Gânglios Motores Viscerais.

3) Terminações  Nervosas : Nas extremidades das fibras nervosas, situam-se  as terminações nervosas, que do  ponto de vista  funcional  são de dois tipos : Sensitivas (Aferentes) e Motoras (Eferentes)


(D)  Parte Fisiológica – Orgânica Divisão do Sistema Nervoso  Com Base em Critérios  Funcionais

Podemos  dividir o Sistema Nervoso   em Sistema Nervoso de Vida de Relação ou Somático,  e o Sistema Nervoso da Vida Vegetativa ou  Visceral.

1) Sistema  Nervoso  Somático - É aquele que  relaciona  o Organismo com o meio ambiente, por meio de impulsos.

                                                1.1   Aferente
                                    1.2   Eferente
                       
                        2) Sistema Nervoso Visceral -  É aquele que se relaciona  com a inervação e controle                                                                                                                                                         das estruturas viscerais.
                                               2.1 Aferente
                                   2.2 Eferente  ou  Sistema  Autônomo

                                                           2.2.1 Simpático
                                            2.2.2 Parassimpático
(D) Parte Fisiológica - Aspecto Dinâmico
              Organização  Morfofuncional
                                      do

                      Sistema Nervoso


Nos mais primitivos dos seres Vivos , sempre existe a necessidade  deles se ajustarem continuamente  ao meio ambiente para sobreviver. Devido a esta necessidade, três propriedades do protoplasma são essencialmente importantes : irritabilidade, condutibilidade e contratilidade. Isto acontece  até em  Sociedade, a começar pela célula  a Família.
                        As células responsáveis por estas operações são conhecidas como neurônios, isto é, células nervosas, com prolongamentos  designados oxônios, cujas as extremidades desenvolve-se   uma formação especial   conhecida como receptor. O receptor transforma vários tipos de estímulos  físicos ou químicos, em impulsos nervosos ou sensações, que podem então serem transmitidos  ao efetuador ( músculo  ou glândulas).
                        Nos animais superiores existe  uma união de  neurônios, de diversos tipos   unidos  de formas diferentes ,para formarem  elementos nervosos avançados  e sofisticados,  cujo  grupamento  se forma o Sistema Nervoso Central.
                        Este sistema nervoso recebe impulsos nervosos ou sensações , vindos de certos tipos de células nervosas - Neurônios Aferentes, conhecidos também por  neurônios sensitivos- que através do seu Axônio , cujo o terminal  a Sinapse, que está acoplado a um outro neurônio receptor - conhecido como Neurônio Eferente, se for de um músculo- é codificado como, neurônio  motor se for de um Glândula - promovendo uma contração ou uma  secreção. Estes  Neurônios pertencem  ao Sistema Nervoso Autônomo .
                                               Estes elementos envolvidos formam o que conhecemos por Arco  Reflexo Simples
 Cabe aqui deixar registrado  que existe  um tipo de  neurônio, o de  Associação , que  promoveu  nos vertebrados  um grande numero de   Sinapse,  aumentando a complexidade do sistema nervoso  e permitindo   a realização   de padrões  de comportamento  cada vez mais elaborado.
Os  Neurônios Sensitivos ou Aferentes, cujos corpos estão nos Gânglios Sensitivos, conduzem para a medula ou para o tronco encefálico (Sistema  Nervoso Segmentar)  impulsos nervosos ou sensações que tiveram as suas origens nos receptores, situados na superfície - na pele, ou no interior  - vísceras , músculo e tendões do animal.
                Os prolongamentos centrais destes neurônios,  ligam-se  diretamente (reflexo simples)  ou por meio de  neurônios  de associação aos neurônios motores (somáticos ou viscerais), os que levam  o impulso ou sensações aos músculos  ou as glândulas, formando-se assim , arcos reflexos  mono e polis sinápticos.
                Exemplo :
                Tocamos a mão em uma chapa quente. Neste momento, é importante  que o sistema nervoso  supra segmentar  - Cérebro e  Cerebelo, seja  “informado”  do ocorrido. Assim os neurônios sensitivos ligam-se  a neurônios de associação,  situados no Sistema  Nervoso  Segmentar.  Estes  neurônios de associação levam estas  sensações ou impulsos ao cérebro , onde o mesmo é interpretado, tornando-se consciente e manifestando-se como dor. O Primeiro é a sensação de calor - a calorição, depois vem a retirada reflexa, e por fim vem a dor. A mão é retirada devido a calorição.
                As fibras que levam  ao Sistema Nervoso  supra Segmentar  as informações recebidas do Sistema Nervoso Segmentar, constituem as grandes vias ascendentes do sistema nervoso.
                As Ações Subsequentes  após a dor,  demandam  uma série de movimentos que envolverá  a execução   de um ou vários atos motores  voluntários. Neste momento, os neurônios do Córtex Cerebral enviam uma  “ordem” ou melhor   “Ordens Codificadas” , por meio das fibras descendentes, aos neurônios motores, situados no Sistema  Nervoso Segmentar,  informações  sobre o grau de contração e descontração tridimensional  e, envia por meio de vias descendentes complexas, impulsos capazes de coordenar a resposta  motora,  via cerebelo.            


(D) Parte Fisiológica - Aspecto Dinâmico          Operacional        Físico-Químico e Biológico
                              
Do

Sistema Límbico

   fase medial de cada Hemisfério Cerebral observa-se  um Anel  Cortical contínuo constituído  pelo Giro do Cíngulo, Giro Para-Hipocampal e Hipocampo.  Este Anel Cortical , contorna as formações   inter-hemisféricas e foi  considerado por Broca , como  um Lobo Independente  , o Grande Lobo Límbico( de Limbo = Contorno) . Este Lobo é Filogeneticamente muito antigo, existindo em todos os vertebrados.

                O Lobo Límbico, está  relacionado ao Hipocampo e Tálamo, unidos no circuito de Papez. Desempenham funções, como a elaboração do processo subjetivo central da Emoção, mas também   participa da  expressão  de tais emoções . O Lobo Límbico pode ser conceituado como um Sistema  Relacionado Fundamentalmente com a regulação dos processos  Emocionais  afetando o sistema nervoso autônomo.  

(D) - Parte  Fisiológica   da   Alma

                        Áreas Encefálicas Relacionadas com a Alma. 
Introdução :
            O comportamento do estado da Alma, isto é, das 18 “Funções Vetoriais do Encéfalo”, indicadas por Augusto Comte, afetado internamente, primeiramente  e primordialmente  pelo “órgão” do Sentimento (10) (3 altruístas e 7 egoístas), que gera o Estado Sentimental, que por sua vez é acompanhado, subjetivamente, por um vetor Subjetivo E , que externa a harmonia ou desordem entre os Sentimentos  Altruístas e o egoístas ; cujo o grau  de oscilação, deste vetor subjetivo E, que definimos como Emoção, isto é, o seu conjunto expressa o Estado Emocional do Ser :  complementando: é a  forma ou modo de externar os Sentimentos.

            Esta Emoção também  ocorre acompanhada simultaneamente de um componente do “órgão” da Inteligência”, a Expressão ( mímica, oral e escrita ) , cuja a intensidade e facilidade de Comunicação gerada, vai depender do nível de Pensamento, que por sua vez  depende da lucidez do conjunto das ideias, que estão armazenadas  nas Memórias.

            Isto tudo  acoplado ao Caráter ( prudência, perseverança e coragem) .

Esta parte dita subjetiva da interligação  do Sentimento, com a Inteligência  e com o Caráter  do Ser, a Medicina Moderna, codifica  de “ Conjunto Emocional Central Subjetivo”, que para os Positivistas  é  um velho conhecido, e explicado, pela Teoria da Abstração - por meio da Contemplação e da Meditação.

            E por outro lado, a Expressão (oral, escrita e mímica) gera a Comunicação , que a Medicina Moderna  codifica  como “ Conjunto Emocional Periférico, cuja a ação  recai sobre  o Soma (somático), sobre as Vísceras (visceral) e podemos dizer agora, com certeza,  sobre  a Sociedade (social) .

            Os distúrbios ou as harmonias viscerais , provocadas pelas Emoções, promovem por sua vez, outros distúrbios  ou outras harmonias, que inicialmente não constavam  do Soma,  do próprio Encéfalo e da Sociedade,  de forma patológica  ou de saúde.

            Como não havia Prêmio Nobel em 1825, Gall ( 1757 – 1828)  não foi agraciado  e somente mais tarde, quase 120 anos depois,  Hess veio a confirmar o que Gall já havia escrito nos seus  6 volumes- Sur les Fonctions du Cerveau et Sur  Celles de Chacune de ses Parties-  a respeito dentre outras coisas, de que o cérebro  era um aparelho e não  um único órgão.

            Sabemos hoje que a “Alma”  ocupa  territórios  bastante grandes  do Telencéfalo  e do Diencéfalo, nos quais  se encontram  as estruturas que integram o Sistema Límbico, a Área  Pré-Frontal , o Hipotálamo, o Tálamo e o Tronco Encefálico - que participam  da  formação e das atividades  de  nossa “Alma” -

            Existe uma teoria que admite que  o Encéfalo seja  formado de diversos Sistemas de Programas-Software, semelhante ao que ocorre com os computadores, que participam de diversos Órgãos -Hardware ; segue a ideia de alguns “programas”:

1) Viver e Escolher ;2) - Crescer , Reparar e Envelhecer;  3) Pensar; 4) Evoluir ;5) Controlar e Codificar ; 6) Repetir ; 7) Despregar, desdobrar ; 8)  Aprender , Recordar  e Esquecer ; 9) Tocar, Sentir e Lastimar ; 10) Ver ; 11) Necessitar, Nutrir e  Avaliar ; 12) Amar e Cuidar ; 13) Temer , Odiar e Lutar ; 14) Ouvir , Falar e Escrever ;15) Saber e Pensar ;16) Dormir Sonhar e  Estar Consciente ; 17) Ajudar , Ordenar e Obedecer; 18)  Desfrutar , Jogar e Criar; 19) Crer e Venerar ; 20) Concluir e Continuar etc.
            Do ponto de vista neuroquímico, os territórios encefálicos relacionados, com a “Alma”, são afetados pela alteração da concentração de alguns dos seus componentes, aqui  não eletrônicos de uma placa de CPU de computador mas, de produtos químicos, que alteram o Estado Emocional; estes produtos  ativos ou melhor, estas substâncias  ativas, onde podemos destacar os peptídeos, os opiláceos e as monoaminas, estas últimas originárias em grande parte nos neurônios do Tronco-Encefálico. A riqueza destas áreas em monoaminas, em  especial, noradrenalina, serotonina e dopamina, é muito importante, tendo em vista  que muitos medicamentos utilizados em  psiquiatria  para tratamento de distúrbios do comportamento(ação) e da afetividade(sentimento), agem modificando o teor de monoaminas encefálicas. Recentes pesquisas provam que  algumas monoaminas e o opióide endógeno beta-endorfina, exercem uma ação moduladora  sobre a memória. 
                Augusto Comte, ao escrever  o Quarto volume da  Política Positiva  ou   Tratado de Sociologia , Instituindo a Religião da Humanidade , concebeu a coordenação das Leis Naturais  formando os  domínios próprios da Filosofia Primeira, da  Filosofia Segunda ,  da Filosofia Terceira; instituindo ainda  A Moral Teórica , a  Moral  Prática e o  Quadro Geral  dos Progressos Humanos - isto é, O Estado Normal, do Sentimento, da Inteligência e das Ações  Humanas, entrelaçando, O Trabalho, A Produção, O Salário , O Capital , A Propriedade, A Religião, A Arte, A  Filosofia e A Política  .

As  15 Leis  da  Filosofia Primeira ;e as definições positivas de cada uma das 7 ciências básicas, cujo conjunto forma a Filosofia Segunda,  esclarecendo assim  seus respectivos objetivos, que são por sua vez estabelecidos em termos  de regras práticas, isto é, princípios de ação, na Filosofia Terceira ou Tecnologia. Mas primeiramente, achei por bem relembrar didaticamente e sinteticamente a Teoria da Abstração, para consolidar esta base da estrutura da Doutrina Positivista. http://www.doutrinadahumanidade.com/livros/augusto_comte_para_todos_viii.pdf

Resumidamente a Teoria da Abstração :

 Como vimos em detalhe A Abstração é a operação cerebral, pela qual separamos as Propriedades de cada Ser e,  reunindo  subjetivamente suas  propriedades às  propriedades semelhantes de outros Seres; fazemos de cada uma delas  um Ser a parte, que isoladamente estudamos. 

Propriedades são as diversas manifestações dos seres, isto é , são  os Seres em Ação , também conhecida como, atributos ,isto é ,  efeitos desses  Seres .

Aqui, o Ser ou corpo é a pessoa, o animal, a planta, a rocha, o calor, choque elétrico, etc alguma coisa que o cérebro percebe através dos seus oitos sentidos ou indiretamente a partir de sentidos correlacionados, ou ainda com apoio instrumental que correlacione o fenômeno e suas correspondentes variações de intensidade, a um ou mais dos nossos oito sentidos.

O conjunto dos Seres forma o  Mundo.

 O conjunto dos cérebros  humanos e de animais  formam a Sociedade Pensante ou Inteligente .

Tudo que é relativo ao Homem, isto é, ao sujeito que percebe  o Mundo,chama-se Subjetivo. Tudo  o que é relativo ao Mundo, e ao objeto percebido pelo Homem, chama-se Objetivo .

A operação de Abstrair  compreende   duas fases :
            1) A  PRIMEIRA  É  A  FASE  DE SEPARAR AS  DIVERSAS PROPRIEDADES DO SER
            2) A SEGUNDA  É A FASE  DE   REUNIR  E ESTUDAR  AS PROPRIEDADES    COMUNS .
Na primeira fase temos  a contemplação  e na segunda  a meditação

Exemplo :  Um copo de  Cristal - Contemplação Concreta.

             Notamos desde logo neste corpo uma existência  quantitativa, notamos  que ele  é uma unidade - um ; que é mais ou mesmos longo, largo e espesso, tem forma definida,   bem como suas dimensões são bem determinadas .Notamos, quando o largamos de nossa mão, que ele tende a mover-se, em direção à Terra, tende a cair, se o não detivermos impondo algum obstáculo; o que quer dizer  possui movimento e por conseguinte peso. Percutido  ele soa. Ao contato, ele indica  que é mais ou menos frio; ao ser visualizado, que ele reflete luminosidade, ele é mais ou menos luminoso. Atritado  com alguns outros corpos, adquire a propriedade de  atrair  os mais leves , manifesta assim o que chamamos de eletricidade estática, possui um efeito elétrico .E nos evoca  fatos  ligados a  nossos Sentimentos, manifestando assim o efeito do Amor. .

            Se tomarmos como exemplo uma barra de ferro, concluímos que as mesmas observações  se repetem .

Passando-se dos corpos inanimados  aos Seres Vivos, notamos que ainda se reproduzem  fatos análogos, e mais profundamente o sentimento de Amor é aguçado.

            Quando estamos contemplando uma Rosa e um  Beija - Flor, eles   revelam  aos nossos sentidos, um atributo  de amor, um atributo numérico e um atributo imensional; demonstrando poder mudar, em parte ou totalmente seus atributos, intenções  amorosas, e as suas posições no espaço, vindo a evocar maior ou menor, êxtase amoroso ; maior ou menor liberação de calor, maiores ou menores movimentos; o odor que possuem é mais ou menos ativo; refletem luz; manifestam energia eletrostática e bioquímica e além disto tudo, expressam uma qualidade nova, a Vida .

Em geral todos os seres , em maior ou menor grau, mostram parcial ou integralmente  estas qualidades ou atributos que acabamos de enumerar; o número, a dimensão, o movimento, o peso, o calor, a luz, o som , a eletricidade, a Vida, o Amor são atributos  reunidos em cada Ser , que o fazem conhecido . Sem eles não há  Seres Reais .

Vimos também que os atributos isolados  são  Seres Fictícios .

       São um conjunto de Propriedades que chegam aos nossos órgãos sensitivos, com os quais compomos nosso quadro do Universo Sensível, de acordo com nossas necessidades  afetivas , intelectuais e práticas .

Os  fenômenos de magnetismo e de radioatividade, por exemplo, não fazem  parte diretamente do nosso  Mundo  Sensível, sendo percebidos indiretamente.

Terminada a parte inicial da Abstração, fase esta em que se separam os efeitos diferentes  revelados por cada  Ser, começa  a Segunda Fase , em que  se combinam  as propriedades semelhantes  dos diversos Seres .
            Nesta  segunda fase os encéfalos dos animais e dos seres Humanos comparam as variações da mesma propriedade isto é,  fenômeno, ou  propriedades diversas, buscando as relações constantes que existem entre estes fenômenos (ou propriedades). ( Operação  Cerebral de Meditação) .

            Assim, tomando os fenômenos de forma ou de dimensão , temos:

A circunferência  e o diâmetro de um círculo ; comparando entre si  estas duas propriedades (ou fenômenos), encontrou  o gênio de Arquimedes .

            O perímetro do círculo  é maior que  3 vezes, e menor que 4 vezes seu respectivo diâmetro;  ou igual ao número  incomensurável,  conhecido como PI = 3,141592653589793298462643............ .

            Procedendo analogamente com outros fenômenos, novas e semelhantes relações se  descobrem:  mas nem todas estas relações podem ter  a mesma precisão :

            Por exemplo, Bichat  descobriu que na vida animal  toda função intermitente ( descontínua)  tende a tornar-se habitual ; isto é , uma relação entre fenômenos (ou propriedades) vitais, tão certa como a relação encontrada por Arquimedes entre a circunferência e o diâmetro; mas a relação reconhecida por Bichat é incomparavelmente  menos precisa que a anterior; pois  na lei de Bichat não se pode determinar o coeficiente  numérico  fixo( espaço) e constante(tempo) que  interliga a frequência intermitente  à  habitualidade contínua, que  definiria  o tempo preciso , para que  um destes fenômeno se transformasse no outro. Mas em ambos os casos, (de Arquimedes e de Bichat)  ocorreu a descoberta  de uma relação invariável entre propriedades (ou fenômenos):

            O perímetro do Círculo e o seu diâmetro, na relação de Arquimedes ;

            A  Intermitência e o Hábito( costume) , na relação de Bichat .

Estas relações denominam-se  Leis Naturais ; são relações  constantes entre  fenômenos (ou propriedades, ou atributos) variáveis, ou o modo regular de variação de um fenômeno (ou propriedade) por meio de outro. .
O conjunto das leis dos atributos constitui o que se chama  a teoria destes atributos. Temos assim:
                                   a) Teoria do Número                          
                                   b) Teoria das Dimensões
                                   c) Teoria do Movimento
                                   d) Teoria do Peso
                                   e) Teoria  do Calor
                                   f) Teoria  da Luz
                                   g) Teoria da  Som
                                   h) Teoria da Eletricidade
                                   i) Teoria do Magnetismo
                                   j) Teoria da Radioatividade                                                 
                                   k ) Teoria  do  Olfato ou Odor
                                   l) Teoria do Paladar              
                                   m) Teoria do Tato     
                                   n) Teoria da Composição e da Decomposição Química
                                   o) Teoria da Vida Biológica- Biologia
                                   p) Teoria da Vida  Social - Sociologia                                  
                                   k)  Teoria do Amor
                                   r) Teoria da Inteligência
                                   s)  Teoria da Ação - Caráter
                                   t)  Teoria do Sono - Hipnose

            Neste momento,  estão em estudo  à procura   de fenômenos   ligados ao encéfalo, com intuito  de esclarecer certos fatos ditos mágicos , às vezes muito explorados por charlatões ,  uma possível  ligação direta   de um encéfalo com o exterior  ou com outro Encéfalo- Telepatia - Telecinésia - e outras, mas por enquanto, nada comprovado. Por isto nada ainda  de Positivo.

            O conjunto das Teorias forma a Ciência; assim,  toda a ciência é  essencialmente  Abstrata; de modo que sem o conhecimento da Teoria da Abstração, jamais se poderá instituir regularmente o ensino Científico. 

Filosofia :
            A definição geral de filosofia ,é aquela cujo enunciado é  capaz  de envolver   a totalidade  dos diversos sistemas, isto é ,das diversas formas de  pensamento existentes, do passado e do  futuro e do presente , esclarecendo-as. Esta definição não poderia pois, se caracterizar por nenhuma  particularidade  de qualquer  corrente  de pensamento ; ao contrário,  seu enunciado deve poder   encerrar  o que há de verdadeiramente comum  à todas elas .

                 Exemplo  : São Tomás de Aquino , procurou  uma definição geral de Filosofia , mas falhou        nesta  tarefa , por falta de princípio de  generalização e de relativismo :  Dizia que Filosofia era      o ramo do conhecimento que tinha por finalidade o estudo das causas primeiras  e finais  dos   acontecimentos .

                                Ora,  nem todo o sistema filosófico , propõem-se  a investigação deste tipo de conhecimento ; logo esta não pode ser a definição  geral  de Filosofia.

Era como definia Aristóteles e nós Positivistas comungamos.

Filosofia é  o “conjunto de concepções  Gerais  sobre o Mundo e sobre o Homem”,  interligados e entrelaçados.   
            
Filosofia Primeira ou Fatalidade Suprema
Ela consiste no conjunto de   15 leis Naturais verificáveis e  aplicáveis sob diversas formas à matemática, à astronomia, à física, à química, à biologia, à Sociologia Positiva e à Moral Positiva . A Filosofia Primeira  trata de leis  mediante as quais, as Leis das Diversas Ciências são estabelecidas ; daí dizer-se que a  Filosofia Primeira é o  Núcleo  gerador das 7 Ciências. Estes quinze princípios gerais são ainda  intuídos  em diversos fenômenos Particulares de cada Ciência, constituindo este, aliás, um outro aspecto da  Universalidade destes quinze princípios.
Filosofia Segunda
            Corresponde ao conjunto das  Leis Particulares de  cada uma das 7 ciências - Matemática ,Astronomia, Física, Química, Biologia, Sociologia e Moral , acima         enumeradas e das demais  Ciências de “Interface” - Bioquímica ; Biofísica ;          Físico-  química; etc
Filosofia Terceira      
                        Corresponde às regras práticas que decorrem da aplicação das Leis das Filosofias Primeira e Segunda, ao domínio concreto, isto é, dos Seres: A  Tecnologia
               
            É bom lembrar, neste momento, que a Doutrina Positivista adota como científicas somente as Concepções  Positivas, isto é, as que possuem estes  sete seguintes atributos, simultaneamente:

· Realidade - é o oposto, àquilo que está em contradição aberta com o conjunto dos fatos observados sobre o Mundo Objetivo e Subjetivo.                                                                    

· Utilidade - é aquilo que encontra aplicação para o aperfeiçoamento Geral da Ordem Universal.

· Certeza - é a capacidade de segurança que oferecem as nossas concepções quanto à sua realização futura.

· Precisão - refere-se a determinação justa das coordenadas - espaços /temporais - dos acontecimentos futuros.

· Organicidade - sinônimo de concatenação, coerência consigo mesmo e com o conjunto das demais concepções que formam a totalidade do Sistema Harmonioso.

· Relatividade -  Relativo significa relacionado a, ou relacionado com; tal palavra designa oposição ao Absoluto, ou seja, àquilo que supostamente independeria de quaisquer relações Objetivas e Subjetivas.
· Principalmente Simpatia-  é o Altruísmo ou a Sociabilidade.

Após a compreensão da  base da Doutrina Positivista , no que tange a Teoria da Abstração vamos indicar aos interessados,  conceber  o que realmente trata a Filosofia Primeira, isto é, a Fatalidade Suprema, como parte do Dogma da Doutrina Positivista. VIDE O LIVRO “AUGUSTO COMTE PARA TODOS” QUE TRATA DESTE ASSUNTO POR ARGUMENTOS CIENTÍFICOS. http://www.doutrinadahumanidade.com/livros/augusto_comte_para_todos_viii.pdf

Paulo Augusto Lacaz  e Hernany Gomes da Costa

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